Desde
o ano passado, os arquirrivais Remo e Paysandu estão unidos por uma causa
nobre. Os dois maiores clubes do futebol paraense aderiram à campanha de Combate à Importunação Sexual nos Estádios do Pará, realizada em parceria com a Secretaria de
Segurança e Defesa Social (Segup). Durante as
partidas do Campeonato Paraense, por exemplo, os torcedores recebem panfletos
informativos sobre a prática criminosa e instruções sobre como denunciar os
casos de comportamento inadequado.

A
iniciativa do Governo do Pará, que
visa combater condutas que ameaçam a liberdade sexual das mulheres e da
comunidade LGBTQIAP+ em jogos de futebol, reúne além dos clubes, a Federação
Paraense de Futebol (FPF) e os órgãos públicos de segurança estaduais e
municipais. Em Belém, por exemplo, a campanha tem o apoio das polícias Civil e
Militar e da Guarda Municipal.

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Segundo
a diretora de Responsabilidade Social do Clube do Remo, Carlena Gama, antes
mesmo do início dessa campanha, a diretoria azulina já vinha promovendo a
divulgação de informações sobre o crime de importunação sexual junto a seus
torcedores, seja no estádio Baenão, com uma comunicação de impacto, seja nas
redes sociais, por meio de ações de marketing viral. No entanto, ela reconhece
que a presença das viaturas rosas do Programa Pró-Mulher Pará durante
os jogos do Leão Azul deram um novo impulso à luta contra a violência de gênero
no estádio remista.

 











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“O Clube do Remo já firma essa parceria com os órgãos públicos de segurança desde 2022, nas ações contra a importunação sexual dentro dos estádios. Para nós, é muito importante ter essa parceria para fortalecer as medidas que o clube já havia tomado há algum tempo. Nós já praticávamos algumas ações contra a importunação sexual, mas era algo muito nosso, muito interno. Contávamos apenas com os nossos seguranças particulares, mas hoje podemos contar com o apoio irrestrito dos órgãos de segurança pública, e isso nos dá um fortalecimento, nos encoraja cada vez mais a realizar ações como essa”, enfatiza a dirigente.

 












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Carlena
revela, ainda, que o Remo tem realizado campanhas educativas procurando
conscientizar seus torcedores sobre a gravidade do crime de importunação
sexual, além de incentivar a denúncia de quaisquer condutas inapropriadas
presenciadas nas instalações do clube.

“O Remo
também trabalha esta situação através de ações dentro das nossas redes sociais,
do nosso Marketing. Por exemplo, a gente sempre prepara cartilhas para serem
entregues aos nossos torcedores chamando a atenção para a importância do
respeito para com todos e, principalmente, com as mulheres. Para que elas se
sintam acolhidas no estádio. A gente coloca o que, segundo a legislação atual,
pode ser considerado uma importunação sexual, quais as consequências desse
crime, além de esclarecer porque é importante tornar mais seguro para as
mulheres esse espaço que durante muito tempo foi muito masculinizado”, explica
a diretora azulina.

Abaixo uma das ações realizadas nas redes sociais do Cluibe do Remo: sobre o respeito à mulher:

“Nas
arquibancadas, nós temos um grande contingente de mulheres, que vão para
torcer, para abrilhantar os eventos. Então, procuramos trabalhar muito na
questão da conscientização, da valorização da mulher dentro desse espaço, visto
que hoje a atual diretoria do clube é a que tem o maior número de mulheres na
sua gestão. Nós somos cinco mulheres dentro do Codir. Então, percebemos que o
próprio clube valoriza a mulher. Portanto, não tem como a gente não aderir 100%
a uma campanha como essa”, acrescenta.

PROCEDIMENTOS
LEGAIS

Para
garantir o sucesso da iniciativa e aumentar a segurança do público feminino
durante os jogos no Baenão, Carlena Gama explica que os seguranças particulares
contratados pelo clube são instruídos sobre como agir no acolhimento às vítimas
e na apreensão e condução dos agressores até as autoridades policiais presentes
no estádio.

“No
ano passado, nós tivemos alguns episódios dentro do estádio Baenão e,
coincidentemente, já havia começado a campanha contra a importunação sexual.
Por isso, nós tínhamos uma viatura cor de rosa dentro do estádio. Então, os
encaminhamentos que a gente faz quando ocorre algo dessa natureza são os
procedimentos legais. Fazer o boletim de ocorrência, levar os envolvidos até o
local onde estão as autoridades policiais naquele momento, mas sem qualquer
tipo de agressão ou violência, até porque nós só fazemos aquilo que somos
orientados legalmente a fazer. Ou seja, não tomamos nenhuma medida ou decisão
que não esteja prevista dentro da campanha”.

PAYSANDU
REALIZA PESQUISA INTERNA

Além de apoiar a campanha de combate à importunação sexual do Governo do Pará, o Paysandu também tem realizado uma série de ações com o objetivo de discutir as questões relacionadas à presença feminina em sua torcida. No último dia 8 de março, em celebração ao Dia Internacional da Milher, a Comissão da Mulher do Conselho Deliberativo do clube promoveu uma roda de conversa no Centur, em parceria cim o Governo do Estado e a Prefeitura de Belém.

 











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Segundo a presidente da Comissão da Mulher, Eveline Maia, esse tipo de debate tem enorme relevância na discussão a respeito da violência contra as mulheres nos jogos de futebol. “Essas ações são importantes para elucidar sobre um tema atual, como é a violência de gênero nos estádios. Então, iniciamos essa parceria com os órgãos para abrir essas rodas para ouvir as mulheres que frequentam os estádios, a fim de ajudá-las mais ainda”, ressalta a dirigente bicolor.

Motivada pela campanha de combate à
importunação sexual, a diretoria do Paysandu realizará uma pesquisa
institucional sobre o tema, desenvolvida com o objetivo de promover ações de
prevenção e combate ao assédio na Curuzu.

 











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“Esta é uma campanha muito interessante e oportuna do Governo do Estado, sem dúvidas, entretanto, em cada torcida de clube existe um contexto diferenciado acerca dos tipos de importunação sexual. Por conta disso, a diretoria da Mulher do Paysandu Sport Club, com apoio da Comissão da Mulher do Conselho Deliberativo estão organizando um questionário para que sejam coletadas as informações devidas, no próximo jogo, para que tenhamos a real identificação do tipo de importunação que as torcedoras do clube possam estar sofrendo”, esclarece Ieda Almeida, presidente do Conselho Deliberativo do Paysandu.

Primeira mulher a ser eleita para a presidência do Condel bicolor, a professora de História, que também é advogada e socióloga, afirma que a medida busca identificar práticas que possam ensejar condutas de assédio e importunação sexual durante as partidas do Papão pelo Campeonato Paraense e demais competições da temporada 2023.

 











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“Será
um trabalho de pesquisa de campo muito rico para o desenvolvimento das
melhorias para nossas torcedoras bicolores”, prevê Ieda.

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