Rádio Clube do Pará

Uma questão de cabeça

Depois do desastre de sábado no Mangueirão, o Remo precisará se reinventar para superar o Salgueiro dentro de seus domínios no próximo sábado. Em tese, a tarefa não é impossível, mas, além do aspecto técnico-tático, o time terá que se mostrar tranquilo e bem preparado emocionalmente.

Alguns jogos desta Série C evidenciaram problemas sérios nesse sentido, principalmente contra CSA (empatou nos minutos finais), Confiança (marcou dois gols em menos de dois minutos) e o próprio Sampaio. Erros pontuais terminaram por penalizar duramente a equipe.

Para isso, obviamente, não bastam os treinos. Caberá à comissão técnica trabalhar bastante a parte psicológica, com ênfase na motivação, item fundamental em qualquer esporte. Alguns jogadores deixam transparecer dificuldades em lidar com a pressão natural dos jogos decisivos.

De certo modo, os desfalques no time titular não são o principal problema do time. Difícil mesmo será juntar os cacos depois da frustração pelo jogo perdido dentro de casa e as consequências do insucesso. Caso tivesse vencido, com os resultados das outras partidas, o Remo estaria praticamente garantido na próxima fase.

Contra um Salgueiro que buscará a vitória a qualquer preço, o Remo terá que exibir frieza e gana de vencedor, justamente o que não mostrou na partida diante do Sampaio em Belém.

Sofreu o segundo gol aos 20 minutos do tempo final, ficando ainda com 30 (cinco de acréscimo) para brigar pelo empate. Devastado animicamente, o time se perdeu em jogadas improdutivas e ainda apelou para a violência, típica reação de desequilíbrio.

Sob a pressão do mandante no agreste pernambucano, o time de Léo Goiano não pode repetir os erros cometidos no último jogo, muito menos desperdiçar as chances criadas. É preciso observar que o Salgueiro, vice-campeão pernambucano, não é um adversário qualquer. Tem time bem organizado e é forte ofensivamente. Demonstrou isso na vitória (1 a 0) sobre os azulinos na primeira fase.

Em situação normal, o confronto com o Salgueiro já seria tenso e duríssimo, tendo em vista as últimas atuações do Remo fora de casa já sob o comando de Léo Goiano. Com a necessidade de vitória, o mandante deve se tornar ainda mais perigoso.

Nesse sentido, a armação de jogo adquire papel-chave na estratégia de buscar o triunfo. Flamel, pela experiência e habilidade, desponta como o mais apto a organizar jogadas e a dar à equipe a estabilidade que a situação exige. No sábado, ao se aproximar de Jayme, propiciou o melhor momento do Remo na desastrada atuação contra o Sampaio.

Os dois aliam técnica, velocidade e boa definição, mostrando bom entendimento. Provavelmente nos pés dessa dupla está a melhor alternativa para resolver os problemas azulinos na rodada decisiva.

Gestão azulina enfrenta o pior dos cenários

A torcida, que se acostumou a fazer protestos pueris, mirando apenas nos jogadores, começa a enxergar os verdadeiros responsáveis pelos problemas do Remo. Ontem à tarde, um protesto reuniu torcedores em frente à casa do presidente, exigindo sua renúncia. É a primeira vez que setores da torcida se posicionam dessa forma contra a atual gestão.

O cardápio do dia foi repleto de más notícias. Dia de treino perdido pelo corte de energia no Baenão. Reclamação de Eduardo Ramos na Justiça do Trabalho por não pagamento de parcelas acordadas. Pagamento prometido para ontem ficou para hoje.

Para completar a desgraceira, surgiu um advogado de atletas trazidos por Josué Teixeira ameaçando denunciar o clube ao STJD por atraso salarial, o que pode ocasionar a perda de pontos na Série C.

A impressão é de que a nau azulina está à deriva e que pior não pode ficar, realidade sempre desmentida pelo dia seguinte. A diferença é que já há consenso quanto aos verdadeiros vilões dessa história.

Pacote de contratações gera desconfianças

O Papão se prepara para anunciar um novo pacote de reforços. Quatro ou cinco, incluindo a provável repatriação de Bruno Veiga, ora disputando (mal) a Série C pelo Cuiabá. Nesta temporada, o sentido da palavra reforço voltou a ser bastante questionado dentro do clube, afinal a grande maioria das contratações não faz por merecer tal denominação.

Não por acaso, os que saíram (Fernando Gabriel, Gilvan) ganham mais destaque do que os que chegaram. Chama atenção a insistência em achar um camisa 10 num mercado cada vez mais empobrecido de talentos na posição. Quase na reta final do campeonato, o time já se habituou a passar sem um especialista na armação, mais ou menos como ocorreu em 2015.

Enquanto isso, o enjeitado Pablo desponta como destaque do certame português. Defensor do Marítimo, ele foi incluído na seleção do mês, ao lado dos principais nomes do futebol luso. Aqui era reserva de Lombardi.

(DOL)

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