Os tempos vão passando e parece que as exigências nas vidas das pessoas vão só aumentando. Os dias atuais têm apresentado uma demanda crescente por acompanhamento psicológico. Diversos fatores contribuem para essa necessidade, como o ritmo acelerado da vida moderna, o estresse, a pressão social, as demandas profissionais, entre outros.
No mundo do futebol não é diferente e nele temos a psicologia esportiva, uma área especializada que se centraliza no estudo e na aplicação de princípios psicológicos no contexto esportivo. Sua função é ajudar atletas, treinadores e equipes a melhorar o desempenho, desenvolver habilidades psicológicas e lidar com os desafios mentais e emocionais relacionados ao esporte.
Um exemplo da nossa rotina é o Clube do Remo, que vivia um momento de instabilidade na temporada, com eliminação na Copa Verde, na Copa do Brasil, com o vice do Parazão e com quatro derrotas seguidas na Série C do Campeonato Brasileiro, ficando com a lanterna da competição sem nenhum ponto conquistado. Vendo isso, a diretoria resolveu agir e contratou o técnico Ricardo Catalá.
O treinador tem pós-graduação em psicologia esportiva e o Leão mudou, obviamente que não somente por isso. Claro que existem os conceitos do futebol que estão sendo aplicados em muitos treinamentos. Mas o trabalho com a parte mental do elenco azulino foi fundamental para a virada de chave. Hoje, são três vitórias e dois empates, a 13º colocação com oito pontos e uma média de 73,3% de aproveitamento.
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O técnico Ricardo Catalá conversou sobre o assunto com o DOL. Confira:
1- Como a psicologia esportiva ajuda a lidar com a pressão e o estresse durante a competição?
“A psicologia esportiva te oferece o conhecimento sobre o comportamento do ser humano, contextualizado nas situações inerentes ao esporte, que são as mais diversas e exigentes. Ter algo de conhecimento sobre esse tema, ajuda a compreender melhor os atletas, identificar possíveis dilemas e ajudá-los a encontrar as melhores soluções. Não há uma “receita de bolo”, as necessidades são sempre específicas e individuais”
2- Como construir de maneira eficaz a confiança e autoconfiança dos atletas?
“Isso não é algo construído por alguém que não seja o próprio atleta. Cada um deles é único e, como tal, responde de maneira pessoal ao mesmo estímulo. O que procuro fazer é oferecer a maior segurança possível, através de um ambiente saudável de trabalho, ser um bom ouvinte e oferecer informações de qualidade para que eles possam estar mais assertivos em suas tarefas”
3- Bloqueios mentais são um problema para que os atletas alcancem o potencial máximo. Como trabalhar isso?
“Bloqueios mentais prejudicam qualquer pessoa que exerça suas atividades na plenitude. Não é diferente com o atleta. Como não sou psicólogo, e sim treinador, toda vez que percebo a necessidade de algum tipo de acompanhamento mais direcionado, sugiro ao atleta que busquemos, juntos, auxílio de quem está capacitado para oferecer esse tipo de suporte”.
4- Qual a importância da comunicação eficaz entre treinadores, atletas e a psicologia esportiva?
“A comunicação é o maior problema de todas as grandes empresas e organizações no mundo corporativo. Não é diferente no esporte. Entre o que digo e o que você entende, pode existir um abismo. Para mim, a comunicação é o que você entende. Portanto, para que haja eficiência, é necessário se certificar de que há uma conexão e pré-disposição entre as duas partes em ouvir e dialogar. Com isso, entendo que a possibilidade de má interpretação é minimizada de maneira significativa, e a comunicação eficaz”
5- Falando especificamente do Remo. Você chegou em um clube onde os resultados não vinham aparecendo e a gente percebia um cenário de desânimo em alguns jogadores. Como foi lidar com isso e fazer com que a virada de chave acontecesse?
“Pra mim tudo isso é muito simples. Eu não faço nada sem a energia adequada, não tem meio envolvimento. Me entrego para tudo o que faço de forma visceral e isso reflete para o atleta, fica claro desde o primeiro contato. Com isso, todos se alimentam dessa energia e construímos um ambiente proativo, de confiança uns nos outros e entrega ao objetivo maior. É dessa forma que temos, todos juntos, construído nossa caminhada de recuperação na competição”.
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