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Um empate sem brilho. Veja na Coluna de Gerson Nogueira

Os cartesianos irão dizer que o Remo jogou com o regulamento e controlou a partida conforme sua conveniência. Fechado em seu campo, correu poucos riscos, trocou passes inúteis, atacou timidamente e conduziu o 0 a 0 até o fim. A pontuação permite um segundo lugar – pelo desempate em cartões amarelos – mas a situação no grupo segue indefinida, com quatro times (Remo, Vila Nova, PSC e Manaus) disputando três vagas. Ontem à noite, em João Pessoa, o Leão podia ter escapado a essa incerteza.

Além de um jogo horroroso, com muitos erros de parte a parte, Botafogo-PB e Remo tinham uma só intenção: não perder. Nesse sentido, foram bem sucedidos, mas o time da casa saiu no prejuízo, pois está a um ponto do penúltimo colocado (Treze) e a um passo da zona de rebaixamento.

O Remo, que foi a 27 pontos, também não tem muito a festejar, pois a segunda colocação na chave é ilusória. O empate adiou tudo novamente e a situação só ficará mais ou menos definido no confronto da próxima rodada com o Manaus, na capital amazonense.

Quanto ao que o Remo produziu em João Pessoa, vários pontos a observar, todos preocupantes. Há claros sinais de desgaste físico, caindo de rendimento a partir dos 20 minutos da etapa final, mesmo com várias substituições para recompor o estado geral da equipe.

Pior que a parte física é o aspecto técnico. Até jogadores que rendiam muito no começo da competição entram em visível processo de baixa produção, e justo no momento mais importante da disputa. Lucas Siqueira, Marlon e Eduardo Ramos simbolizam bem esse quadro de declínio.

São esteios do time, mas não funcionaram como tal nos últimos jogos. Para piorar, os companheiros não ajudam. O Remo é hoje um conjunto de atletas esforçados, que correm, se empenham e marcam muito, mas não criam e quase não agridem a defesa adversária.

Um dos achados de Bonamigo, as duplas pelos corredores laterais, praticamente não existe mais. Contra o Botafogo, que respeitou o Remo no primeiro tempo e ficou se defendendo com até oito jogadores, Bonamigo lançou uma escalação inédita, com Eduardo Ramos, Carlos Alberto, Felipe Gedoz e Eron. Uma temeridade.

Era óbvio que o time que iniciou a partida não iria ser mantido na etapa final. Diante disso, esperava-se um conjunto tecnicamente superior ao limitado Belo. Isso não se refletiu em campo. O Remo tocava bolas para os lados, recuava para os zagueiros, voltava a Vinícius e ficava nessa toada, sem partir para cima da marcação adversária.

Um panorama idêntico ao exibido em outros jogos da equipe fora de casa, como contra o Ferroviário e o Vila Nova. Deu a impressão, em determinados momentos, que o Remo funcionava melhor antes dos reforços acrescentados à equipe a partir de outubro. Gedoz segue sem estrear de fato, Salatiel é esforçado, Eron também. E só.

No 1º tempo, Vinícius evitou um gol em lance de bate-rebate na área. No segundo, voou para agarrar a bola chutada em direção ao ângulo esquerdo. Depois, torceu com os olhos para um chute desviado sair pelo lado.

A única chance real de gol para o Remo foi com Wallace, que havia substituído Gedoz. Ele limpou na entrada da área e tomou a decisão errada. Podia passar para Salatiel ou Ermel, mas chutou fraquinho. A zaga afastou.

Muito pouco para quem podia definir a classificação. Menos ainda para quem terá dois compromissos difíceis na sequência. E extremamente preocupante para quem sonha com o acesso. Quem quer subir não pode ser tão sem identidade, organização e compactação como visitante.

Problemas técnicos enfraquecem o conjunto

Um amigo, muito atento às coisas azulinas, me escreveu antes do jogo de ontem angustiado com as últimas atuações do time, não apenas pelo tropeço diante dos reservas do Santa Cruz. Ele demarca a angústia como anterior a isso, citando as dificuldades criativas mostradas diante do Treze.

O desinteresse com a parte ofensiva quando o Remo joga fora de Belém é o ponto mais ressaltado por ele como sinal de alerta. Com várias opções para o ataque, Paulo Bonamigo parece se perder nas escolhas.

Pior ainda é observar que o técnico vem abandonando experiências bem sucedidas, como as duplas laterais, responsáveis por vitórias importantes, como sobre o PSC.

A dificuldade em optar por um homem de criação parece ter levado o treinador a utilizar logo três no jogo contra o Botafogo. Carlos Alberto, Eduardo Ramos e Gedoz. Podia ter deixado um deles para dar fôlego criativo ao time na etapa final.

Depois das mudanças, restou Eduardo Ramos em campo. Lutador, correu o tempo todo, mas para o time ele é hoje mais útil pensando e criando alternativas. Existem outros prontos a correr e marcar.

Quando cansou de vez, ali pelos 30 minutos, Wallace saiu da área e veio fazer o papel de organizador. Salatiel e Ermel ficaram correndo a esmo na frente, sem receber bolas de qualidade. Nem mesmo cruzamentos foram feitos para aproveitar a presença do centroavante.

Há algo de muito confuso no jeito de jogar do Remo, talvez nem os próprios jogadores consigam entender. É necessário que Bonamigo arrume a casa, há tempo para isso. Simplicidade é sempre uma boa aliada.

Messi e CR7 disputam o Prêmio de Melhor do século

Vai ser a escolha mais fácil do século. A Globe Soccer Awards anunciou ontem os nomes dos candidatos ao prêmio de melhor jogador do século 21. Quatro brasileiros estão listados: Kaká, Neymar, Ronaldinho e Ronaldo Nazário. Do quarteto, só Ronaldo teria alguma chance. Kaká e Neymar, por razões óbvias, não chegam nem perto da premiação. Ronaldinho foi bem até 2006, quando decidiu ir curtir a vida.

Acontece que, nos últimos 12 anos, o futebol consagra duas figuras acima de todas as demais: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Zidane, também listado, é outro que só vai fazer figuração na plateia.

O resultado sai no dia 27 de dezembro, em Dubai. A escolha está sendo feita por meio de votação popular, o que transforma a premiação numa disputa particular entre Messi e CR7. Meu voto seria por La Pulga, obviamente, que até aqui é o grande craque deste século.

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