O Remo subiu a serra gaúcha e passou sem maiores percalços pelo Esportivo. Meteu 2 a 0, mas podia ter goleado, caso houvesse mais apetite ofensivo, algo que ainda falta em momentos pontuais. No geral, uma atuação segura, quase sem falhas. Classificação merecida à 2ª fase da Copa do Brasil, grana no banco (mais R$ 675 mil) e tranquilidade para o time se estruturar melhor ao longo do Campeonato Estadual.
Chamou atenção a boa investida que levou ao primeiro gol, logo aos 20 minutos, em jogada típica do Remo de Paulo Bonamigo. Bola com Marlon pela esquerda, passe para o centro da área, onde Felipe Gedoz esperava sem marcação. O chute saiu seco e certeiro, abrindo o marcador.
Apesar da vantagem estabelecida com facilidade, o Remo se acomodou pelo resto do primeiro tempo. Ficou controlando o jogo com a costumeira troca de passes no setor defensivo, fazendo o tempo passar. É claro que a ideia era minar o adversário, esperando espaço para avançar.
Só de vez em quando o ataque dava o ar da graça. Renan Gorne aparecia pouco porque a bola não chegava à área. Dioguinho era o mais dinâmico, atuando em velocidade desde o campo de defesa até o ataque. Essa liberdade para ir e vir faz dele hoje o principal jogador do time, pois é ao mesmo tempo atacante e válvula de escape.
Os laterais atuaram em nível, sem arriscar muito, mas aparecendo quando necessário. Marlon foi mais participativo atuando junto aos atacantes, mas Tiago Ennes (que substituiu Wellington) também teve boa participação.
A formação sofreu mudanças, que deram mais consistência ao meio-de-campo. Gedoz entrou na articulação, refazendo a parceria com Lucas Siqueira no setor, o que acabou por beneficiar diretamente a Uchôa, que teve sua primeira atuação satisfatória com a camisa do Leão.
Gabriel Lima pouco apareceu no primeiro tempo, mas melhorou na etapa final. No gol, Tiago Rodrigues voltou a aparecer (em substituição a Vinícius) e desta vez pontificou com grande defesa na penalidade cobrada por Wesley no canto direito. A infração foi assinalada quando o atacante forçou queda ao esbarrar no zagueiro Fredson.
Depois do penal mandrake, o Esportivo teve outra oportunidade, com Douglas Lima entrando na área após trombar com o goleiro Tiago. A bola sobrou livre para Daniel Cruz chutar na parte externa da rede.
Logo na retomada do jogo na segunda etapa, Renan Gorne surgiu na frente do goleiro Anderson, que fez boa defesa. Em seguida, aos 11 minutos, o lateral Norton botou a mão na bola e levou o segundo amarelo, enfraquecendo ainda mais o Esportivo.
Ao contrário de outras partidas, Bonamigo só começou a mexer no time após os 30 minutos, quando substituiu Uchoa por Jefferson Lima, Gabriel por Wallace e Renan Gorne por Lucas Tocantins.
Aos 35’, veio o segundo gol, que a arbitragem estranhamente invalidou. Wallace escapou pela esquerda em velocidade, fintou o goleiro e da linha de fundo cruzou para Dioguinho empurrar para as redes. Pressionado pelo banco de reservas do Esportivo, o auxiliar anulou a jogada.
Foi o segundo erro grave da arbitragem, que poderia ter comprometido o jogo desde o 1º tempo com o penal inexistente. O Remo não se abalou, teve mais oportunidades e acabou fechando o placar em 2 a 0, aos 41’, em lance iniciado por Dioguinho e concluído por Lucas Tocantins.
Exceto por algumas hesitações defensivas e excesso de preciosismo de Gedoz em lances de área, o Remo fez uma partida quase impecável, mantendo o ritmo do princípio ao fim. E mostrou equilíbrio diante de um adversário pilhado, que teve um segundo jogador expulso nos acréscimos.
No futebol, como na vida, intolerância é atraso
A tradição gaúcha de discriminação a nortistas voltou a marcar presença no confronto entre Esportivo e Remo. Justo na Copa do Brasil, competição mais democrática e generosa do futebol brasileiro. Comentários racistas, xenófobos e intolerantes acompanharam a transmissão feita pela CBF TV, através do serviço de streaming MyCujoo.
Na galeria de comentários, torcedores do Esportivo enviaram muitas mensagens desrespeitosas em relação ao Remo e à torcida paraense. Um espectador, identificado como “Fhe”, que usava a camisa do Grêmio na foto de perfil, escreveu: “Índios malditos. Ainda bem que essas porcarias estão do outro lado do Brasil. Morram ‘praí’, macacos”.
Como a transmissão é da própria CBF, espera-se – sem muita convicção – que a entidade tome algum tipo de providência a respeito.
Sem muito esforço, Voltaço despacha Japiim
O confronto entre irmãos aurinegros terminou mal para o representante do Pará. O Castanhal foi amplamente dominado pelo Volta Redonda, à tarde de ontem, no estádio Modelão, caindo por 3 a 0. E podia ter sido pior. Os visitantes desperdiçaram várias chances e tiveram um gol anulado injustamente ainda no primeiro tempo.
Alef Manga fez o primeiro, driblando dois marcadores e dando um balãozinho no goleiro Axel antes de tocar para o fundo do barbante. Logo depois, em jogada de linha de fundo, a bola foi cruzada para a pequena área e João chegou testando. Era o segundo gol, mas a arbitragem assinalou um impedimento que não existiu.
Depois do intervalo, o Castanhal voltou mais agressivo. Gui Campana mandou um chute no travessão e Guilherme tentou de cabeça, com perigo. Aí, aos 20 minutos, Alef Manga driblou Lucas e bateu forte fazendo 2 a 0. Nos acréscimos, Régis, que substituiu Manga, deu números finais ao jogo.