“Não [foi debatido]. O clube não sabia sobre o caso”, diz Manoel Renha, ex-dirigente do Botafogo. “Nada, nada. Não sabíamos”, explica Márcio Braga, ex-presidente do Flamengo. “Não sabíamos, naquela época. Ao menos, eu não sabia de coisa alguma”, fala Roberto Horcades, ex-mandatário do Fluminense.

Os três foram responsáveis por contratar o técnico Cuca entre 2005 e 2010. O comportamento se repetiu em diversos outros clubes da carreira do treinador e até como jogador, antes de se aposentar em 1996.

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Os representantes de Botafogo, Flamengo e Fluminense foram curtos nas respostas e apenas disseram não ter conhecimento sobre o caso. No Santos, José Carlos Peres, presidente entre 2018 e 2020, admite que sabia na época sobre a situação e que o clube contratou profissionais no exterior para apurar. Eles afirmaram que nada havia.

“Não conversamos [sobre o caso]. Eu sabia, na época, que ele foi inocentado. Na época ele não foi [culpado]. A vítima diz que não reconhecia ele, disse ‘de jeito nenhum’. Ele foi inocentado no princípio do processo, de cara foi inocentado. Na época não nos gerou nenhuma dúvida.”

O ex-dirigente santista reforça que na época não houve polêmica e que a passagem dele pelo clube foi tranquila. “Contratamos ele duas vezes e ele fez um belo campeonato. É um grande técnico, pessoa maravilhosa. A informação que eu tinha na época é que outros jogadores do Grêmio estavam envolvidos e ele não. Contatamos gente no exterior e nos disseram que não tinha nada.”

Marcelo Teixeira, mandatário do Santos entre 1991 e 1993 e depois entre 2000 e 2009, disse não se lembrar. “Confesso não me recordar deste detalhe. Como o assunto é tão sério e grave, possivelmente deveria me lembrar. Como não me lembro, talvez na época os responsáveis pelo futebol não tenham citado o tema”, disse.

O Atlético-MG publicou uma nota na época da contratação de Cuca em 2021 afirmando ser um assunto superado. “Sobre os antigos episódios envolvendo o nome do treinador [e que vieram à tona recentemente], o clube entende que o assunto está superado, em face das últimas declarações dadas por ele. O Clube Atlético Mineiro afirma confiar no treinador, em suas palavras e, principalmente, em sua conduta: sempre proba e séria, inclusive durante o período em que treinou o nosso time”.

PERÍODO DE CUCA JOGADOR

Com relação à época de jogador, o caso não pesou na passagem pelo Palmeiras. José Carlos Brunoro, dirigente do clube entre 1992 e 1996, comentou: “Não me lembro disso [debate sobre o assunto], mas não houve problema quanto a isso porque parece que ele já tinha superado na parte legal. Mas não foi nem ventilado, pelo que me lembre. Não houve problema.”

O UOL também procurou Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras na passagem do treinador em 2017, Leco, mandatário do São Paulo em 2019, e Alexandre Kalil, que presidiu o Atlético-MG entre 2011 e 2013. Nenhum deles retornou até a publicação da reportagem.

CASO ROBINHO INICIOU DEBATE

O caso de Cuca voltou a ser assunto mais de 30 anos depois, em outubro de 2020, por causa da contratação de Robinho pelo Santos.

O ex-jogador foi condenado por estupro coletivo na Itália. Na época, foi defendido por Cuca, que treinava o clube. “Robinho é uma pessoa maravilhosa, exemplo de jogador. Espero que nos ajude muito, dentro e fora de campo”, afirmou na ocasião.

Após a ameaça de debandada dos patrocinadores, o clube suspendeu o contrato de Robinho. Um grupo de torcedoras resgatou a condenação do treinador. A partir deste momento, Cuca teve duas passagens pelo Atlético-MG e agora está no comando do Corinthians.

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