Com bloqueio nas contas municipais determinado pela Justiça para obrigar a prefeitura a pagar os serviços de hemodiálise atrasados por mais de um ano, o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), achou por bem enviar à Câmara de Vereadores um projeto de lei para destinar mais de R$ 4,3 milhões oriundos do tesouro municipal para a criação de um Gabinete de Segurança Institucional. 

A proposta foi motivo de pronunciamentos indignados na sessão da Câmara de Vereadores da cidade nesta terça-feira, 13. Na mensagem do Executivo ao Legislativo, anexada ao projeto de lei 034/2025, o prefeito não deixa nem dúvidas sobre a reduzidíssima serventia da regalia milionária bancada com dinheiro público.

“A proposição ora apresentada objetiva criar Gabinete de Segurança Institucional – GSI com vistas a prestar assessoramento ao prefeito, ao vice-prefeito [Hugo Atayde, do PSB] e ao presidente da Câmara Municipal de Ananindeua [Vanderray Lima, do PSDB] em assuntos de segurança pessoal e institucional, inclusive nos eventos institucionais, atividade de fundamental importância para o desenvolvimento das competências dos principais gestores do Poder Executivo Municipal”, informa 


E aqui vale a correção ao texto que integra o projeto de lei: presidente da Câmara Municipal integra o Poder Legislativo somente, e não o Poder Executivo. O projeto chegou a entrar na pauta do dia, mas acabou sendo retirado antes de entrar em votação.

A vereadora Monique Antunes (MDB) usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira para criticar duramente o projeto. “Enquanto faltam insumos nos postos de saúde, o prefeito quer montar uma espécie de segurança institucional para si próprio. Isso é um absurdo, é uma inversão completa de prioridades!”, disparou a parlamentar.

O contraste entre a criação do GSI e o recente bloqueio judicial de R$ 50 mil nas contas da Prefeitura para garantir o pagamento atrasado às clínicas de hemodiálise deixa evidente o descompromisso com a vida e com o bem-estar da população. A gestão já vinha sendo cobrada pelo Ministério Público por conta do atraso de mais de um ano nos repasses à saúde.

Para muitos, a proposta do GSI municipal não passa de uma tentativa de blindagem política e institucional, enquanto as demandas mais urgentes da cidade seguem ignoradas. “O povo quer saúde, quer segurança nas ruas, quer transporte digno. Não precisa de um gabinete para proteger o prefeito, precisa de um prefeito que proteja o povo”, concluiu Monique Antunes.

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