A base, enfim, prestigiada

Foi preciso voltar ao Evandro Almeida um técnico com profunda afinidade com revelações da base para que a garotada remista tivesse tanta oportunidade de uma vez só no time titular, de forma planejada e responsável. Paulo Bonamigo escalou Hélio Borges como titular contra o Manaus-AM e, no segundo tempo, apostou em Warley para a lateral-direita e Wallace para o comando do ataque.

O resultado positivo avaliza as escolhas do treinador. Não que haja dúvida quanto à qualidade dos atletas formados nas divisões amadoras do Remo. Além do trio que entrou e ajudou o Remo a vencer o time amazonense, o elenco vem sendo abastecido por peças que se destacaram no sub-20.

Ronald teve fulgurante passagem pelo time antes da pandemia, ainda sob o comando de Mazola Junior. Estranhamente, depois de duas grandes atuações contra o Carajás e o PSC, ele parece ter saído dos planos do técnico. Tanto que só voltaria a ser escalado, meio na base do desespero, no confronto contra o Treze-PB, em Campina Grande, pela Série C.

Na iminência de perder a partida, correndo risco de demissão, Mazola botou Ronald e Hélio de uma só tacada, a 15 minutos do fim. O jovem ala esquerdo acabou sofrendo contusão grave, após ser atingido por um zagueiro paraibano. Ficará fora de combate até novembro.

A diferença é que Bonamigo lançou mão do talento dos jovens da casa por confiança, não por falta de opções. Hélio entrou no lugar de Gustavo Ermel, que vinha como titular. Wallace substituiu o principal jogador do time, Eduardo Ramos, que mostrava sinais de cansaço.


Parece pouco, mas é a primeira vez que um técnico rompe o limite das promessas protocolares da chegada ao clube e põe em prática as observações dos treinos. Para o jogo de sábado, contra o PSC, é provável que o ataque tenha dois jogadores que estão no clube desde a infância, casos de Wallace e Hélio.

Caso ainda estivesse à disposição do grupo profissional, o meia David Lima seria certamente melhor aproveitado por Bonamigo. Ignorado por Márcio Fernandes, Eudes Pedro e Rafael Jaques, acabou cedido para um clube interiorano que vai disputar a Segundinha. O meia Rafael, outra joia da base, pede passagem há muito tempo. Tiago, também meio-campista, é outro em condições de ser aproveitado.

No elenco, Bonamigo já conta com Warley, Hélio, Wallace, Ronald, Lailson, Pingo e Kevem, repatriado após breve passagem pelo futebol português. São atletas forjados dentro do Baenão, identificados com o clube, com o perfil que o treinador aprecia. Fica evidente que, após muito tempo, a prata da casa terá as chances tanto cobradas. Bom para os jovens boleiros, melhor para o Remo.

Instagram: Leão lidera engajamento entre clubes de 3ª divisão

Um site espanhol divulgou ontem que o Remo alcançou, em agosto, o primeiro lugar entre todos os clubes de terceira divisão no mundo em engajamento de torcida no Instagram. Os dados foram publicados em forma de ranking pelo “Deportes y Finanzas”, que é dirigido por economistas.

O Remo possui 233 mil seguidores no Instagram, contra 278 mil do Santa Cruz-PE e 284 mil do Paysandu, segundo e terceiro colocados, respectivamente, mas tem o dobro de engajamento dos rivais na rede. O Leão teve 1,320 milhão de engajamento contra 573 mil do Santa e 565 mil do Papão.

Na visão de analistas, o engajamento nas redes sociais adquire importância cada vez maior na área esportiva, principalmente quando se tornam fontes de patrocínio e renda. Marcas importantes do mundo do futebol competem por acessos, visualizações e likes por conhecer a força que isso representa.

Os clubes nortistas, em geral, não dão a devida importância a esse tipo de mercado, em flagrante expansão e capaz de mobilizar milhões de pessoas. Talvez o sucesso do Remo, com a surpreendente marca estabelecida em agosto, entenda que pode lucrar em cima da paixão e do interesse dos torcedores pelo clube.

Um reserva de luxo começa a abrir espaço no Papão

O zagueiro Wesley Matos, que foi contratado por ter o perfil de xerife e pela capacidade de marcar muitos gols, é um dos principais anotadores do Papão na temporada. Costuma marcar em jogos importantes, principalmente pelo bom posicionamento na área adversária em jogadas de bola parada.

Contra o Botafogo-PB, sábado passado, salvou o PSC de uma derrota quase certa. Subiu mais que todos os zagueiros e meteu a cabeça na bola para empatar um jogo complicado pela expulsão de Micael minutos antes. Aliás, Wesley entrou justamente para recompor a defesa após a exclusão do colega.

De boa impulsão, é um atleta que frequentemente aparece na área, reforçando o poderio ofensivo do time. Marca também em jogadas pelo chão, como no gol contra o Paragominas na segunda partida da semifinal do Parazão.

Provável titular no clássico de sábado, Wesley começa a ser sugerido para virar atacante, tamanha a facilidade para colocar a bola nas redes. Por ora, segue na zaga, cada vez mais perto da titularidade.

Um tribunal a serviço do retrocesso e da censura

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva, de trajetória muito questionada ao longo dos anos, resolveu ontem extemporaneamente reabrir a polêmcia gerada pelo “Fora Bolsonaro” proferido pela jogadora de vôlei Carol Solberg. Como as normas desportivas e olímpicas não permitem qualquer tipo de punição para manifestações políticas fora de jogo, o STJD resolveu se manifestar, aparentemente apenas para se mostrar submisso e solidário aos homens no poder.

Estranho é que, durante a campanha eleitoral em 2018, atletas das mais diversas modalidades se manifestaram aberta e até ruidosamente em favor do candidato que depois se elegeria presidente. Em nenhum momento, o STJD tirou de seus cuidados para advertir alguém, como faz agora com a indômita Carol. Tempos sombrios.

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