Do ponto de vista formal, os clubes de futebol são associações sem fins lucrativos. Mas você já ouviu falar em Sociedade Anônima do Futebol (SAF)? Este é mais um caminho que vem sendo encontrado pelas agremiações de terem a chance de solucionar suas dívidas e melhorarem os modelos de administração. Ligado nas novidades, o Clube do Remo tem realizado estudos sobre as possibilidades de, em um futuro próximo, começar a transição para o chamado clube-empresa. Esse novo modelo de gestão, mais dinâmica, acaba chamando a atenção de empresários e torcedores.

Nas últimas horas, o torcedor do Leão Azul Paraense foi surpreendido com a informação de uma suposta negociação que envolveria a compra do clube azulino. Segundo noticiado por um portal da imprensa local, a empresa VL Gold Dubai, do ex-jogador de futebol, Leandro Rodrigues, teria proposto o valor de 40 milhões de euros, cerca de R$210 milhões, mais acréscimos de 25% do valor caso suba para a Série B. Além do mais, o documento já estaria formalizado e entregue a um representante do empresário no Pará, no qual seria membro do Conselho Deliberativo do Clube do Remo e estaria tratando diretamente com o presidente desse colegiado remista, Milton Campos. 

Clube do Remo convoca reunião do Condel para avaliar SAF

Procurado pelo DOL, Milton Campos diz desconhecer a informação. “Não chegou absolutamente nada na minha mão e nem tenho como falar de algo que desconheço totalmente”, declarou. Já o presidente do Clube do Remo, Fábio Bentes, além de negar qualquer tipo de procura por parte da empresa, também questionou. “Achas que algum grupo sério viria e não reuniria com o presidente do clube? Iam falar com um amigo do amigo e vazaria para a imprensa sem ter nada sequer tratado?”, indagou o mandatário azulino. 

Relatando estar assustado com a informação, Fabio Bentes também informa que se a proposta vier de fato a ser formalizada, está aberto para analisar e ver as possibilidades de negociação. “Tenho nem como comentar muito de algo que nunca chegou oficialmente no clube. Estou até assustado, pois tem a entrevista de um possível investidor, mas em nenhum momento, ninguém procurou a diretoria nem por intermediário ou até mesmo diretamente, eu não tenho ciência”, critica .


Clube do Remo deve se livrar de suas dívidas trabalhistas até final de 2023

Bentes, no entanto, frisa que como executivo do Clube do Remo sua obrigação é avaliar, caso haja uma proposta ou mesmo o início de uma abordagem para esse fim: “agora, se for uma coisa real e concreta, e procurar o clube, nós vamos analisar, pois nosso papel é analisar e avaliar com quem tem que ser verificar, mas dessa forma já começa errado pela imprensa, dando até entrevista falando a respeito de uma coisa que nunca chegou no clube? Acho que já começou errado. Até que prove ao contrário, é fake!”, prosseguiu.

CLUBE DO REMO E A SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

A revolução no futebol brasileiro está apenas começando. Cruzeiro e Botafogo já deram o ponta pé inicial. O Vasco da Gama, realiza estudos e deverá enviar o projeto ao seu conselho deliberativo. O rival do Leão Azul, o Paysandu, também já começou suas análises. Para Fábio Bentes, esse é o futuro dos clubes e aqueles que não se atualizarem ficarão para trás, como aconteceu com o Clube do Remo, quando o cenário futebolístico mergulhou na profissionalização.

“Queremos entender qual seria o modelo mais adequado, caso o Remo vire SAF, e qual seria a colocação do Remo nesse novo jogo que está surgindo no futebol. Eu tenho uma opinião, que é que daqui a alguns anos, quem não se transformar em SAF, vai perder espaço, assim como quando começou a era da profissionalização no futebol, no início dos anos 2000. Quem não se profissionalizou, perdeu espaço. Foi o que aconteceu com o clube do Remo, que demorou e perdeu espaço no mercado nacional”, destacou.

Plano Clube-empresa é apresentado aos conselheiros do Clube do Remo

No início do mês de abril, o conselho deliberativo azulino realizou uma reunião extraordinária entre todos os seus membros – no salão nobre da sede social – no qual, através de pauta única, foi explanado para todos o projeto da Sociedade Anônima do Futebol. Além de ter contratado uma assessoria para fazer um estudo e verificar a viabilidade do Remo se tornar um clube-empresa

“Mais da metade dos times que estão na Série A e alguns do estão na Série B, também estão em processo de transformação em SAF. No Brasil, isso virou sinônimo de um investidor vir e comprar. Mas não é só isso, tem também várias possibilidades e mecanismos que abre várias portas e reduz cargas tributárias, e gera uma série de facilidades. Não só clubes endividados, mas também alguns saneados estão em processos. No nosso caso, estão estudando a lei, já fizemos o primeiro debate e agora estamos passando pelo processo de análise interna do clube através de uma consultoria”, disse. 

“A consultoria está analisando toda a documentação e situação do Remo, endividamento, patrimônio, potencial e capacidade de arrecadação para elaborar um diagnóstico e ver quais as possibilidades e caminhos de acordo com a nossa realidade. A partir disso tudo, aí sim, depois disso tudo, vamos debater todos os caminhos. Mas não tem nada certo. Tudo está longe de uma definição. Esse é o começo dessa discussão e acho até que começamos tarde, pois outros clubes estão discutindo há tempos e nós somente agora estamos iniciando esse processo de transformação”, finalizou.

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