A quebra do jejum de quatro jogos sem vitória do Clube do Remo, com uma boa atuação em campo, na última quarta-feira, na vitória diante do Independente, mesmo com todo furor, foi apenas o segundo assunto mais comentando pelos lados azulinos, no decorrer do dia de ontem. Isso porque a chegada do novo comandante da equipe, Givanildo Oliveira, foi o centro das atenções de grande parte da torcida, além da crônica esportiva.
Givanildo foi apresentado ao longo da tarde no estádio Baenão e, com o seu jeito autêntico de ser, explicou os motivos que o levaram a fechar com o Leão. De acordo com o treinador, essa será uma das caminhadas mais prazerosas de sua carreira e, diferentemente de suas últimas duas passagens pela agremiação, almeja sair com o braço erguido, em comemoração, ao final das competições.
Em sua quinta passagem pelo clube, Givanildo terá a missão de levar o time à conquista do Estadual, que conta com apenas três rodadas para o fim da fase de grupos. Embora saiba que o tempo é estreito, o próprio enfatizou a importância da continuidade nos trabalhos para o sucesso posterior no Nacional.
“Entenda o que vou dizer: o Estadual é importante, como é um torneio. O que interessa é você ganhar, ser campeão, e primeiro vem o Estadual, não a Série C. Tudo depende de resultados. Fui campeão com o Ceará do Estadual, deu dois três jogos no Nacional e fui mandado embora. Espero que possa ter aqui o ano para trabalhar”, disse Givanildo.
Além da longevidade, no entanto, o treinador foi categórico ao dizer a razão de ter escolhido o Leão, já que possui mercado em divisões superiores. “É a motivação de voltar a trabalhar, motivação de pegar um time grande, como é o Remo, o momento. Tudo isso fez com que eu voltasse. Fui campeão em 1993, e campeão duas vezes, uma que não acabou, porque caiu o muro lá (na Curuzu), e outro que nos mandaram pro Mangueirão e ganhamos de novo lá. Estou preparado para subir com o Remo. Eu me sinto tão bem preparado que se não, não teria vindo, teria ficado em casa”, pontuou.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista do técnico:
NEGOCIAÇÃO
“O convite foi rápido, inclusive, foi muito rápido, de um dia para o outro. Acho que durou dois dias de conversas. Mas eu quero confessar uma coisa pra vocês: é o Remo. Eu vim porque quis, ninguém me trouxe forçado. Eu vou trabalhar onde eu quero. Mas existe uma coisa dentro de mim que é gostar do futebol. Se eu disser que não faço pelo dinheiro estaria mentindo. Apareceu a oportunidade de vir trabalhar no Remo, e eu pensei, repensei, e, sabe de uma coisa? Eu vou é ir me embora trabalhar de novo”.
DIFICULDADES
“Se o treinador de futebol não quiser enfrentar dificuldades ele fica em casa, e eu não quero ficar em casa. Então vou ter que enfrentar dificuldades. Mas isso é tão corriqueiro no futebol que vemos em todo o canto, e eu que sou treinador sinto na pele. Mas isso faz parte, mesmo que em certos cantos exista um exagero, e como existe. É preciso boa vontade e pulso firme para controlar tudo e passar por cima”.
CONTRATAÇÕES
“Tem um jogo domingo, acabou o jogo e falo que preciso de quatro jogadores para uma posição. Aí vai ver o mercado como é que está. Por exemplo, vou precisar de um zagueiro e dou três nomes, certo? Daí vai o primeiro, já foi o segundo (nenhuma negociação dá certo). Aí vem uma complicação. Aí nós vamos procurar fazer o que é melhor. Mas é para trazer não pra passar tempo, trazer por trazer não adianta. Tem que trazer jogadores que posso encaixar e que podem ajudar dentro do grupo”.
EDUARDO RAMOS
“Rapaz, deixa eu te dizer. Eu ainda acompanhei algumas situações dele aqui. Um grande jogador, certo? Agora nessa parte aí, para ser sincero, eu não queria ele aqui, hoje, no Remo. Pelo que eu tenho acompanhado dele, na verdade, eu não queria”.
EXPERIÊNCIA
“Que me desculpem os outros treinadores, com muito respeito, mas tem muitos aí, que falam que foram fazer um curso não sei onde… Eu nunca vi um curso de dois dias. Que curso é esse? Agora há pouco ligaram pra mim e tão pra mandar um documento que eu tenho direito, até pelo tempo que tenho como treinador. Então eu já tenho curso, já tenho diploma, já tenho tudo. Tenho uma experiência e títulos muito importantes. Não preciso desse negócio de curso, porque sei como fazer o futebol”.
O REMO HOJE
“Não posso comentar muito, até porque não assisti ao último jogo. Mas conheço gente que assistiu e que foi ao estádio. Mas da mesma forma que me estudaram eu também procurei informações da equipe. Sei que o time está se planejando para subir de série, que é o grande desejo do torcedor. De resto, vou procurar me antenar com quem está por aqui”.
OBJETIVOS
“Quero dizer para a torcida que vamos ser campeões e que vamos subir de série. Esse é o objetivo do clube e meu quando aceitei. Só espero que me deem o tempo necessário para trabalhar”.
Treinador era a 1ª opção da diretoria
(Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)
A experiência no futebol nacional e regional de Givanildo Oliveira, novo técnico do Clube do Remo, foi o fator determinante para sua contratação.
de acordo com os responsáveis pelo futebol da equipe, sua extensa rodagem, sobretudo pelo conhecimento do futebol paraense, foi o que motivou o departamento a investir todas as fichas no profissional. Conforme o presidente Manoel Ribeiro, a confiança na competência do Velho Giva foi o que pesou na balança.
“Já trabalhou no Remo e em outros clubes daqui e sempre tivemos confiança no trabalho dele. E foi decidido que se pudéssemos, seria ele. Não queríamos nenhuma aventura. E pra não ter aventura teria que trazer um homem com a experiência, e o vergalhão de ter sido campeão paraense”, frisou.
De maneira mais detalhada, o diretor de futebol Miléo Júnior explicou a escolha pelo comandante. “Ele possui uma carreira vencedora, é ícone para os que amam futebol, e tenho certeza que vai contribuir demais para o projeto do clube, que é a Série C. A escolha pelo Givanildo sempre foi a nossa primeira opção, por ser extremamente vitorioso. Ele está ciente de todas as dificuldades, e o mais importante é o trabalho. E vamos colocar o futebol no trilho e partir pra cima desse Paraense e dessa Série C”, destacou o dirigente.
(Matheus Miranda/Diário do Pará)