Um raio rasgou o céu e fez com que os aloprados dirigentes da Federação de Futebol do Rio de Janeiro resolvessem recuar da malsinada ideia de autorizar a presença de torcedores em jogos do Campeonato Carioca. A medida havia sido decretada pelo prefeito Marcelo Crivella, um negacionista típico, solidário à filosofia do presidente da República. Como ele, o gestor carioca é contra a estratégia de isolamento social e defende a liberação geral de eventos e atividades comerciais.

As consequências nefastas de liberar presença de pessoas em estádios de futebol são bem conhecidas pelas autoridades médicas. Bergamo, onde a pandemia irrompeu com mais letalidade na Itália, sediou jogos da Atalanta na Liga dos Campeões da Europa. Milhares de pessoas compareceram às partidas até o começo de março e, logo em seguida, o número de contaminados explodiu na cidade e no país.

Ex-jogadores como Paolo Maldini se manifestaram, criticando as autoridades pela permissão dada à realização dos jogos, quando já se sabia dos efeitos devastadores da covid-19 na China. Ao mesmo tempo, Maldini fez uma autocrítica, observando que quase ninguém se manifestou, aceitando passivamente a continuidade dos jogos.

No Brasil, as federações estaduais têm se mantido cautelosas em relação à volta dos campeonatos. A CBF estabeleceu o retorno para o começo de agosto, mas sem público presente. Prevalece a consciência de que não é possível, a título de garantir faturamento nas bilheterias, sacrificar vidas, seguindo o que já praticam as grandes ligas europeias.

O mau exemplo do Rio de Janeiro, Estado assolado pela pandemia e sem controle do número de casos, não pode frutificar e contaminar o resto do país. O retorno do campeonato apenas 15 dias depois do chamado pico da covid é uma irresponsabilidade absoluta. As autoridades recomendam um espaço de tempo entre 60 e 70 dias como margem segura para a retomada.

Nos próximos dias, o Campeonato Paraense deve ter seu reinício definido em reunião da FPF com os clubes. Pelo que se avalia, a competição deverá recomeçar no dia 12 ou 15 de agosto. Caso isso se confirme, serão mais de 70 dias após o pico da pandemia no Estado.


Acenos que atiçam, mas não têm qualquer efeito prático

O sonho de participar da Copa do Nordeste, alimentado há tempos pelos dois grandes clubes do Estado, parece cada vez mais distante, alimentado de vez em quando por pequenos e simpáticos acenos de dirigentes, sem que haja qualquer chancela oficial.

Nos últimos dias, o tema voltou a ser discutido, fortuitamente, a partir de comentários atribuídos ao presidente do Santa Cruz. Segundo ele, a dupla Re-Pa seria muito bem recebida na copa regional que vive acumulando lucros e cativando interesse do público.

É claro que, para os dois gigantes paraenses, ingressar no torneio nordestino seria excelente notícia. O problema é que há uma distância imensa entre intenção e prática. A entrada de concorrentes fortes, com grandes torcidas, talvez não seja bem vista por todos os demais clubes da Lampions League.

Remo e PSC precisam se concentrar naquilo que já é garantido, mesmo sem ser tão lucrativo. A Copa Verde, que deve receber clubes do Espírito Santo na edição deste ano, é o que temos. Só é preciso valorizar mais e lutar por premiações mais decentes.

Série C: união necessária e decisiva para os clubes

Os 20 clubes participantes da Série C manifestaram ontem um posicionamento bem claro e unânime quanto à necessidade de que o campeonato tenha por parte da CBF as mesmas decisões que serão tomadas em relação às Séries A e B.

Um dos pontos mais destacados do documento, que será endereçado ao presidente Rogério Caboclo, diz respeito à data de começo da competição. Os dirigentes querem que a Série C comece também nos dias 8 e 9 de agosto, como previsto para as duas divisões principais.

O item saúde é apontado como a razão de todas as inquietações dos clubes, que reafirmam a disposição de obedecer as normas de higienização e os itens definidos no protocolo elaborado pela CBF a respeito da covid-19.

Há também a reivindicação de novo auxílio financeiro, a fim de dar suporte às despesas que os clubes terão com jogos sem público, além dos custos normais de folha salarial e encargos. Algumas agremiações estão com salários atrasados há meses, o que torna ainda mais aflitiva a situação.

Vale lembrar que, em abril, a CBF já destinou ajuda de R$ 200 mil a cada clube classificado para a Série C. É provável que o apelo seja acatado, desde que os clubes permaneçam marchando unidos na hora de discutir com a diretoria da CBF.

Na prática, a grande notícia por trás da posição dos clubes é a união de forças para lutar pela sobrevivência no cenário de incertezas que a pós-pandemia vai trazer a todos.

Atacante é “um risco bem calculado”, segundo Mazola

O técnico Mazola Junior, no retorno a Belém para reiniciar a preparação do elenco do Remo, fez uma declaração que serve para tranquilizar a torcida. Garantiu que o veterano Zé Carlos, indicado por ele, terá um acordo de produtividade com o clube. Aos 38 anos, o jogador não mostra há três temporadas a mesma facilidade que tinha para fazer gols.

Mazola garante que Zé Carlos sempre rendeu bem sob seu comando e que está fechando com o Remo o contrato mais baixo de sua carreira, em termos financeiros. Algo, de respeito, plenamente normal para um jogador em fim de carreira. A conferir.

 

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