Líder no Campeonato Brasileiro e também do seu grupo na Copa Libertadores, Vítor Pereira colhe os frutos de seu trabalho no Corinthians em meio à maratona incessante de jogos e viagens, rodízio de jogadores e problemas extracampo.
Há quem questione os métodos do português ou até mesmo as atuações do time, mas os resultados e o momento da equipe falam por si só. São quatro jogos sem perder e sem sofrer gols, com vitórias sobre Boca Juniors-ARG, Fortaleza e Red Bull Bragantino, e um empate – jogando melhor – com o Deportivo Cali-COL na Colômbia.
Tudo isso às vésperas de uma série que pode ditar os rumos do Corinthians na temporada. Na quarta (11), às 21h30, o Timão tem a primeira decisão pela frente e tenta evitar a zebra contra a Portuguesa-RJ, no jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil – a ida terminou empatada em 1 a 1.
Na entrevista coletiva após a vitória por 1 a 0 sobre o Bragantino, ontem (8), Vítor Pereira usou a sinceridade que mostra desde que chegou ao Corinthians para novamente reclamar do calendário e dizer que está exausto. Física e mentalmente. Mas ele reconhece: este é outro obstáculo que precisará superar.
“Vivo o jogo de uma forma muito intensa. Adrenalina está sempre nos níveis mais altos. Quando acaba o jogo, parece que passaram com um caminhão em cima de mim. Estou desgastado. Normalmente eu dizia que precisava de um dia para me recompor. Aqui no Brasil, isso é impossível. Com um calendário desses é impossível jogar sempre com qualidade”, disse VP.
“Sabia que iria apanhar com uma carga dessas, mas vivê-la não é fácil. Eu me sinto cansado mentalmente. Mais um dia ou dois, estou pronto novamente”, completou o treinador corintiano.
Depois da Copa do Brasil, a maratona do Corinthians segue com dois jogos fora de casa, também importantes para manter o bom momento no Brasileirão e na Libertadores. No domingo (15), visita o Internacional, no Sul, antes de viajar à Argentina para enfrentar o Boca Juniors, em La Bombonera – uma vitória garante o time de VP no mata-mata do torneio continental.
“Não penso muito no momento que a gente está na tabela e sim no próximo jogo. É importante ficar na parte de cima, temos muitas competições para jogar, em algum momento vamos acabar oscilando. Conseguir pontuar bem no início do campeonato é importante”, afirmou Renato Augusto.
A última derrota de VP no comando do Corinthians foi expressiva: 3 a 0 para o Palmeiras, em um Dérbi que o Timão teve postura irreconhecível. Depois da partida, o técnico foi diagnosticado com covid-19 em meio a um surto de gripe no elenco, que não permitiu a escalação de alguns atletas no clássico. Mais um contratempo que teve de ser encarado pelo português até dar a volta por cima.
Não foi fácil a trajetória de Vítor Pereira até dar sua cara ao Corinthians. É verdade que, por conta da maratona de jogos, as escalações iniciais são quase sempre diferentes, mas o técnico perdeu peças importantes no caminho. Paulinho foi quem teve a lesão mais grave (ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo), mas Fagner, peça fundamental da equipe, também sofreu com problemas físicos.
“As lesões acontecem porque não temos tempo para recuperar. Não são só as musculares, mas as traumáticas também. Quando estamos cansados, não antecipamos as situações. Ou seja, no momento de tirar o pé, não tiramos o pé. Deixamos por não conseguir raciocinar. Tenho sentido que o meu raciocínio está mais lento porque estou cansado. Não tenho um dia para me desligar, sair fora da caixa. Os jogadores também sentem isso”, declarou o técnico.