Chance de ouro para o Leão

A estratégia, esboçada em declarações do presidente Fábio Bentes e do técnico Mazola Junior, é amparada nos números: os quatro jogos seguidos que o Remo vai cumprir em Belém a partir de domingo (20) representam preciosa oportunidade de encaminhar a classificação à próxima fase do Brasileiro da Série C.

Com nove pontos ganhos na classificação do grupo A, o Remo disputará 12 pontos contra Botafogo-PB, Manaus, PSC e Jacuipense. É legítimo esperar que o time consiga ganhar pelo menos 10 pontos – três vitórias contra os visitantes e um empate no Re-Pa marcado para 3 de outubro.

O Remo, que venceu (Ferrovário) e empatou (Vila Nova) no estádio Jornalista Edgar Proença, não pode, porém, hesitar nos próximos compromissos. Para que a premissa se confirme vitoriosa, terá que superar os visitantes e ter uma postura mais competitiva diante do maior rival.

Caso conquiste 10 pontos, o time alcançará 19 pontos e iniciará a virada da fase de classificação em posição privilegiada, podendo resolver sua situação nos quatro jogos que terá em casa no chamado “returno” desta etapa. Os cálculos mais conservadores indicam que é possível classificar com até 27 ou 28 pontos, mas 30 pontos é a contagem mais segura.

Para se estruturar e entrar em condições de acumular a pontuação necessária, a diretoria e a comissão técnica do Remo sabem que o elenco precisa ser reformulado. As mudanças já começaram. Zé Carlos, Xaves, Neguete e Douglas Packer foram liberados nos últimos dias.


Ontem, o clube anunciou duas contratações para o meio-campo: Dioguinho, jovem revelado pelo Castanhal, com boa performance no Parazão; e Gustavo Hebling, que atuou fora do Brasil. Ambos são bem recomendados, mas o importante é que consigam encaixar no sistema de jogo adotado por Mazola.

Packer, por exemplo, muito criticado pelas atuações recentes, tem um estilo que jamais poderia dar certo num time que joga com duas linhas de quatro. Não é pivô e sempre jogou como meia-armador clássico, distribuindo passes e lançamentos.

Outras novidades devem surgir ainda hoje. Há especulação sobre Salatiel, centroavante que defendia o Náutico, e tem bom histórico no futebol nordestino – antes, atuou pelo Sampaio Corrêa. Mais do que nomes, o Remo vai precisar de um esquema que seja competitivo e regular.

A instabilidade do time, revelada nas últimas partidas, é o maior obstáculo à pretensão de avançar à próxima fase da Série C. Nesse sentido, fazer valer o mando é missão obrigatória.

Clube dos milionários da bola inclui até bola murcha e chinelinho

A dança de cabeças no futebol brasileiro não arrefeceu nem durante a pandemia. Thiago Neves, meia que saiu em desgraça do Cruzeiro, passou um chuvisco no Grêmio, agora está de malas prontas para desembarcar no Recife, onde irá defender o Sport.

Thiago pertence ao exclusivo – e pouco compreensível – clube dos jogadores que faturam mais de R$ 500 mil mensais. Não sei como chegou a esse patamar, tendo em vista a bola murcha que apresenta há mais de três temporadas e a fama justificada de desagregador.

Como o Brasil é o paraíso do “chinelinho” e de técnicos milionários que nada sabem, a fortuna que Thiago fatura mensalmente é algo que é visto quase como natural, embora não seja. O noticiário sobre sua contratação pelo Sport revela, sem que ninguém questione, que ele aceitou reduzir sua pedida mensal de R$ 600 mil para R$ 400 mil.

Definitivamente, como dizia mestre Tom Jobim, o Brasil não é para amadores.

Salve-se quem puder: CBF prepara a volta das torcidas

O senso comum indica que não há a menor condição de reabrir estádios para a presença de torcidas. Quando quase todo mundo já percebeu, até mesmo os cloroquiners de crachá e os negacionistas contumazes, que a covid-19 não poupa ninguém. Os números expostos nos boletins diários revelam que a pandemia está longe ainda de ser controlada no Brasil.

Ainda assim, a CBF resolveu enviar para o governo federal um estudo propondo o retorno de público aos estádios. O general que ocupa – não sei como – o Ministério da Saúde recebeu o documento. Na mesma direção, a avalhacada Federação do Rio de Janeiro move céus e terra para convencer prefeito e governador a liberar geral.

Tudo pelo faturamento e nenhuma preocupação com a vida. A Ferj, comandada por um bufão típico dos tempos da velha cartolagem, já havia tentado reabrir as bilheterias no Cariocão, apelidado justificadamente de Covidão. Não colou porque a reação foi contundente e o cartola que comanda a banda preferiu recolher as armas.

Agora, com endosso da CBF e de clubes (Flamengo e Vasco à frente), volta com a funesta ideia. Por enquanto, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre a proposta bizarra, mas já se sabe que o documento prevê o retorno de 30% da capacidade de público e apenas a presença de público mandante.

Para o país que aceita, por pressão de empresários do setor, a volta temerária de aulas nas escolas privadas, não surpreende que a CBF se sinta à vontade para oferecer ao presidente da República a senha para promover a abertura generalizada, como sempre foi sua vontade.

Como diria o Comendador Raymundo Mário Sobral, valha-nos quem?    

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