O jogo do Remo na sexta-feira à tarde, em Bragança, confirmou o bom momento do time no Campeonato Estadual – dois jogos, duas vitórias, sete gols marcados – e acendeu uma discussão polêmica, embora pertinente. Com os titulares em campo, a atuação foi satisfatória e o time reverteu um placar inicial adverso. Quando as substituições aconteceram, na etapa final, a queda de rendimento foi vertiginosa.

A súbita mudança de comportam foi visível em outros jogos. Foi o que ocorreu na semifinal da Copa Verde com o Manaus em Belém e na estreia no Parazão, segunda-feira (01), diante do Gavião. Nos dois jogos, o time disparou goleadas, mas ficou claro que a entrada de jovens atletas no decorrer do segundo tempo tira as forças do conjunto e breca a postura agressiva.

Não se pode condenar a estratégia adotada pelo técnico Paulo Bonamigo. Em tese, utilizar os garotos vindos da base é saudável e permite que adquiram rodagem, aproveitando jogos ainda sem maior nível de exigência. Ao escalar os jovens ele também dá descanso a atletas que vêm atuando desde agosto do ano passado, quando as competições foram retomadas.

É preciso compreender que o problema não está nas experiências que Bonamigo faz no time. Seria mais justo lançar os olhos para as falhas de formação de muitos das jovens promessas azulinas. Alguns jogadores não conseguem desenvolver funções básicas, como passes, dribles e cabeceios, além de errar em praticamente todas as finalizações.

A dificuldade de assimilar as responsabilidades no time principal está diretamente relacionada com a formação deficiente. Caberá a Bonamigo e sua comissão técnica promover um estágio intensivo para os mais promissores, ministrando treinos específicos que reforcem fundamentos.

Muitos dos meninos promovidos ao elenco principal podem ser úteis compensando carências em posições importantes, mas, para isso, precisam estar em condições de entrar em campo e responder positivamente.


As partidas recentes demonstram que a maioria ainda não está pronta. Diante do Gavião, o segundo tempo mostrou um Remo completamente diferente do time intenso que atropelou e sufocou o adversário. Sem os titulares mais importantes, a equipe ficou no mesmo nível do visitante.

Na sexta-feira, a situação se repetiu com mais impacto, pois o Bragantino tem equipe mais qualificada e impôs pressão nos minutos finais. O Remo, depois de virar o placar para 3 a 1, tornou-se errático, pouco efetivo na marcação e sem força no ataque, sofrendo a reação adversária.

É um problema que incomoda, mas que não afetou o desempenho no campeonato. A observação crítica da situação serve de alerta, levando à correção (conserto) de rumos da juventude que simboliza o futuro azulino. De repente, as deficiências podem contribuir para um esforço dentro do clube para qualificar e investir mais nas divisões de base.

Bola na Torre

O programa vai ao ar às 22h, na RBATV, com apresentação de Valmir Rodrigues (estúdio) com a participação no formato de videoconferência de Guilherme Guerreiro, Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a segunda rodada do Parazão. Edição de Lourdes Cézar.

Da responsabilidade de todos perante a imensa tragédia

A CBF, através de seu secretário geral, Walter Feldman, resolveu se manifestar acerca de uma destrambelhada proposta de retorno de público nos estádios. Ideia amalucada só na aparência. A verdadeira intenção é desviar a discussão do assunto que realmente importa neste momento: a suspensão de todas as competições nacionais.

Feldman reproduziu o discurso politicamente de respeito aos protocolos contra a covid-19, quando sabe que esse tema não está em pauta neste momento, nem pode estar.

Quem tiver um mínimo de noção de responsabilidade não pode defender a continuidade dos jogos no país destroçado pela explosão de casos de covid-19 em todo o país e a superlotação dos hospitais públicos e privados.

Não há vacina suficiente para atender as necessidades da população, pois o Ministério da Saúde não comprou no momento certo, no início do segundo semestre do ano passado. Por conta disso, os laboratórios procurados agora não têm como entregar imunizantes antes de maio.

Como o futebol tem seguido normalmente, desde o Campeonato Brasileiro, os riscos se mantêm vivos diante do deslocamento de delegações entre Estados e a exposição de profissionais de risco que trabalham nos clubes.

Depois da decisão da Copa do Brasil 2020, que acontece hoje, começam os jogos da edição 2021 já a partir da próxima semana. Clubes de todo o país estarão em ação, viajando e aumentando as possibilidades de contágio.

Enquanto a maioria da população se debate com os medos e atribulações da pandemia, com parentes infectados e perdas importantes, o futebol não pode se manter como um mundinho à parte, indiferente aos estragos causados por uma pandemia sem controle no Brasil.

O Campeonato Paraense, que exige deslocamentos entre sete cidades, precisa ser urgentemente reavaliado. Já surgem denúncias de que procedimentos básicos orientados pelo protocolo sanitário não estão sendo cumpridos antes dos jogos.

Nem mesmo a aferição de temperatura à entrada dos estádios estaria ocorrendo na maioria das partidas, o que é uma forma óbvia de relaxar as formas de controle. Ainda há tempo de prevenir prejuízos e perdas em meio à segunda onda da pandemia no Estado. Basta coragem.

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