No coração das quatro linhas, o futebol é muito mais do que apenas técnica, tática e raça. É preciso ter astúcia e perspicácia. Aliado a tudo isso, é necessário ter malandragem.
Esse termo, ligado à cultura futebolística brasileira, trata-se de tirar proveito das regras e situações do jogo, muitas vezes de maneira astuta e até mesmo questionável.
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Mas calma, ninguém aqui está falando sobre o antijogo raiz, mas sim de se adaptar e superar adversidades com inteligência e malícia, coisas que estão faltando ao Paysandu na Série B 2024.
O Papão em ao menos sete jogos, das 18 rodadas disputadas até aqui, poderia ter conseguido um resultado melhor, caso tivesse astúcia, perspicácia e a famosa malandragem.
Rodada 2: Paysandu 1 x 1 Botafogo-SP
O Paysandu recebia o Botafogo-SP e estava em um jogo complicado, principalmente após a expulsão de Bryan Borges. No entanto, Esli Garcia entrou no jogo para marcar um golaço e abrir o placar.
O gol saiu aos 68 minutos e, faltando 22 minutos, não conseguiu segurar o resultado, muito por não saber como gastar o tempo. Aliado a isso, a falta de experiência de Wanderson no empate, ao deixar o atacante tomar a frente.
Rodada 5: Paysandu 1 x 1 Goiás.
Novamente, o Paysandu saiu na frente, aos 19 minutos do primeiro tempo, com Nicolas. Ficou com um jogador a menos aos 45 do segundo, mas viu o Esmeraldino perder um jogador na segunda etapa, aos 25 minutos.
Até aí, um jogo seguro do Papão, que via o número de jogadores se igualar novamente. No entanto, aos 85 minutos, viu Juninho passar por 5 marcadores e construir a jogada do empate, sem ninguém para matá-la na intermediária.
Rodada 11: Paysandu 1 x 1 CRB.
Outro jogo brigado, disputado, mas que o Papão saiu na frente do placar, em cobrança de pênalti de João Vieira. Tanto trabalho para marcar o gol para, cinco minutos depois, sofrer o empate.
E aí aqui entramos em um ponto muito criticado na forma de jogar do técnico Hélio dos Anjos: a linha alta. A zaga bicolor estava na intermediária quando Léo Pereira recebeu o passe e foi até o gol sozinho.
Para que a linha alta naquele momento? Não é demérito algum fechar a “casinha” e sair para o ataque somente na boa. Deixar a defesa exposta já vem custando caro ao Papão faz tempo.
Além disso, o Lobo levou vários cartões vermelhos desnecessários no início da competição. Edílson teve a opção de matar a jogada, mas não fez. Às vezes, o antijogo vale a pena.
Rodada 13: Paysandu 1 x 1 Operário.
Gol no início, porém postura muito defensiva, abdicando de atacar, de jogar, fazendo o Operário crescer e empatar o jogo aos 88 minutos. Novamente um “balde de água” fria na Fiel Bicolor.
Não houve malícia para segurar o resultado. O Paysandu simplesmente não conseguia gastar tempo e era tudo o que os visitantes queriam. Conclusão, dois pontos a menos na conta.
Rodada 14: Coritiba 1 x 1 Paysandu
Jogo grande fora de casa, contra uma equipe candidata ao acesso. E o Paysandu jogava com inteligência, coragem, não foi à toa que abriu o placar aos 32 minutos com Nicolas.
Porém, novamente a linha alta: 45 minutos, com mais três de acréscimos para rolar e onde estava a zaga do Paysandu, com a equipe vencendo o jogo? No meio de campo. Contra-ataque fatal e gol do Coxa. Sem mais!
Rodada 17: Brusque 1 x 0 Paysandu
Aqui faltou tranquilidade para Leandro Vilela, que perdeu a bola no meio, e mais tranquilidade ainda para Lucas Maia, que cometeu um pênalti com apenas 7 minutos e levou cartão vermelho.
Talvez a melhor opção era deixar o lance ser concluído, mesmo que o gol saísse, seriam 11 x 11 para buscar a virada, já que o Lobo tinha plenas condições por ser uma equipe melhor. Ou seja, faltou perspicácia.
Rodada 18: Paysandu 1 x 3 Novorizontino.
Este jogo está fresquinho na memória do torcedor. O Paysandu abriu o placar após um presentão, não teve competência para ampliar o placar e retribuiu o favor em três parcelas, mas saindo no prejuízo.
Novamente, levou o gol de empate nos acréscimos do primeiro tempo, após um pênalti construído em um contra-ataque que pegou a defesa no meio-campo, assim como contra o Coritiba e CRB.
Depois, Paulinho Bóia e João Vieira perderam bolas no meio de campo, igual a Leandro Vilela contra o Brusque, e entregaram os outros dois gols. Derrota amarga e dolorosa.
Na virada, Wanderson ficou no mano a mano com Lucca, recuou da intermediária até a área, dando espaço e deixando o atacante próximo do gol. Detalhe: o zagueiro tinha quatro companheiros chegando para ajudar.
Apesar das decisões erradas que está cometendo, o Paysandu tem mostrado potencial e uma capacidade de enfrentar qualquer adversário na Série B do Campeonato Brasileiro.
A falta de astúcia e perspicácia em momentos cruciais pode ter custado pontos importantes, mas também evidenciou o quanto a equipe é capaz de se destacar quando ajusta a abordagem.
O Papão continua a lutar e demonstrar qualidade, e com um pouco mais de inteligência e malandragem, tem tudo para reverter a situação e melhorar o desempenho na Série B.