Três pontos separam o Paysandu, quarto colocado do Grupo A, do Botafogo-PB, oitavo, uma posição acima da zona de rebaixamento. Hoje, os dois se enfrentam em João Pessoa (PB) pela penúltima rodada dos jogos de ida da Série C do Campeonato Brasileiro, quase a metade da primeira fase. Ou seja, o equilíbrio ainda dá o “time” da disputa.
Há duas rodadas atrás, o Paysandu vivia um calvário na competição e bastaram duas vitórias seguidas para o avião bicolor planar em céu de brigadeiro. O voo do Belo ainda não pegou força e o caminho continua cheio de turbulência, mas já são quatro partidas seguidas sem perder e a busca é pela recuperação.
O Paysandu terá a estreia do técnico Matheus Costa, contratado para substituir Hélio dos Anjos, que pediu demissão. E, como em time que está ganhando não se costuma mexer, ele deixou claro que só deve mudar mesmo na substituição ao atacante Nicolas, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.
“Quando se vem de duas vitórias na sequência é de se imaginar a mesma estruturação da equipe. Há a mudança pela suspensão, mas vou procurar esse trabalho para conquistar mais três pontos fora de casa”, confirmou Costa.
O treinador bicolor vê no adversário um oponente que, a despeito da colocação ruim, vem embalado pela sequência sem perder e, em especial, pela boa atuação no empate em Belém com o Remo, na rodada passada.
“Tem duas maneiras de enxergar o Botafogo-PB. Ele não está numa boa posição, mas em compensação vem de quatro jogos sem perder, o que mostra que é difícil de ser batido. O Botafogo vem de um bom resultado fora e vai buscar essa vitória a qualquer preço. Teremos que neutralizar esse ímpeto e tentar aproveitar os espaços dados”.
Matheus Costa ressaltou o poder defensivo do Papão, o que para ele é sintomático de uma equipe equilibrada. O time paraense sofreu um gol nos dois últimos jogos e tem o melhor ataque do grupo ao lado do Ferroviário-CE, com 11 gols marcados.
“Nosso sistema defensivo é um coletivo muito forte e, a partir do momento em que todos participam disso, diminui as possibilidades dos adversários. Os times se defendem independentemente de onde está a bola. A defesa começa no ataque assim como o ataque começa lá atrás. É importante ter equilíbrio”.
MUDANÇA
O novo treinador bicolor confirmou a troca da preparação física do elenco principal. André Ferreira deixa a Curuzu para trabalhar no Treze-PB e será substituído por Rodolfo Mehl. “Vejo essas mudanças de forma natural nas trocas de treinadores. Geralmente acontece de ir junto com eles um, dois ou até três membros da comissão técnica. Desde as primeiras conversas ficou a possibilidade de trazer mais um profissional. Conheço a capacidade do Leandro e será muito bom tê-lo como auxiliar, com isso abriu a possibilidade de trazer o preparador físico que já trabalhou comigo, o Rodolfo estará aqui conosco”.
RESPEITO
Se entre os bicolores a confiança voltou com as atuações recentes, quem está de fora também vê um Paysandu forte. E é justamente do rival de logo mais que vêm essas palavras. O técnico do Botafogo-PB, Rogério Zimmermann, elogiou bastante o Papão, qualificando-o como um time que poderia muito bem estar disputando a Série B. Ele lembrou que o Paysandu é um dos poucos times do Grupo A a ter uma base montada ainda em 2019.
“É um dos poucos times que manteve a base do ano passado. Para mim, o time é forte ao ponto de merecer disputar a Série B deste ano já. Não vou me aprofundar sobre o assunto, mas eles eram para estar na segunda divisão”, disse. “E, como possuem quase todos os jogadores da temporada passada, precisamos tomar cuidado. Para mim, esse tipo de jogo é o melhor para se disputar. Esse é um confronto que nos ajuda a perceber o caminho a tomar. Vai ser um grande jogo”, completou Zimmermann.
Para vencer, o Belo terá que desencantar no ataque. O Alvinegro da Estrela Vermelha marcou apenas quatro gols, acima apenas do lanterna Imperatriz-MA. Zimmermann sabe que é preciso uma melhora, mas viu uma evolução grande, em especial na rodada passada. “Fizemos uma boa partida contra o Remo, um adversário direto na briga pela classificação. Mas ainda estamos distantes do ideal, ainda buscamos um ideal. Na parte ofensiva, às vezes não fazemos gols, mas percebemos coisas boas”.
POSIÇÕES ABERTAS
A disputa por uma vaga no meio de campo do Paysandu continua sendo acirrada. Com exceção de Uchôa, as demais posições parecem estar sempre abertas. Na armação, é de se esperar que Juninho seja mantido na equipe depois da boa atuação na rodada passada. Mas, com o volante Wellington Reis lesionado, PH e Serginho despontam como principais concorrentes para a vaga. Para PH, que voltou de lesão, a partida passada foi um momento de afirmação. “No último jogo consegui jogar nos minutos finais e deu para ver que não sinto mais nada”.
O volante sabe que com um comando novo as chances de quem não vem como titular passam a se parecer com as dos demais. É um momento também de observação, algo que PH lembra que só deve acontecer com mais apuro a partir da semana que vem.
“É pouco tempo para ver as diferenças. A semelhança é a organização tática do time e a preocupação que eles têm com isso. Todo jogador gosta de ter um time organizado e sabendo o que tem que fazer”, disse. “O Matheus Costa nem chegou a trabalhar com todo mundo, pois parte do elenco está em Belém. Com o tempo ele vai colocar a filosofia dele, o jeito como ele gosta de organizar a equipe em campo e tenho certeza que o grupo vai reagir bem”, confirmou PH.
O meio-campista chegou esse ano para o Paysandu e garante que, desde o ano passado, via de longe o time alviazul com potencial para subir, algo que se manteve com o elenco quase todo remanescente de 2019 e com um trabalho consistente. “Desde o ano passado eu vejo o Paysandu e sei que é um clube que é sempre olhado como um dos favoritos a buscar o acesso. Cabe a gente fazer nosso papel para levar o time a uma situação melhor”, finalizou PH.
JOGOS NO MANGUEIRÃO
A pedido da diretoria do Paysandu, as quatro primeiras partidas da equipe bicolor no “returno” da primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro serão no Mangueirão. A confirmação veio ontem, por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A iniciativa da diretoria veio a partir de um pedido do elenco, principalmente por causa do gramado da Curuzu, que serve também de local de treinos e está com o piso castigado.
Assim, os jogos contra Vila Nova-GO (18 de outubro, às 18h), Manaus-AM (31 de outubro, às 19h), Ferroviário-CE (22 de novembro, às 18h) e Botafogo-PB (27 de novembro, às 20h) serão realizados no Estádio Olímpico.
Além desses, ainda haverá o Re-Pa na rodada final da primeira fase, mas o clássico já estava confirmado no Mangueirão.
(Diário do Pará)