Remo e Águia se enfrentam hoje, pela terceira vez em três semanas, para o jogo que vai definir o primeiro classificado às semifinais do Campeonato Estadual. Nos dois confrontos anteriores, houve empate no primeiro e vitória azulina no segundo, realizado no último sábado.

Apesar do placar estabelecido na primeira partida, o Remo não parece disposto a correr riscos. Vai para o jogo com a formação titular, com exceção de Lucas Tocantins, que voltou a sentir lesão.

Erick Flores, de atuação promissora em Marabá, deve ser novamente o substituto de Tocantins. Com ele, o esquema remista sofre alteração importante. Deixa de ser eminentemente ofensivo, por perder um atacante agudo, mas torna-se mais estável e robusto no meio-campo.

A criação segue com Felipe Gedoz, que melhora a cada partida, mas Erick passa a ser um parceiro de diálogo nas jogadas de intermediária. Foi assim no sábado, quando ambos chegaram a ensaiar tabelinhas, mesmo sem terem sequer treinado juntos.

Com Gedoz, Lucas Siqueira, Uchoa, Erick e Dioguinho, a meia cancha ganha em poder de criação, chegando perto do modelo que o técnico Paulo Bonamigo pretende que se torne padrão no Remo. Ele nunca escondeu que aposta num time que valorize o passe e surpreenda os adversários com triangulações rápidas.

Para que isso se concretize, será necessário tornar automática a troca de passes em velocidade, em dois toques ou de primeira, como aprecia Gedoz, às vezes até exageradamente. Um bom exemplo disso foi o lance do primeiro gol contra o Águia. Rapidez, precisão e economia na troca de passes, com o objetivo de chegar ao gol.


O desenho da jogada, apesar do detalhe do avanço de dois jogadores na saída, após o toque inicial de Gedoz, revela apuro e treinamento, insistência em repetir e ensaiar. No futebol nivelado de hoje é praticamente impossível abrir janelas para a invenção, mas de vez em quando é possível inovar e surpreender.

Evolução da Lusa é merecedora de aplausos

Apesar de sua importância, a vitória da Tuna sobre o Itupiranga talvez não tenha sido devidamente valorizada. É justo enaltecer a competência técnica do time. Marcar 3 a 0 fora de casa sobre um adversário que tinha a melhor defesa da competição não é para qualquer um.

O triunfo deixa a Tuna a um passo da semifinal. Pode perder até por dois gols de diferença que, ainda assim, passará à penúltima etapa do campeonato. Sem dúvida, um belo salto para a equipe de Robson Melo, que começou tropeçando e custou a engrenar. Chegou mesmo a passar a ideia de que não iria longe.

Agora, apesar dos apelos por respeito ao adversário, aquele típico discurso que o mundo da bola gosta de praticar mesmo contra as evidências, o técnico sabe que somente um desastre tira a Tuna da próxima fase.

Chega embalada por triunfos categóricos, dona da maior artilharia do campeonato – 23 gols – e assistindo ao desenvolvimento de um esquema ofensivo e funcional. Lukinha voltou a tempo de contribuir para que o modelo de jogo fique mais ágil e dinâmico.

Com ele, o ataque todo se beneficia. Paulo Rangel voltou a ter com quem dialogar. Ambos haviam jogado na Segundinha. Lukinha saiu e só voltou com o Parazão já em andamento. Sua entrada no time é uma das explicações para a evolução.

Na partida de domingo, a Tuna uniu a segurança defensiva com a objetividade nas jogadas de frente. Foi uma atuação taticamente irrepreensível, merecedora de elogios e digna de levantar preocupações no provável adversário das semis, o Remo.

Caso confirme presença nas semifinais, a Tuna se habilita a uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, uma de suas metas neste retorno à elite. Por ora, Robson e seus comandados têm todo o direito de comemorar a evolução do time na reta mais importante do Parazão.

Sobre a necessidade de humanizar a segurança

O leitor Salomão Moreira dos Santos encaminha à coluna questionamento pertinente quanto à segurança interna em jogos do Parazão. “Como espectador diário de jogos de futebol, determinados e pontuais comportamentos que se tornaram normais, em minha visão se sobressaem como deslocados em relação ao atual momento de profissionalismo vivido no futebol paraense, brasileiro e continental”.

Observa que, no jogo PSC x Bragantino, no final do 1º tempo, surgiram quatro militares munidos de armas de grosso calibre, escudos e outros equipamentos, mais “condizentes ao enfrentamento em operações contra ações criminosas de grande poderio bélico; mas não ao ambiente esportivo profissional exibido em rede”.

Acrescenta que “mais relevante ainda é constatar que os profissionais envolvidos e suas entidades empregadoras, associações de classe e Federação não se sintam incomodados”.

Ele defende que todos os envolvidos são responsáveis para que, a partir de novos comportamentos, a percepção ligada a tempos selvagens seja mudada e todos possam ser respeitados como profissionais e cidadãos.

“Seria um sonho impossível que os envolvidos fizessem um encontro de todos os profissionais participantes, onde se trouxesse para o consciente desta coletividade tais questões comportamentais e de respeito às regras do jogo e de importância relevante para consolidação do nosso futebol?”.

Salomão finaliza, referindo-se à observação inicial da imagem do policiamento, que a presença de agentes públicos com armas com potencial de letalidade pode (até por acidente) resultar em tragédia desproporcional à necessidade de se controlar eventuais desentendimentos entre atletas.

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