Quatro anos depois, Clube do Remo e Independente voltam a se enfrentar pela decisão do Campeonato Paraense. Em 2015, o Leão Azul levou a melhor. O Galo Elétrico tem mais uma oportunidade de chegar ao bicampeonato estadual. A conquista solitária veio em 2011, sobre o Paysandu. Já o time azulino tenta sua 46ª conquista, o que o deixaria a apenas uma do maior rival, ainda o principal vencedor do futebol paraense.
A primeira das duas partidas decisivas começa às 16h, no Mangueirão, e a promessa é de que finalmente o Parazão tenha jogos com bom nível técnico, com muita emoção, à altura da sua tradição e da torcida. O Independente abriu mão de mandar o jogo de hoje em Tucuruí por causa da arrecadação.
Oficialmente, a dificuldade de acesso por causa da queda de parte de uma ponte na Alça Viária é o motivo oficial, mas a possibilidade de conseguir uma renda que banque todo o campeonato foi muito atraente para o clube do interior. Para os azulinos, foi evitado não só o desgaste de uma viagem, mas também o péssimo gramado do estádio Diogão.
O campo local já é ruim, com o período de chuvas no estado fica praticamente impraticável. Remo e Independente se enfrentaram duas vezes no Parazão, ambas pela primeira fase. O Leão goleou por 4 a 0 em Tucuruí, depois, já no Mangueirão, os dois times empataram em 1 a 1.
Nas duas partidas decisivas, não há vantagem para nenhum lado. O volante Yuri, do Remo, sabe do equilíbrio que deve haver logo mais no estádio estadual, mas reconhece que, pela tradição, a cobrança está toda sobre os azulinos. “A gente precisa assumir essa responsabilidade e fazer dois grandes jogos. Temos muito respeito ao adversário. Estamos com os pés no chão”.
O técnico do Independente, Charles Guerreiro, aposta na experiência de alguns jogadores com passagem por Paysandu e Remo, além da presença do quinteto que veio de Macapá (AP). “São jogadores experientes, rodados e com passagens por Paysandu e Remo. Tem também a base dos jogadores do SantosAP que ajudou muito na formação de uma base”, confirmou Guerreiro, falando de Dedé, William Fazendinha, Jari, Diego e Fabinho, este último o único ausente por causa de uma lesão.
O comandante do Galo aposta na força que o time tem mostrado fora de casa. “Temos que jogar da mesma fora como fazemos fora de casa. A pressão da torcida é de longe e não afeta nosso time, que é muito experiente”, diz. Que vença, portanto, o melhor no 11 contra 11.
Uma jornada especial
Do alto dos seus 1,90m, Diney Silva da Costa tem uma fala mansa, tranquila e num tom até baixo demais para uma conversa. Em campo, quando passa a ser o zagueiro Dedé, é o dono da zaga, fala grosso, se impõe no aspecto físico e, no jogo aéreo, tem sido um dos principais nomes do Campeonato Paraense. O jogador amapaense de 23 anos deve fazer hoje seu penúltimo jogo com a camisa do Independente. Ao fim do Parazão, deve ser negociado com outro clube.
Paysandu e Remo estariam no páreo. Natural de Macapá (AP), criado na comunidade de Torrão do Matapi, Diney virou Dedé somente aos 17 anos, quando começou nas categorias de base do Santos-AP. Antes, não tinha a autorização do pai, que relutava em se afastar do caçula de nove filhos.
Somente com o falecimento do pai é que Dedé teve autorização da mãe para seguir o sonho. A notoriedade no futebol local poderia ser maior. Após destacar-se pela Tuna na Segundinha, foi procurado pelo Remo. No entanto, não houve acordo e o destino foi Tucuruí. O bom desempenho chamou atenção. “Não esperava tanto. Sempre tive vontade de jogar o Paraense, mas não esperava essa projeção já na minha primeira vez aqui”, diz o zagueiro. Dedé sabe que após o próximo domingo deve assinar com outro clube.
Ele garante que não sabe qual será e prefere que seja assim. “Sei que tem algumas propostas, mas não sei quais são. Depois das finais vamos conversar com o pessoal do Santos. Isso mexe com a cabeça, sim. Penso muito no futuro, mas tenho que manter o foco na final”. Entre as especulações por Dedé estaria um suposto interesse do Vasco. “Soube do Paysandu e do Remo, já essa história do Vasco não sei nada de oficial”.
(Tylon Maués/Diário do Pará)