A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, depôs na CPI da Manipulação de Jogos na tarde desta quarta (5). Em uma hora e meia de sessão no Senado, ela disparou contra John Textor, cobrou punição severa e provocou o norte-americano, dono da SAF do Botafogo.

Leila começou reforçando seu compromisso com a volta da credibilidade do futebol brasileiro. Ela fez uma declaração breve e utilizou pouco mais de um minuto dos 15 que tinha à disposição em sua fala inicial. O presidente da CPI, Jorge Kajuru exaltou a integridade da dirigente do Palmeiras antes de passar a palavra.

A presidente do Palmeiras detonou as denúncias feitas por Textor e exigiu punição exemplar. Ela ressaltou que o norte-americano não apresentou provas da acusação de manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro e que o Palmeiras não vai desistir de ir até o fim contra ele. O clube entrou com medidas na Justiça e aguarda o trâmite dos processos.

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Ela encerrou seu depoimento provocando o dono da SAF do Botafogo: “Está na história por perder um campeonato que estava na mão”. Leila também criticou a impunidade do futebol, sugeriu reforçar a conscientização dos atletas como medida para combater a manipulação e a utilização de IA (inteligência artificial) nas acusações.

“Tomamos medidas na esfera criminal, cível e desportiva. Vamos aguardar, estão em tramite ainda. Não vamos desistir enquanto esse cidadão não seja devidamente e exemplarmente condenado. Ele não vai ficar fazendo alegações sem provas, descredenciando dois títulos conquistados de forma transparente pelo Palmeiras.

Gostaria de saber se o Botafogo fosse campeão, se ele estaria denunciando manipulação… John Textor tem que saber que está na história do Botafogo porque perdeu um campeonato que estava na mão dele, sob responsabilidade dele. Será lembrado para o resto da vida por esse episódio.

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Uma coisa interessante que eu vi no depoimento dele, que a IA pode ajudar a identificar comportamentos fora do comum de jogadores em campo. Realmente, o palmeiras tem comportamento diferenciado. Paga seus jogadores e comissão técnica em dia, trabalha de forma transparente, tem credibilidade. O Palmeiras sabe que pode contar com a presidente. Essa é a diferença. Estranho que a IA do Textor não captou”, disse Leila Pereira, na CPI.

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O QUE MAIS LEILA DISSE

Discurso inicial

“Gostaria de agradecer ao convite pela oportunidade de estar aqui para contribuir nesses trabalhos extremamente relevantes para o futebol brasileiro. Me coloco à inteira disposição de todos. Quando fui eleita presidente do Palmeiras, meu desejo sempre foi trabalhar para que o Palmeiras seja vitorioso, mas, principalmente, para que o futebol brasileiro volte a ter credibilidade porque, sem isso, não chegamos a lugar nenhum. Utilizo a administração do Palmeiras para mostrar ao Brasil que é possível fazermos um futebol, melhor, sério, trabalhando de forma transparente e com responsabilidade”.


Sugestão de ações de combate à manipulação

“Nós fazemos constantemente no Palmeiras um processo de educação de nossos atletas, principalmente a meninos da base, mas também profissionais em relação à responsabilidade com a profissão. Acho que é a educação. Todos os clubes, CBF, Conmebol e Fifa deveriam potencializar cada vez mais a conscientização de atletas, colocando na mente deles que, agindo de forma incorreta, podem prejudicar seu futuro”.

Denúncia com IA

“Textor paga em dia os atletas dele, comissão técnica e seus credores? A empresa que ele contratou, contratou para fazer um parecer. Como ficou indignado que perdeu o campeonato, contratou uma empresa pra dar um parecer e escrever um documento dizendo que há manipulação. É um parecer parcial, que credibilidade tem esse documento? Como colocar em xeque dois títulos do Palmeiras? Não vejo outros clubes fazendo movimento para que a CBF tome posição mais firme contra John Textor, mas o Palmeiras está tomando e não vamos desistir”.

Confia no VAR?

“Sim, eu confio. O Palmeiras já teve problemas sérios com o VAR. Em 2022, na Copa do Brasil, não foi traçada uma linha de impedimento e aquilo prejudicou de forma objetiva o Palmeiras. Foi um erro muito grave. Acredito no VAR mas também que existem erros, que as pessoas precisam ser mais capacitadas. Acredito que a CBF e que o diretor de arbitragem estão trabalhando para melhorar cada vez mais nossa arbitragem. Acho que o VAR tem que continuar, sim, mas precisamos capacitar melhor as pessoas que manejam”.

A favor da penalização por envolvimento em apostas?

“Claro que sim. Sem punição, não se chega a lugar nenhum. A impunidade é semente do próximo crime. Sem punição severa, não adianta. Não adianta advertência. Se participa de esquemas que prejudica a credibilidade, trabalho serio dos clubes, tem que ser banido do futebol.

Única senadora no plenário

Prazer estar com você [Margareth Buzetti], uma mulher no senado. Você deve ter visto minha entrevista que convoquei somente mulheres. Não é preconceito com homens, mas nós mulheres temos que mostrar q temos capacidade. O que nós queremos é só oportunidade para mostrar que somos capazes. Infelizmente sou a única mulher presidente de um clube da serie A e serie B. Torço muito que outras mulheres estejam nesse lugar. As coisas não caem do céu. Estamos aqui porque lutamos por isso, e nós mulheres temos que lutar pelos nossos espaços.

