A estreia do Paysandu na semifinal do Parazão 2020 não saiu da maneira que o técnico Hélio dos Anjos esperava. A derrota – 3 a 2 – frente ao Paragominas não só deixou o Papão em desvantagem para o jogo de volta, na próxima quarta-feira, na Curuzu, como colocou o treinador em situação delicada.
Um novo tropeço do Papão eliminará a equipe da competição e, caso o resultado do jogo de ontem, contra o Vila Nova-GO, pela Série C, em Goiânia, também não tenha sido satisfatório, as vozes descontentes com o treinador podem se amplificar aos limites do insustentável.
Dos Anjos terá uma semana decisiva para quebrar a sequência de resultados desastrosos em fases de mata-mata dirigindo o Paysandu. No ano passado, em duas competições oficiais – Copa Verde e Série C do Brasileiro -, o técnico não logrou êxito, deixando escapar o título do torneio interestadual para o Cuiabá-MT ao ver seu time cair por 1 a 0, no tempo normal, e 5 a 4, nas cobranças de tiros livres da marca do pênalti. No Brasileiro, a eliminação veio com a derrota diante do Náutico-PE, nos pênaltis, por 5 a 3, após os empates do jogo de ida, em Belém, por 0 a 0, e de volta, em Recife, por 2 a 2.
O retrospecto do treinador, abstraídas as fases decisivas das competições, não deixa de ser positivo em pouco mais de um ano à frente da equipe listrada. Em 37 partidas, ele obteve 15 vitórias, 19 empates e sofreu apenas 3 derrotas. Mas como no futebol o que importa mesmo é o resultado final, uma eventual saída do Papão do Estadual certamente macularia todo o longo trabalho feito pelo treinador.
Para alcançar o resultado final positivo e, desta maneira, afastar a pecha de treinador perdedor em eliminatórias, Dos Anjos precisa retomar o caminho das vitórias não apenas no confronto de volta, contra o Jacaré, mas, também, na fase seguinte do campeonato, quando será conhecido o campeão estadual de 2020.
E MAIS…
l Ídolo da torcida do Paysandu, pelo qual conquistou diversos títulos no futebol, numa época áurea do clube, o meio-campista Beto acredita que é apenas mais uma das muitas vozes a contestar a nova postura tática adotada pelo time bicolor na sequência do Parazão 2020, após o retorno da competição, paralisada em razão da Covid-19. “Essa não é uma opinião minha, é a opinião da maioria. A opinião de quase todo mundo”, diz o ex-jogador.
l Na nova estruturação tática do grupo, a zaga joga adiantada, em linha avançada, como também se diz, deixando o grupo vulnerável, sobretudo quando enfrenta adversário de velocidade, como é o caso do Paragominas. O fato de ter zagueiros pesados, sobretudo Micael e Wésley, faz com que a defesa bicolor fique sempre em desvantagem no chamado “mano a mano”. Os números, acusam os críticos, comprovam a ineficiência do esquema utilizado pelo treinador. Em três partidas o Papão levou quatro gols após o reinício do futebol, quando antes, em oito partidas havia sofrido seis. Números que não podem, em hipótese alguma, serem contestados.
l Beto ressalta que é evidente que o jogador de velocidade, em esquemas desse tipo, acaba sempre levando vantagem. “O atleta, pelo posicionamento que adota o adversário, é sempre o beneficiado”, acusa. Mas, de acordo com o ex-atleta, a esquematização tática adotada por Hélio dos Anjos não é nenhuma invencionice do treinador. “Essa parece ser uma tendência do futebol brasileiro e mundial”, confia.
CALMA LÁ!
Reflexões, sim.
Fim do mundo, não!
Já em Goiânia, onde o Paysandu tinha jogo contra o Vila Nova-GO ontem, o técnico Hélio dos Anjos refutou a ideia de que a derrota diante do Paragominas tenha colocado em evidência qualquer fragilidade do time. O treinador bicolor ressaltou que um resultado negativo no futebol “não pode ser o fim do mundo.”
Ele ressaltou que o insucesso do Papão no jogo de ida da semifinal não diminui em nada o trabalho que ele vem desenvolvendo na Curuzu desde junho de 2019. “No futebol se está sempre em função de três resultados. O nosso trabalho, os jogadores, não são os piores do mundo por causa daquela derrota”, declarou Dos Anjos.
O resultado negativo, segundo ele, serviu como ponto de meditação. “O que o resultado nos trouxe foram reflexões. Não me sinto o pior e nem o meu grupo se sente o pior do que em qualquer outra situação na qual estivemos bem”, afirmou.
O treinador salientou a mudança repentina de avaliação. “É sempre assim: uma semana no jogo com o Itupiranga, o grupo era orgulho, o trabalho era sensacional. Você perde para o Paragominas e o grupo é fraco, o trabalho não existe, então estou muito tranquilo com isso”, comparou.