Poderia ter sido pior, mas o gol anotado pelo volante Renato Augusto, na reta final da partida, garantiu ao Paysandu o empate, por 1 a 1, diante do Coritiba-PR, no último domingo, na Curuzu, pela 33ª rodada da Série B do Brasileiro. O resultado acabou não sendo um bom negócio para ninguém. Contudo, o prejuízo maior, sem dúvida, foi do Papão, que voltou a desperdiçar pontos em casa.
Foi mais um resultado ruim do Papão jogando diante de sua torcida, que não poupou esforços no incentivo ao time nos 90 minutos. Dos 51 pontos que disputou em casa, o time bicolor só conseguiu ganhar 24, um aproveitamento bastante insignificante. Da mesma forma que o Papão tencionava melhorar sua colocação na zona de rebaixamento, o Coxa pretendia se aproximar do G4, o que ficou ainda mais difícil ao deixar escapar a vitória que teve nas mãos até aos 39 minutos do segundo tempo.
Pressionado pela necessidade de vitória, o Paysandu, desde os primeiros minutos, foi pra cima do visitante. Embora tenha praticamente encurralado o Coxa em sua defesa, no primeiro tempo, o time bicolor voltou a mostrar os mesmos erros de outras partidas no momento do arremate para a rede. Na “cozinha” da equipe, o Papão segurava bem o adversário, mas lá na frente, mesmo municiado pelo meio de campo, o ataque deixava a desejar nas finalizações, fazendo com que o primeiro tempo terminasse com o placar em branco.
O começo da segunda etapa foi burocrático. O primeiro gol, favorecendo o Coxa, acabou sendo marcado contra pelo zagueiro bicolor Diego Ivo, aos 15, ao tentar afastar a bola da área. A partida, que já não era boa, ficou ainda pior, com o Coxa se segurando na defesa e indo pouco ao ataque. O Papão, por sua vez, sentiu o revés, errando seguidos passes. Mas, numa jogada individual de Renato Augusto, aos 39, chegou ao empate. O meio-campista pegou a bola dentro da área e mandou no lado direito do goleiro Wilson igualando o placar.
O gol acordou o Papão, que se atirou ao ataque com mais afinco, mas mantendo os erros de finalização, bem conhecido do torcedor do time. As expulsões dos adversários Carlos Eduardo e Guilherme Parede, nos últimos minutos, permitiram uma blitz bicolor, mas sem resultado prático. Em uma das chances perdidas, Magno, aos 49, de cabeça, manda a bola pela linha de fundo, levando muitos torcedores a deixar o estádio.
E MAIS…
Embora tenha marcado o gol contra que abriu o placar no empate contra o Coxa, o zagueiro Diego Ivo mostrou que tem crédito de sobra com a Fiel. Ao deixar o gramado da Curuzu, ao término do jogo, o defensor foi aplaudido por alguns torcedores. Um gesto de reconhecimento às grandes partidas feitas pelo atleta com a camisa do clube. Mais uma vez, o “xerife” bicolor não se furtou a conceder entrevistas, diferente de outros atletas, que procuraram deixar o local sem falar com a imprensa.
“É até difícil falar. O tanto que a gente fala, fala, fala e mesmo assim a vitória não vem. É difícil pra caramba. Quem conhece o dia a dia da gente sabe o quanto estamos trabalhando”, disse. “Num dia a gente sai aplaudido e no outro sai vaiado. Futebol é isso mesmo, Mas independente de qualquer coisa a gente acredita. Se alguns torcedores não acreditam nós confiamos”, declarou o zagueiro. O jogador se referia às vaias de alguns torcedores ao restante do time.
À espera de uma reação que não vem
Agora, após o empate, com sabor de derrota diante do Coritiba, a torcida bicolor passa a contar em uma mão só com as chances de o Paysandu evitar a indesejada queda do time para a Série C de 2019. A situação da equipe na Série B do Brasileiro segue caótica, com o grupo acumulando um total de sete jogos seguidos sem vitória na competição. A cada nova partida, a Fiel é obrigada a conviver com resultados ruins, o que só tem aumentado da desesperança na permanência do clube na Segundona no ano que vem. O próprio técnico João Brigatti reconheceu isso após a partida do último sábado, na Curuzu.
“Está se tornando até repetitivo. O Paysandu vem, propõe o jogo e cria situações de gols. Principalmente no primeiro tempo tivemos variações pelo lado direito com o Willyam caindo bastante por ali, fazendo os cruzamentos. Criamos oportunidades e acho que está faltando um pouco de tranquilidade e equilíbrio para a equipe para poder matar a partida nestas situações”, afirmou o treinador. “A situação fica, lógico, cada vez mais difícil a partir do momento que não se vence, mas não está nada perdido ainda”, prosseguiu Brigatti.
O comandante bicolor, único a falar à imprensa na coletiva, prometeu não entregar os pontos, faltando tão poucos jogos para o término da disputa. “Restam cinco jogos. Enquanto houver esperança vamos lutar até o final. Quem sabe uma hora essa situação mude e comece a reverter para o nosso lado”, comentou. O treinador disse confiar na volta por cima de sua equipe. “A gente espera essa reação vendo a determinação e a vontade, que isso jamais alguém vai questionar de nosso time”, declarou.
O treinador contabilizou o empate com o Coxa como mais uma partida em que o time jogou bem mais não chegou ao objetivo esperado. “O Paysandu tem jogado bem, tem proposto o jogo, tem a determinação de poder vencer e, infelizmente, não temos vencido. Mas temos que trabalhar, saber que ainda resta uma situação para sair da zona de rebaixamento”, comentou. Brigatti prometeu continua se empenhando para tentar tirar o time do fundo do poço. “Se a gente não tivesse criando, se tivesse jogando mal, eu já teria jogado a toalha”, complementou.
Promessa é de lutar até o final
Mais uma vez os jogadores do Paysandu tiveram de lançar mão de um discurso que já está ficando mais que batido para explicar o resultado ruim sofrido pelo time em campo. Os bicolores deixaram o gramado da Curuzu se questionando sobre o fato de o time ter feito um bom primeiro tempo e uma regular segunda etapa frente ao Coritiba e amarar o empate em casa. “É complicado. A gente vem aqui joga dentro de casa e os caras seguram o jogo o tempo todo”, lamentou o atacante Mike.
O atacante Hugo Almeida foi outro que colocou em xeque o placar do jogo. “Fizemos um bom jogo, mas infelizmente a vitória não veio”, se queixou. “É difícil. Toda vez a gente tem de falar a mesma coisa. A gente está muito triste e chateado com essa situação. O Paysandu não merece, mas futebol é assim. Temos de continuar trabalhando”, prosseguiu. “Tivemos algumas chances, mas infelizmente a bola, mais uma vez, não entrou”, observou.
Autor do o de empate, o volante Renato Augusto seguiu a mesma toada dos companheiros. “Estamos muito tristes pelo resultado, mas enquanto tivermos chance vamos continuar batalhando, lutando até o final. Temos uma família em casa que depende da gente. Não estamos de sacanagem”, comentou, ainda no gramado. O Papão volta a jogar na sexta-feira, 2, contra o Vila Nova-GO, em Goiânia. O adversário caiu (3 a 2), na rodada passada, diante do Londrina-PR, fora de casa.
(Nildo Lima/Diário do Pará)