governador do Rio, Wilson Witzel, anunciou nesta segunda-feira (18) o cancelamento do contrato de concessão do Maracanã. Segundo o governador, a concessionária, administrada pela Odebrecht, deixará o estádio em 30 dias.
O Maracanã voltará a ser comandado pela Suderj (Superintendência de Esportes do Estado do Rio de Janeiro), órgão subordinado a Witzel.
A decisão de cancelar o contrato acontece 20 dias depois de a Assembleia Legislativa (Alerj) aprovar a criação de uma comissão especial para investigar o contrato.
Em nota, a concessionária disse que foi surpreendida “pela informação divulgada nesta manhã pela imprensa”. “A empresa informa que não teve acesso a nenhum ato oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro e se manifestará oportunamente”, completou.
Flamengo e Fluminense, que têm contrato com a concessionária, apoiaram a decisão do governo.
O estádio permanecerá aberto para jogos e visitação durante o período de transição. A seleção fará um amistoso no Maracanã em junho. A final da Copa América será realizada no estádio no mês seguinte.
O Maracanã se mostrou lucrativo no ano passado. Foi a arena com mais partidas no Brasil em 2018 -57 no total, sendo que 6 delas estão entre os 10 maiores públicos do país no ano.
Um dos mais famosos estádios do mundo, o Maracanã é administrado pela Odebrecht desde 2013 após uma bilionária reforma, que custou R$ 1,2 bilhão ao governo de Sérgio Cabral.
Em setembro, o ex-governador foi condenado a 12 anos e 10 meses de prisão por crimes de fraudes em licitações na reforma do Maracanã e no PAC das favelas.
Pelo acordo, a Odebrecht, que também participou da obra de reforma, se comprometeu a investir R$ 594 milhões nos 35 anos da concessão. Além disso, o consórcio teria de pagar uma outorga (espécie de aluguel) anual de R$ 5,5 milhões, o que não aconteceu até agora, gerando uma dívida estimada em R$ 36 milhões pelo governo estadual.
Na decisão desta segunda, Witzel criou uma comissão consultiva para avaliar os custos do estádio.
Segundo dados do governo, a operação do Maracanã era de cerca de R$ 2 milhões por mês antes da privatização.
O governo vai pedir ajuda aos dirigentes da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio) para desenvolver o novo projeto de administração do estádio. Não está descartado a possibilidade de a entidade administrar o Maracanã. Um nova licitação também é cogitada.
Nestes quase seis anos no comando do estádio, a Odebrecht já quis abrir mão do contrato, mas não chegou a um acordo com a gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão, também preso por corrupção.
O governador do Rio, Wilson Witzel, disse na campanha que pretendia rever o contrato de licitação do estádio.
Em setembro, a Justiça havia anulado a concessão. O juiz da 9ª Vara de Fazenda Pública do Rio, Marcello Leite, alegou que o consórcio liderado pela Odebrecht foi “diretamente beneficiado”.
Na decisão, o magistrado afirma que foi “invertida a lógica do contrato de parceria público-privada (PPP)” do estádio, assinado em 2013.
(Folhapress)