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Janeiro Verde

Oncologista Paula Sampaio - Foto: Leg

No Brasil, o mês de janeiro é dedicado à prevenção contra o câncer de colo de útero. De acordo com o INCA – Instituto Nacional do Câncer, o tumor de colo de útero é o 3º tipo mais frequente na população feminina, atingindo mais de 16.710 mulheres por ano, no Brasil (estimativa de novos casos por ano no triênio 2020/2022).

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), tirando o câncer de pele não melanoma, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Não bastasse isso, há outros tipos de câncer relacionados ao HPV, como os de boca e orofaringe, vulva, pênis e canal anal.

Segundo o INCA, a estimativa é registrar 780 novos casos no Pará e 110 em Belém até o final de 2022. A região Norte é a única no Brasil em que a incidência do câncer de colo de útero supera a do câncer de mama.

Prevenível – Uma vacina capaz de evitar o câncer. Para quem conhece minimamente o assunto parece impossível. Afinal, existem mais de 200 tipos de câncer. O que chamamos de câncer são muitas doenças diferentes. Mas, uma pesquisa publicada recentemente na The Lancet, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, faz repensar essa possibilidade, pelo menos com relação ao câncer de colo de útero.

O resultado da pesquisa da Lancet é extremamente animador sobre a eficácia da vacina contra o HPV no combate o câncer de colo de útero. Os pesquisadores da Escola de Câncer e Ciências Farmacêuticas da King’s College, de Londres, constataram que a vacina contra o HPV reduziu a incidência do câncer de colo de útero em 87% no grupo de mulheres que participaram da pesquisa e que tomaram a vacina quando tinham 12 ou 13 anos.

A saúde dessas mulheres foi acompanhada pelos pesquisadores desde 2008. É a comprovação científica de que a vacina contra o HPV é uma das armas mais importantes no combate ao câncer de colo de útero, que é um recurso capaz de erradicar a doença para as gerações futuras.

O HPV é responsável por cerca de 90% os casos de câncer de colo do útero e a doença PODE ser evitada com a vacinação em massa.

“O número anual de mortes por câncer de colo de útero é de cerca de 6 mil e 500 mulheres por ano, no Brasil. Veja se não é um absurdo total a gente perder tantas vidas por ano para um câncer que é totalmente prevenível”, afirma a oncologista Paula Sampaio. “Por isso, o resultado dessa pesquisa é tão importante”, comemora a médica. “Se conseguirmos a vacinação em massa contra o HPV, que as pessoas usem preservativo e que as mulheres com mais de 25 anos façam o papanicolau, anualmente, estaremos no caminho da erradicação do câncer de colo de útero”, resume a médica.

No Brasil, a vacina está disponível na rede pública para meninas entre 9 e 14 anos e, para meninos, entre 11 e 14 anos. Essa faixa etária foi escolhida por ser a que apresenta maior benefício pela grande produção de anticorpos e por não ter sido exposta ao vírus. O objetivo é que as crianças e adolescentes sejam vacinados antes de iniciar a vida sexual. “Não se trata de uma vacina contra DST´s (doenças sexualmente transmissíveis), é muito mais do que isso. É uma ferramenta eficaz na prevenção do câncer, mas boa parte da população não está aproveitando essa oportunidade por desinformação e preconceito”, lamenta a médica.

No Brasil, apesar de as doses estarem disponíveis nos postos de saúde, a cobertura vacinal contra o HPV é considerada “insatisfatória” por especialistas na área. Numa análise publicada no final de 2020, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) aponta que 70% das meninas de 9 a 15 anos e pouco mais de 40% dos meninos de 11 a 14 anos tomaram a primeira dose da vacina.

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