No minuto 87 da derrota do Corinthians para o Goiás, no último domingo (23), o treinador Arthur Elias e o elenco do time feminino do clube soltaram uma nota falando sobre o “compromisso compartilhado” do lema “Respeita as mina”. O número faz referência ao ano em que o caso de estupro envolvendo o técnico Cuca aconteceu. 

Apesar de não citar o nome do novo treinador corintiano, a nota é uma reação à contratação de Cuca na última semana. Desde quinta-feira (20), as jogadoras tiveram conversas longas e, em conjunto, decidiram lançar o manifesto nas redes sociais. No entanto, a direção do clube recebeu um aviso antes da nota ir ao ar.

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Toda a diretoria foi comunicada antes sobre o que aconteceria, inclusive o presidente Duílio Monteiro Alves e o gerente de futebol Alessandro. Após a contratação, houve uma conversa com Cris Gambaré, diretora de futebol feminino do clube, e algumas jogadoras.

O departamento feminino recebeu bem a postura de Duílio de aceitar discutir o assunto. Mesmo assim, as jogadoras decidiram pela publicação da nota. “Expliquei para elas e para algumas meninas do time (feminino) que estavam assustadas com o que viram na internet e nós explicamos a história. Elas entenderam”, disse Duílio no dia da apresentação de Cuca. Cris não participou da elaboração do manifesto, apenas o elenco.

O UOL procurou Duílio, Alessandro e o técnico Cuca, mas não obteve retorno sobre o assunto. O presidente do Corinthians se manifestou após a derrota para o Goiás afirmando que a equipe tem direito de se posicionar.

“Sobre a equipe feminina, o Corinthians é um clube democrático, do “Respeito às Minas”, e elas têm todo direito de se posicionar. Estive com elas, conversamos por mais de um hora e meia, foi tudo conversado, explicado e elas têm todo direito de colocar a posição delas. Não sei se dá para entender como protesto, mas dá para entender que isso reforça o que é o Corinthians, o respeito às minas. Vamos continuar tratando-as e fazendo o possível para a campanha para as mulheres”, disse Duílio.

Cuca foi condenado a 15 meses de prisão por participação em um estupro a uma jovem de 13 anos em um hotel em Berna, na Suíça, em 1987, quando ainda era jogador do Grêmio.

“Quando tratamos dessa forma o tema que foi levantado com a contratação do Cuca, foi levantado o tema importante para a sociedade. O grupo de atletas quis fazer um posicionamento sobre o tema. Se ler, falam de forma geral dos direitos, se orgulham do que é vestir a camisa do Corinthians. Não foi nenhum tipo de manifesto ou protesto. Não personificaram, mas acho que foi mal interpretado pela imprensa e torcedores. Foi um posicionamento de um grupo de mulheres de forma respeitosa dentro do cenário”, Arthur Elias, técnico do Corinthians.

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