goleada de 7 a 0 cantada pelos torcedores do Paysandu em referência a maior vitória já registrada na história do Re-Pa foi sentida na pele, ontem, pelos simpatizantes do clube. O placar, porém, não ocorreu em campo, com o Clube do Remo dando a forra do vexame, mas sim no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que, por unanimidade, julgou improcedente o recurso dos bicolores, que pediam a impugnação do jogo do último dia 8, contra o Náutico-PE, e consequentemente a volta do time à semifinal da Série C do Brasileiro, alegando erro de direito do árbitro do jogo.
Com a decisão, o Paysandu está definitivamente alijado da Série C, que segue tendo o Náutico como um de seus semifinalistas e com vaga assegurada na Série B de 2020, assim como os outros três clubes participantes da penúltima etapa da disputa – Sampaio Corrêa-MA, Confiança-SE e Juventude-RS. O relator do processo, Mauro Marcelo de Lima e Silva, foi o primeiro integrante da corte a se manifestar. Em seu pronunciamento, ele recomendou que o pedido do Paysandu fosse recusado. A manifestação foi o primeiro sinal de que o Papão não lograria êxito na empreitada.
Argumento do PSC
Na defesa do Paysandu, o advogado Michel Assef Filho, contratado pelo clube no Rio de Janeiro, salientou o grave equívoco cometido pelo árbitro Leandro Pedro Vuaden ao marcar um pênalti inexistente nos acréscimos da partida, contra o Papão, fazendo com que o placar do tempo regulamentar – 2 a 2 – levasse a decisão para os pênaltis, nos quais o time paraense foi eliminado por 5 a 3. O advogado afirmou em seu pronunciamento que “nunca havia visto um equívoco como aquele”, cometido por Vuaden, que, no entendimento de Assef, deixou de aplicar a regra, cometendo, portanto, erro de direito.
Defesa do Naútico
A defesa do Timbu foi feita pelo advogado Renato Brito, que afirmou que o lance do penal deveria ser encarado como interpretativo, o que não poderia provocar a anulação da partida. Após as manifestações das defesas dos clubes, o também procurador do STJD, Felipe Bevilacqua, defendeu o arquivamento do processo, pedindo ainda que “outros recursos da mesma natureza não sejam acatados” pelo STJD. Na sequência, ocorreu a votação, quando, por unanimidade, os integrantes do Pleno, inclusive o presidente do Tribunal, Paulo Cesar Salomão Filho, determinaram a recusa do pedido dos bicolores.
A luta bicolor
O clube paraense havia pedido a anulação alegando um erro de direito do árbitro gaúcho Leandro Vuaden ao assinalar um pênalti aos 49min do segundo tempo, convertido em gol pelos pernambucanos, o que deixou o placar em 2 a 2 no estádio dos Aflitos, em jogo de volta das quartas de final.
Na sequência, o confronto foi para a disputa de pênaltis, já que os adversários haviam empatado sem gols no duelo de ida, no Mangueirão. O Náutico venceu então por 5 a 3 nas penalidades e, com isso, garantiu acesso à Série B do ano que vem, o que é dado aos quatro semifinalistas da terceira divisão.
No julgamento, todos os auditores votaram contra o pedido do Paysandu, garantindo um placar de 7 a 0 contra a impugnação. Com a decisão, o placar em Recife e a consequente classificação do Náutico à Série B estão mantidos.
O time paraense ainda não decidiu se irá recorrer. Como o caso foi julgado pelo Pleno do STJD, instância máxima da Justiça desportiva brasileira, a possibilidade que resta é apelar à CAS (Corte Arbitral do Esporte, na sigla em inglês), na Suíça. (Folhapress)
Presidente diz que não jogou a toalha
Depois de evitar as entrevistas ao final do julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o presidente do Paysandu, Ricardo Gluck Paul, quebrou o silêncio no começo da noite de ontem, falando sobre o desfecho da ação da diretoria bicolor na justiça para tentar recolocar o time na disputa da Série C do Brasileiro, o que acabou não se concretizando. O dirigente admitiu que esperava por grandes dificuldades no Tribunal. Ele revelou, ainda, que já tem montada outra ação, sem dizer qual, que poderá ser abraçada para que o clube volte a tentar chegar ao seu objetivo.
“A gente tem uma ação mapeada que, obviamente, já estava planejada em caso de revés, que a gente sabia que era muito possível de acontecer, uma vez que esse pleito vai de encontro ao interesse da CBF”, declarou Gluck Paul. “A gente tem outro caminho pra percorrer e vamos submeter esse caminho à apreciação da diretoria”, prosseguiu o presidente, ainda no Rio de Janeiro, onde chegou no início da manhã de quarta-feira para acompanhar de perto o julgamento de ontem no Pleno do STJD.
O presidente assegurou que a nova ação bicolor não passa pelo ingresso do Papão na Justiça Comum, o que é proibido pela Fifa, mas que a mesma poderá implicar em danos para o clube. “É um caminho que traz algumas consequências. Posso adiantar que não é a Justiça Comum, mas que exige algum enfrentamento”, explicou o dirigente, informando ser partidário da briga até as últimas consequências. “Sou favorável que enquanto houver possibilidade, qualquer chance, temos a obrigação de não nos esquivarmos”, concluiu.
Sem Série C, equipe foca na Copa Verde
Indiferente ao julgamento do recurso do Paysandu, apreciado pelo STJD, o técnico Hélio dos Anjos e sua equipe de trabalho deram início, ontem, aos preparativos do time com vistas ao primeiro dos dois Re-Pas, valendo pela semifinal da Copa Verde, agora, com a ratificação da saída do Papão da Série C do Brasileiro, confirmadíssimos para os próximos domingos, dias 29 e 6 de outubro, no Mangueirão. O treinador recebeu os jogadores pela manhã, na Curuzu, após a folga que concedeu ao elenco por toda a segunda-feira, um dia após a classificação obtida pelo time frente ao Bragantino.
No retorno à Curuzu, Dos Anjos recebeu pelo menos uma boa notícia: a evolução dos quadros dos meias Tiago Luis e Leandro Lima, recém-liberados pelo Departamento de Saúde do clube. Na segunda-feira, é provável que o apoiador Tomas Bastos e o atacante Hygor Silva, em fase final de recuperação física, voltem a treinar normalmente com o restante do elenco. Com isso, o treinador terá o grupo completo para montar a equipe.
Dos Anjos tem ainda dois pontos que lhe são favoráveis. O zagueiro Micael e os volantes Caíque Oliveira, Léo Baiano e Wellington Reis cumpriram suspensão na partida passada contra o Bragantino. Além da disponibilidade desses atletas, o treinador terá uma semana cheia para procurar corrigir algumas falhas apresentadas pelo time em Bragança, entre eles a falta de pontaria. “Foi uma coisa que não me agradou. Perdemos muitos gols”, admitiu.