Após a grande festa que recebeu do Fluminense, coroada com uma vitória sobre o Ceará, por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, Fred relembrou em entrevista ao UOL, os grandes momentos, tristezas, alegrias e o grave problema de saúde que o forçou a encerrar a carreira precocemente.

O atacante admitiu que durante a carreira, teve sintomas de depressão e problemas na visão e que a diplopia [problema na vista] estava atrapalhando seu desempenho em campo.

“Em 2017, eu jogava pelo Atlético-MG e comecei a me sentir tonto. Eu estava numa fase muito boa e o Rodrigo Lasmar [médico do Galo] me afastou para fazer exames para saber se era lesão no cérebro. Eu enxergava duas bolas, tropeçava… Mas foi descartada a lesão. Depois, fiz exame no ouvido e repararam que eu tinha labirintite. Aí voltei para o Fluminense em 2020 e meu pescoço ficava girando, tudo dobrando. Na minha reestreia, a bola sobrou na pequena área, veio paradinha, eu ia fazer de bicicleta e furei a bola. E aí falei para o doutor que não estava enxergando direito”, disse o camisa 9 da Seleção Brasileira. 

Fred, então, relembrou que chamou um médico até sua casa e constatou que o problema era realmente na vista.


“Naquele ano, o grau da lesão era oito. Aí operei e fiquei bem. Joguei Libertadores, Brasileiro e tudo mais. Agora voltou e está em grau três. A doutora, então, perguntou minha programação. Ela disse que para a vida normal se vive bem, mas o problema é atuar em alto rendimento, com movimentos bruscos, contato físico… Aí optei por não operar”, declarou. 

Fred, então, relembrou o momento em que comunicou ao técnico Fernando Diniz e à diretoria do Fluminense que havia decidido se aposentar. “Ele fez de tudo para eu permanecer, e eu meio que segurando de falar, e aí reuni todo mundo e abri o jogo, falei com ele, com o médico e falei que iria parar. Me afastei por 25 dias, pois precisava de repouso absoluto. E aí eu realmente optei por parar. Eu estava muito mal, minha esposa já tinha falado que eu tinha que me despedir da torcida e eu bati o pé, queria fazer uma entrevista só para anunciar que tinha parado. E aí, nesse dia, falaram que eu não podia. 

O Diniz me convenceu, o Mário [Bittencourt, presidente do Flu], e foi isso, virou isso [o evento de despedida]. Consegui fazer ainda um gol [diante do Corinthians] enxergando duas bolas [risos]. Deus foi tão bom comigo…”, disse Fred, relembrando que teve receio da torcida pegar no pé de Diniz caso não o colocasse em campo: “Fiquei com medo da torcida pegar no pé dele por não me colocar, mas graças a Deus valeu muito a pena, já agradeci a eles. Pude viver o dia mais emocionante, como atleta, da minha vida”.

Fred disse ainda que começou a sentir sintomas de depressão após ser rebaixado com o Cruzeiro em 2019, e que tentou esconder a doença dos familiares.

“Às vezes fui injusto com minha esposa e família. Sou mais preparado para tomar as pancadas. Tento poupá-los, principalmente minha esposa. Ela cuida dos meus filhos praticamente sozinha de forma maravilhosa. Tento só dar uma paz para ela. O processo que eu estava muito mal foi uma conversa mais de homem, eu e o Chico [Jefferson Souza, primo e preparador físico], que está comigo desde o Lyon. Somos primos, morei na casa dele por cinco anos”, iniciou, complementando:

“Eu estava querendo sumir do futebol depois do rebaixamento. Fui para roça, e eu falei para a Paula [esposa] que estava indo mais para descansar por causa da pandemia, eu tentei poupá-la. Mas essa quase depressão é passageira, eu olho para trás e vejo de onde saí, não tenho nem espaço para lamentar e chorar. São poucos dias de luto e depois amarra a chuteira e vai de novo”.

Fred ainda não definiu o que fará após pendurar as chuteiras. Ele já possui um curso de gestão de futebol e iniciará o de treinador em agosto. Pelo lado do Fluminense já há um convite informal do presidente do clube, Mário Bittencourt, para que o ídolo trabalhe em alguma função no departamento de futebol. Por agora, o ex-jogador quer viajar e curtir a família. 

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