Estrangeiro descredibilizando o futebol brasileiro

“Tenho liberdade para falar do John Textor. Não tenho nada contra, tenho profundo respeito ao Botafogo e aos torcedores, mas fui eleita presidente do Palmeiras para defender o clube. Não posso deixar em momento algum quem quer que seja desqualificar dois títulos conquistados pelo Palmeiras. Vocês sabem como é difícil conquistar um Campeonato Brasileiro e eu sei o trabalho que temos dentro do Palmeiras. Meu trabalho, comissão técnica, atletas. Não posso deixar um estrangeiro vir para o Brasil e, porque perdeu um título, por incapacidade deles e por capacidade do Palmeiras, desqualificar esse titulo muito importante do Palmeiras. Minhas observações são em relação ao John Textor, não ao Botafogo. Ele tem que provar o que está dizendo.

Banimento se não apresentar provas

“Entramos com pedido de inquérito policial, pedindo investigação para apurar as denúncias que ele está fazendo. Se ele comprova, pessoas precisam ser punidas. Se não comprova, quem precisa ser punido é ele. Entramos com procedimento na esfera cível pedindo produção antecipada de provas. Se não provar, entraremos com ação pedindo indenização para ele. E também na esfera esportiva fizemos denúncia para que prove o que está dizendo. Resumindo: Se não provar nada, porque até agora não vi prova absolutamente nenhuma, ele teria que ser banido do futebol brasileiro. Porque, com denuncias irresponsáveis e criminosas, não afeta só o Palmeiras, afeta toda a credibilidade de todo o produto que é o futebol. As penas têm de ser duras e eficazes para que não se pense em fazer determinado ato criminoso. Só tem uma forma de educar”.

Dividiria camarote com Textor?

“Eu nunca fico em camarote. Se precisasse, ficaria e cumprimentaria, mas não há necessidade. Eu conheci John Textor, o vi uma vez e depois nunca mais”.

Denúncia à CBF:

“O inicio desse entreveiro foi nossa virada por 4 a 3. Essa é a realidade, não é questão de clubismo. E o estranho não foi o 4 a 3, isso não tem nada de estranho. Foi ali que aconteceu, não é questão de clubismo porque até ali não tinha nenhuma denuncia de manipulação. A partir dali começaram as denúncias. Não tenha duvida, se eu tiver conhecimento de alguma suspeita, eu denunciaria ao próprio presidente da CBF. A CBF tem uma empresa que trabalha nessa busca para que se detecte algum atitude suspeita. Cabe a cada um de nós dos clubes denunciar diretamente à entidade. Nunca tive essa suspeita e, se tivesse, eu denunciaria porque não trabalho com bandido”.

Preocupação com apostas

“É grande. Os atletas do Palmeiras, quando assinam o contrato, assinam uma cláusula que não podem apostar. Tem um código de ética. E fazemos projetos de educação, o atleta vai muito jovem para os clubes, acha que é normal e não é. Eles têm de seguir nosso código de ética e o que está em contrato”.

Impunidade no futebol:

Você já viu algum dirigente de futebol preso? Eu nunca vi, e conheço diversos clubes completamente quebrados. O que acontece? Absolutamente nada. Para melhorarmos o futebol, temos que melhorar toda essa atmosfera. Estou aqui para construir um futebol melhor. Temos que partir para Fair Play financeiro, os clubes estão gastando. Precisa da inteligência artificial para dizer: ‘Aquele atleta estava com inteligência estranha’. Pergunta há quanto tempo ele não recebe salário, com que garra ele vai jogar se o clube não cumpre obrigações com esse atleta? São questões que temos de discutir no futebol como um todo. O problema é que “no futebol tudo é permitido”, e isso tem que acabar. Sem punição a dirigentes que quebram o clube e não acontece nada, continuará assim”.

Clube do coração

“Que isso, senador? Meu sangue é verde. [E o coração?] Verde. (…) Meu pai era vascaíno, meus dois irmãos, e eu sou palmeirense. Eu conheci meu marido há muito tempo, tinha 18 anos e ele era palmeirense. Até aquela idade eu não ligava para futebol. Eu me tornei palmeirense por causa dele”.

Postura de presidente

“Quando há erros, é muito comum um presidente ir na imprensa e gritar. Eu não faço isso. Quando acho que o Palmeiras foi prejudicado, pego o avião, vou ao Rio de Janeiro e bato na CBF. Sei que para o torcedor parece q eu não fiz nada porque não dei chilique na imprensa, mas não acho que esse é o caminho. Converso com as pessoas que estão lá para isso”.

LEILA NA CPI

Leila aceitou o convite para depor na CPI porque o Palmeiras é citado no material levado por John Textor, dono da SAF Botafogo, que embasou a investigação sobre manipulação de jogos do Brasileirão. Textor a amenizar, dizendo que não acusava o Palmeiras de estar diretamente envolvido na corrupção, mas reforçou que o clube foi o beneficiado.

Os membros da CPI consideraram que o dono da SAF Botafogo levou “indícios” e não provas quando apresentou relatórios da empresa Good Game. A análise da companhia usa inteligência artificial e compara o padrão comportamental dos jogadores dentro de campo. Textor ainda não apresentou provas.

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