O atleta de judô Keven Luan dos Santos Souza foi baleado nas costas enquanto andava de moto em Jequié, no sudoeste da Bahia, na terça-feira (9). Ele foi atingido durante abordagem da Polícia Militar, no bairro de Jequiezinho.
O judoca estava na garupa da moto e, segundo a PM, o motorista não obedeceu a uma ordem de parada. A corporação alegou que, em resposta, a dupla atirou contra os militares e fugiu.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que só depois foi informada que um homem deu entrada no hospital da região com ferimentos por arma de fogo.
O atleta foi levado para o Hospital Geral Prado Valadares, onde passou por cirurgia. A Secretaria de Saúde da Bahia, responsável pela unidade médica, não informou qual o estado de saúde dele.
A Polícia Civil informou que investiga o caso, que foi registrado na 1ª Delegacia Territorial de Jequié. Guias periciais foram expedidas, e os agentes estão ouvindo testemunhas.
Souza é atleta do Projeto Judô Ação e monitor do esporte em uma escola. Ele também já representou a Bahia em algumas competições nacionais e ficou em primeiro lugar do ranking estadual em 2023 na categoria sênior (abaixo de 100 kg).
De acordo com o Projeto Judô Ação, Souza estava acompanhado de um adolescente, que dirigia a moto. Apesar de eles não terem parado após a ordem policial, o judoca teria levantado os braços para mostrar que não estava armado.
Segundo a Polícia Militar, o caso aconteceu enquanto policiais do 19º batalhão faziam uma ronda pelo bairro. A corporação informou que uma pistola calibre 32 foi apreendida após o episódio.
Em nota, o Projeto Judô Ação afirmou:
“Keven é um judoca promissor que representou a cidade de Jequié e o estado da Bahia em diversos campeonatos brasileiros e nacionais. Patrocinado pelo Governo do Estado, melhor atleta do ano de 2023 do estado da Bahia está sendo convidado para fazer parte de outros clubes do Brasil”.
Souza faz parte do Fazatleta, programa do governo estadual que concede uma espécie de bolsa-auxílio mensal para atletas do estado. Também treina em um centro de artes marciais apoiado pelo governo estadual.
Questionado sobre o episódio, o secretário de Trabalho e Esporte da Bahia, Davidson Magalhães, disse não ter informações sobre as circunstâncias em que ele foi baleado, mas disse lamentar o episódio.
“É lamentável. Keven é um atleta extremamente dedicado e promissor. Ele faz parte de um dos programas que o governador mais tem incentivado, que é o envolvimento dos jovens no esporte”, afirmou.
Jequié é a considerada mais violenta do Brasil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com uma taxa de 88,8 mortes a cada 100 mil habitantes. No mesmo levantamento, a Bahia figura como o segundo estado mais violento.
Nesta quarta-feira (10), o governo baiano divulgou o balanço dos dados de violência do estado, que indicaram uma queda de 6% de mortes violentas em relação ao ano anterior. Em 2023, foram registradas 4.855, enquanto em 2022, 5.166.
O governo de Jerônimo Rodrigues (PT), porém, não informou o número de mortes por intervenção policial. Os dados não são contabilizados dentro do indicador de mortes violentas, que inclui homicídios, feminicídios, lesões corporais e latrocínios.
Segundo dados do Ministério da Justiça, divulgados no fim de dezembro, a Bahia é o estado com mais mortos em ações da polícia. Foram, entre janeiro e outubro de 2023, 1.410 casos -equivalente a 27% de todos os autos de resistência registrados no país. O número é bem superior aos de Rio de Janeiro (770) e São Paulo (407).