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Paysandu inicia batalha pelo acesso contra o Ypiranga

Depois de uma recuperação surpreendente no último terço da primeira fase da Série C, o Paysandu inicia hoje sua caminhada no quadrangular que decidirá dois dos quatro times que ficarão com o acesso para a Segundona do ano que vem. E é um começo que chama atenção, pois serão três jogos seguidos em casa. Depois de encarar o Ypiranga-RS às 18h de hoje, o Papão terá Remo e Londrina-PR no Mangueirão nas rodadas seguintes. O bom momento da equipe e os jogos em casa podem servir de diferencial para a equipe bicolor.

O técnico João Brigatti tem praticamente todo o elenco à disposição para escolher seus onze titulares. A ordem é manter a pegada das partidas que levaram o Paysandu para a busca do acesso. O time bicolor saiu do perigo do rebaixamento para um dos apontados como favorito entre os oito que restaram. Para os jogadores, humildade é a palavra de ordem, mas eles admitem que o Papão chegou em uma condição boa diante dos rivais.

“O nosso time está equilibrado em todos os setores, tanto que não é só um jogador que faz os gols, a maioria faz, desde zagueiro a atacantes. Isso é importante porque divide as responsabilidades e fica mais difícil para os adversários neutralizarem a nossa equipe”, afirma o meia Alex Maranhão.

O meia Victor Diniz salienta essa posição do Paysandu, que soube se manter forte mesmo nos momentos de adversidade para chegar à fase decisiva. “Estamos em uma crescente. Passamos por uma fase difícil, veio a pressão, mas nosso time teve cabeça para poder dar essa volta por cima e conquistamos esse respeito. A camisa do Paysandu é muito pesada”, diz o jogador, que é acompanhado pelo lateral esquerdo Diego Matos. “O grupo teve uma crescente muito boa durante a competição, estamos há sete jogos sem perder, apenas um gol sofrido. Claro que isso dá um ânimo a mais para a equipe”.

Depois de uma frustração enorme de 2019, quando também teve uma campanha de recuperação e perdeu o acesso em um jogo em que vencia por 2 a 0, a temporada atual passou a ter uma relevância ainda maior, uma tábua de salvação para as finanças com a possibilidade de ir para uma competição bem mais vantajosa financeiramente. “Sabemos agora da importância desse quadrangular não só para nós atletas, para também para a instituição Paysandu e estamos encarando isso com o máximo de seriedade possível”, confirma Alex Maranhão.

E mais…

O confronto de hoje entre Paysandu e Ypiranga-RS será apenas o terceiro entre os dois times. Ano passado, pela primeira fase da Série C, o Papão venceu por 1 a 0 fora de casa e empatou sem gols em Belém. O jogo marca o encontro de dois amigos, ambos de Campinas (SP). João Brigatti, 56 anos, e Celso Teixeira, 59 anos, do Canarinho, se assemelham até por terem assumido seus respectivos times há pouco tempo. No Papão, Brigatti acumula seis jogos com quatro vitórias e dois empates. Celso Teixeira assumiu o Ypiranga apenas nas duas rodadas finais da fase e tem 100% de aproveitamento.

João Brigatti tem duas passagens pela Curuzu e em ambas tem bons números. Ao todo, ele sustenta uma invencibilidade de 14 jogos, com nove vitórias e cinco empates. O treinador deixou pela primeira vez o clube paraense durante o Parazão do ano passado, após vencer um Re-Pa e se desentender com o presidente Ricardo Gluck Paul, com quem fumou o cachimbo da paz para acertar o retorno. No Ypiranga, Celso Teixeira assumiu o time fora do G4 e numa sequência de resultados ruins, situação que foi revertida com duas vitórias. O atual comandante bicolor tenta emplacar o segundo acesso seguido em sua carreira. Ano passado, após a saída do Paysandu, ele assumiu o Sampaio Corrêa-MA e tirou a Bolívia Querida da parte de baixo da tabela para levá-la ao acesso à Série B.

Com Micael no time titular, o Papão dificilmente perde uma partida

Na reta final da primeira fase, quem fez a diferença no Paysandu foi o setor defensivo. Do ataque ao goleiro, o time bicolor se dispôs a marcar forte para resolver na frente em ataques cirúrgicos. Curiosamente, toda a linha de defesa está no Papão desde o ano passado. Com Tony, Micael, Perema e Bruno Collaço como titulares, a última derrota da equipe alviazul foi na final da Copa Verde do ano passado, o 1 a 0 a favor do Cuiabá-MT, dia 20 de novembro. Há mais de um ano que essa defesa não sai derrotada de campo. A eles se juntou o goleiro Paulo Ricardo, que está há mais tempo ainda no clube. De lá para cá foram 21 jogos juntos, nenhuma derrota e apenas oito gols sofridos. Capitão bicolor, Micael ostenta esse número de que com ele em campo o Paysandu quase não perde nessa Série C, ainda assim é um nome que sofre muita resistência por parte da Fiel. Ele garante que encara de boa as críticas e que nenhuma delas chega perto das cobranças que faz a ele mesmo. Muito próximo de ter mais uma vez uma chance de acesso, ele falou sobre o papel da defesa no time, das críticas e do entrosamento do quinteto defensivo.

P Os quatro jogadores da linha defensiva jogam juntos desde o ano passado e todos conhecem Paulo Ricardo desde que chegaram. O quanto esse entendimento tem sido importante nessa reta final de competição?

R O entrosamento é muito importante no meio do futebol. Desde o ano passado a gente já tinha bons números defensivos e esse ano estamos dando continuidade a um trabalho. Isso é muito importante para qualquer time. Já conhecíamos o Paulo desde a temporada passada e esse entendimento está sendo muito tranquilo.

P Seus números com a camisa bicolor são muito bons nesse campeonato. Por que você acha que parte da torcida ainda tem certa resistência a seu nome?

R Fico muito feliz em sempre poder ajudar de forma atuante, ajudar o Paysandu a alcançar números importantes, não tomar gols. A questão da resistência de parte da torcida eu deixo de lado. Eu procuro sempre fazer o meu melhor e vencer. A gente tem que saber lidar com as críticas, sendo que as principais críticas são as minhas e do treinador. Independentemente das críticas, estamos do mesmo lado. Seja quem for jogar eu acredito que a torcida tem que apoiar e ajudar.

P Em quase todos os esportes coletivos primeiro se arruma a defesa para depois partir para o ataque e com o futebol é assim. O brasileiro está acostumado com o ataque e somente há alguns anos começou a dar mais importância à parte tática. Por isso talvez ainda seja difícil para o torcedor reconhecer uma regularidade de um setor defensivo?

R A parte defensiva, principalmente, é muito mais tática que o ataque. Na frente, independente de como o time está, uma individualidade faz muita diferença e resolve um jogo. Lá atrás a gente marca como um setor, seja quem estiver pela frente, até um craque. É uma missão difícil de se fazer e acho que aos poucos o torcedor está reconhecendo isso. Aqui no Paysandu estamos mostrando que uma defesa forte funciona, que isso traz bons frutos. O time todo está unido na questão tática para se defender e para atacar, também.

(Diário do Pará)

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