Rádio Clube do Pará

Quem sonhou com a reabertura do Baenão vai ficar frustrado

Quem sonhou com a reabertura do Baenão já para o Campeonato Paraense de 2019 deve ficar frustrado. Sem arrecadação, projeto de reforma anda bem devagar. São duas zonas para serem reformadas, mas elas são bem complexas.

Entra ano e sai ano, com o encerramento de cada temporada no Clube do Remo, algumas perguntas pairam no ar relativas às mudanças internas com vistas para o melhor desempenho no futebol da agremiação. Porém, nenhuma dúvida tem encucado tanto a cabeça dos dirigentes, bem como da torcida, quanto à reabertura do estádio Evandro Almeida, o Baenão.

Fechado para jogos do futebol profissional há mais de quatro anos, com o período eleitoral próximo, promessas de investimentos e de parcerias que podem acelerar as obras de revitalização já ecoam pelos bastidores. No entanto, de acordo com quem está acompanhando os procedimentos no dia a dia, pelo andar da carruagem, o alçapão azulino deverá ficar mais um tempo em “off”.

É claro que fazemos o possível, mas não podemos iludir o nosso torcedor, precisamos, sim, ser verdadeiros.
Raimundo Simão, responsável pelo projeto Retorno do Rei ao Baenão.

Conforme os membros responsáveis pelo projeto Retorno do Rei ao Baenão, em um primeiro momento, ele não deverá sediar jogos do Paraense, algo almejado por todo azulino. E o motivo para isso é simples: a eliminação precoce do time pela Série C.

De acordo com o responsável do projeto, Raimundo Simão, pelo fato da iniciativa contar exclusivamente com doações, o desempenho da equipe em campo foi uma espécie de termômetro para a receptividade e continuidade no amparo por parte dos torcedores. Sendo assim, mesmo com a implantação do gramado e a liberação da arquibancada da avenida Rômulo Maiorana, os requisitos necessários para reabrir o estádio para jogos oficiais ainda são significativos.

“Estaria sendo leviano em dizer que, para o Paraense, até janeiro, estaríamos reabrindo o nosso estádio”, disse Simão. “Infelizmente, o time teve uma série de desempenhos negativos, o que afetou diretamente nas doações. É claro que fazemos o possível, mas não podemos iludir o nosso torcedor, precisamos, sim, ser verdadeiros”, completou.

Ainda de acordo com Raimundo Simão, dois pontos fundamentais precisam ser revistos para qualquer definição de data para reabertura, que são ailuminação e as dependências da arquibancada da Avenida Almirante Barroso. Isso porque, sem a iluminação necessária, o Remo não poderia realizar grande parte das partidas, uma vez que a maioria dos jogos teria previsão de encerramento à noite; além do que a arquibancada que está em reparos é o local que acomoda a principal zona de visitantes. “No grosso, são apenas essas duas zonas, mas são as mais complicadas. No tobogã é ambulatório, sala se segurança, conselho tutelar, federação e vestiários dos visitantes, que possui um espaço amplo. E sem a iluminação, obrigatoriamente forçaria o Remo a jogar pela manhã ou em um horário ruim”, diz Simão.

Números

R$ 1 milhão?

Na última semana, o assunto “Baenão” tomou conta dos arraiais azulinos, especialmente pelo valor especulado para garantir a conclusão das duas partes que, hoje, impedem o local de receber jogos. Valores exorbitantes, superiores a R$ 1 milhão foram destacados, mas, na realidade, um valor bem menor já garantiria todas as revitalizações necessárias.

R$ 700 mil

É o valor hoje que a comissão precisa para encerrar a obra de restauração na arquibancada da Almirante Barroso e suas dependências, além de toda a iluminação.

R$ 40 mil

É o preço que deverá ser gasto em cada sala embaixo da arquibancada (ambulatório, federação, segurança, conselho tutelar e vestiário do visitante). Dentre todas, o vestiário é o que deverá contar com a atenção extra, por ser um local mais amplo, já que acomoda espaço de concentração e banheiros.

R$ 500 mil

É o que deverá ser gasto para instalar e readaptar um novo sistema de iluminação no estádio.

Existe uma possibilidade

Para a bola voltar a rolar mais rápido no Baenão, clube prepara novidades para o torcedor, cuja renda será revertida para o projetofernando araújoação de marketing.

Sem o calendário de jogos oficiais para projetar um valor de doações para dar continuidade com as obras, o projeto Retorno do Rei, em reunião com os representantes do Clube do Remo, arquitetou uma fonte de renda que deverá suprir, a priori, essa necessidade: a venda de camisas do Leão de Pedra, uma parceria com a Topper.

Quatro mil camisas serão comercializadas no valor de R$ 150, o que deverá gerar R$ 600 mil no total. Segundo Raimundo Simão, representante do projeto, a renda total deverá ser direcionada para o projeto. “Nós tivemos uma reunião, com propostas muito boas. E a principal foi essa do Leão de Pedra. De acordo com o diretor de marketing (Glauber Pontes), 100% da arrecadação irá para as obras”, destacou. O lançamento das camisas deverá ocorrer em outubro.

Caso a venda das camisas esgote em tempo rápido, e a finalidade da iniciativa ocorra conforme o programado, a reabertura do estádio já passará a ser algo mais real, sobretudo pela reta final do Estadual. Mas, como as vendas deverão iniciar apenas em outubro, a comissão almeja, ao menos, brindar o torcedor com o Paraense sub-20. “Nos treinos tivemos uma recepção indescritível com a torcida. Estamos fazendo a escareação e os processos de combate ao incêndio para garantir o aval dos bombeiros e trazer o torcedor para o nosso sub-20, que é uma forma de gerar lucro também”, pontuou.

ELEIÇÕES

Encarado com um trampolim para as eleições presidenciais que o Remo irá passar em novembro, o Baenão será o principal destaque entre as propostas dos pré-candidatos à função na agremiação. Dessa maneira, a possível aproximação de candidatos será comum, especialmente para contar com o apoio da comissão responsável pelas obras no estádio, que tem tido aprovação total de quem os acompanha.

Contudo, os coordenadores deixaram claro que, mesmo procurados, não irão apoiar nenhuma chapa. “Vamos ouvir quem for ajudar, não podemos negar isso. Fomos procurados, sim. Mas que fique claro que nosso objetivo é o Remo, por isso, vamos continuar como estamos fazendo, somente o nosso dever, que é reerguer esse estádio”, diz Raimundo Simão.

(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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