Movimento que alia reinserção social, economia criativa e principalmente valorização da autoestima. Mulheres custodiadas do sistema prisional apresentaram um desfile de moda durante a programação oficial da COP 30, na Green Zone. A iniciativa integrou a agenda de atividades paralelas que discutem sustentabilidade, inclusão e justiça social como pilares do enfrentamento às mudanças climáticas.
O desfile reuniu peças desenvolvidas pelas próprias internas e egressas do sistema prisional, fruto de oficinas de capacitação em costura, design e modelagem realizadas dentro das unidades. Cada look carrega, além da técnica, um fio narrativo: histórias de resistência, reconstrução e futuro possível.
“Essas mulheres estão criando novas trajetórias. A moda aqui é mais do que estética: é linguagem, ferramenta de expressão e oportunidade de recomeço”, destacou a coordenadora do projeto, que acompanha o grupo desde a fase de formação.
As coleções apresentadas foram produzidas com materiais sustentáveis e reaproveitados, como tecidos reutilizados, retalhos e bordados feitos à mão — reforçando também o compromisso com práticas alinhadas ao desenvolvimento socioambiental. O processo de criação envolveu pesquisa de tendências, definição de paleta de cores e até ensaios de passarela, mostrando profissionalização e envolvimento profundo das participantes.
Para as mulheres que subiram à passarela, o momento representou mais do que uma performance de moda: foi reconhecimento. “Quando estou costurando, sinto que estou reconstruindo a mim mesma”, disse uma das egressas, que hoje trabalha profissionalmente na área de confecção. “Aqui ninguém olha para nossa sentença, mas para o que podemos construir.”
A presença do desfile na COP30 reforça debates sobre a importância de políticas de ressocialização efetivas, que ofereçam formação e autonomia para mulheres encarceradas e pós-encarceradas. Os resultados do programa já apontam reduções nos índices de reincidência e aumento no acesso ao trabalho digno após o cumprimento da pena.
Ao final da apresentação, o público aplaudiu de pé. Não apenas pelos looks, mas pela história que eles contavam: a possibilidade de novos caminhos quando há investimento em educação, arte e inclusão.
A iniciativa se consolida como exemplo de como a justiça social também é pauta climática — porque um futuro sustentável exige garantir dignidade e oportunidades para todas.


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