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Leia a coluna de Clayton Matos, ‘Bola Pro Matos’: Nunca é 11 contra 11

A pérola que muitos boleiros pós ou antes de um jogo decisivo solta nas entrevistas, seja para desabafar ou avisar que nada está perdido, não pode ser regra geral. Tudo bem que no futebol as forças se equivalem em jogos importantes, quando há dois times protagonistas, com torcidas fantásticas, mas em outros cenários é difícil de ser digerida a célebre frase de que na bola são 11 contra 11. Nos últimos dias tivemos dois bons exemplos de clubes gigantes que se apequenaram e se acomodaram com resultados pífios e eliminações frequentes.

São Paulo e Flamengo são as duas grandes decepções dos últimos anos do futebol brasileiro. Campeões de Libertadores e mundiais, ambos patinam nas competições que disputam, embora tenham uma saúde financeira de causar inveja. O Rubro-negro tem uma gestão exemplar, clube saneado, com capital para contratar jogadores de alto quilate, mas quando a bola rola é uma tragédia. As sucessões de erros são gritantes. A ponto agora de nenhum treinador renomado topar a proposta de comandar a equipe até o final do ano. É um transatlântico à deriva.

O Tricolor paulista não fica atrás. Foi despachado nesta semana pelo bom time do Atlético (PR) depois de estar ganhando por 2 a 0 e avançando às oitavas da Copa do Brasil. E dentro do Morumbi, onde normalmente vencia fácil. Foi a 18ª eliminações em mata-matas desde 2013. Muito para um clube de tamanha grandeza. Pior nisso tudo é o torcedor se acostumar com essas decepções e os jogadores manterem o mantra do “o time lutou, grupo tá unido, focado…” Tudo papo furado.

São raros os times hoje que fazem jus ao peso da camisa e à bola que joga. Grêmio e Corinthians estão nesse universo, e nem precisaram gastar tanto. No futebol atual não basta ter apenas raça ou jogar com alma. Quem estiver bem treinado, sem a necessidade de ter figurões nos elencos, vai levar vantagem sempre. Tradição pode até entrar em campo, a torcida ainda faz qualquer um tremer na base, porém não são mais fatores determinantes.

Aqui no nosso plano local a supremacia remista nos clássicos não veio por acaso. Principalmente quando a equipe esteve nas mãos de Givanildo Oliveira. Venceu o time mais arrumado, disciplinado, com uma boa proposta de jogo. Para o consumo doméstico, perfeito. Contudo, a Série C mostrou aos leoninos que é preciso melhorar mais, injetar outros jogadores com qualidade, senão vai ficar pelo caminho. Os deuses do futebol estão se aposentando cedo. Não basta apenas ter estrela, brilho ou só transpiração. Jogar o jogo, elaborar um planejamento, contratar as peças certas e ser inteligente são os trunfos do momento.

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