Dizer que o Remo encontrou um modelo apropriado de atuar, condizente com as características de seus jogadores, revela-se hoje uma temeridade. Tudo aquilo que se projetava a partir das vitórias sobre Brusque, Ponte Preta e Cruzeiro entrou em nível de desconfiança com os maus resultados no giro sulista (Londrina e Avaí), impressão atenuada pelo cansaço da equipe com a maratona de cinco jogos em 13 dias.

Aí veio uma breve recuperação contra o CSA, mas na sexta-feira contra o Operário-PR o time se superou em instabilidade e desorganização. Comportou-se como bando e errando passes com frequência assustadora. De longe, a pior atuação sob o comando de Felipe Conceição, fato reconhecido pelo próprio logo após a derrota.

Não foi uma derrota qualquer. O desempenho foi pavoroso, com falhas primárias de posicionamento, como no lance que levou ao gol de Tomaz. Não houve sequer a tradicional aplicação, combustível que muitas vezes ajuda a ofuscar atuações ruins e dias infelizes.

Sem vibração e intensidade, o Remo afundou logo depois que ficou com um jogador a mais – Rafael Chorão foi expulso aos 4 minutos, por entrada violenta em Pingo. O que parecia abrir um clarão de possibilidades mostrou-se um paiol de desacertos. O time passou a jogar para trás e para os lados, raramente indo ao ataque. O primeiro chute, de Gedoz, só ocorreu aos 27 minutos.

Estranhamente, o Operário muitas vezes parecia ter um homem a mais. Bem formatado pelo ex-bicolor Mateus Costa, o time paranaense teve vários desfalques, comprometendo principalmente os setores de meio e ataque. Diante de um Remo bagunçado, essas baixas nem fizeram falta.

A improdutividade do primeiro tempo deu lugar a uma afobação desnecessária na etapa final. Felipe trocou Pingo e Tiago Ennes por Marcos Jr. e Wellington. Pareceu, num primeiro momento, que o Remo finalmente iria encontrar o caminho, mas Paulo Sérgio meteu uma bola na trave de Vinícius. Depois que Rafinha substituiu a Gedoz, surgiu a melhor jogada: o meia acertou um tiro forte na trave esquerda do goleiro Simão.


O Operário passou a equilibrar as ações, arriscando saídas ao ataque que exploravam a insegurança gritante do meio-campo do Remo. Com Lucas Siqueira posicionado como atacante, o time perdeu um combatente qualificado à frente da zaga. Artur errava quase todas as tentativas e Marcos Jr. não se decidia entre marcar e armar.

De repente, Tomaz avançou sozinho, fez uma ginga e mandou para as redes de Vinícius, observado por quatro defensores remistas. Fácil, fácil. O gol atestou que o Remo não soube jogar com a vantagem numérica e não se preparou adequadamente para encarar um adversário tão tinhoso.

A vitória com tintas heroicas do Operário é a constatação de que as escolhas de Felipe para substituir o trio Uchoa-Flores-Andrade foram tremendamente infelizes, afetando inclusive o desempenho de Lucas Tocantins, isolado e sem jogadas que explorassem sua velocidade.

Depois da casa arrombada, o vexame foi avaliado corretamente pelo treinador, mas o argumento de que foi melhor acontecer agora não conforta a massa torcedora. Todas as dúvidas quanto à confiabilidade da equipe voltam à tona com toda força. Não há saída: Felipe e seus jogadores terão que dar uma resposta. E o Goiás é o próximo desafio.

Bola na Torre

O programa vai ao ar às 22h15 deste domingo, na RBATV, com apresentação de Giuseppe Tommaso e participações de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em destaque, a participação dos clubes paraenses nas Séries B, C e D. A edição é de Lourdes Cézar.

Papão vai em busca da liderança da chave

Roberto Fonseca estreou bem. Fez o PSC vencer a primeira em casa, resistindo bem à situação desfavorável de perder um jogador logo no começo da partida. As escolhas do técnico se mostraram adequadas, embora com um ou outro deslize – como a escalação de Robinho.

Hoje, em João Pessoa, a missão tem envergadura diferente. O Botafogo é um dos concorrentes diretos à classificação, tem a mesma pontuação (16) e está uma posição à frente. No turno, o alvinegro paraibano arrancou uma vitória categórica na Curuzu.

Mais do que nunca, o PSC tem que reaver esses três pontos, fazendo valer o excelente retrospecto fora de casa. Foram três vitórias e dois empates, garantindo o bom posicionamento na classificação, apesar do mau rendimento técnico na maioria dos jogos.

Fonseca tem nas mãos a chance de aliar resultados satisfatórios com atuações convincentes. A torcida voltou a acreditar no time, mas, de maneira geral, o PSC está abaixo do que poderia alcançar numa chave repleta de times de nível inferior ao bicampeão paraense.

Com várias opções para o ataque – Tiago Santos, Rafael Grampola, Rildo, Marlon, Bruno Paulo –, Fonseca pode fazer variações interessantes em relação ao jogo contra o Tombense. No meio, Paulo Roberto parece cada vez mais consolidado como titular. Uma boa novidade num setor conhecido pelas oscilações.

Gratidão eterna

No Dia dos Pais, a coluna é dedicada a meu amado pai José, firme como rocha em seus 91 anos de vida; e a meu pai-avô Juca, que já não está entre nós.

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