Em coletiva marcada por alertas contundentes e apelos diretos aos negociadores, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou nesta quinta-feira (20), na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que o planeta “está doente” e que os impactos climáticos extremos já estão sendo sentidos “em todos os cantos do mundo”. Durante o discurso, o líder internacional também reforçou que a janela para limitar o aquecimento global a 1,5°C “está se fechando rapidamente”.
Guterres elogiou o papel da presidência brasileira da COP30, destacando o esforço do país para manter diálogo com diversas partes interessadas, incluindo povos indígenas, sociedade civil, juventudes e representantes de diferentes setores. Segundo ele, “a liderança brasileira tem sido fundamental em um momento em que o mundo precisa desesperadamente de cooperação e coragem”.
Transição energética
Sobre transição para energias renováveis, Guterres reiterou que é “inevitável”, mas precisa se tornar “rápida e justa”. Ainda segundo ele, a energia limpa “nunca foi tão barata ou tão acessível”, sendo capaz de impulsionar crescimento econômico e proteger famílias das oscilações dos mercados fósseis. O secretário lançou um apelo para a criação de uma nova coalizão global de energias renováveis, com o objetivo de tornar a energia limpa “a escolha padrão” em todo o planeta, incluindo setores de difícil.
Desmatamento zero até 2030
Em um dos momentos mais firmes da coletiva, o secretario-geral afirmou que é “impossível estabilizar o clima sem deter e reverter o desmatamento até 2030”. “A natureza continua sendo um escudo vital para nossa sobrevivência. Não há caminho para limitar o aquecimento global se continuarmos destruindo florestas”, reforçou ele. Além disso, o secretário-geral dedicou parte significativa do discurso ao financiamento climático, tema central dos debates desta COP. Ele defendeu:
- que países desenvolvidos cumpram e ampliem suas metas;
- que o sistema financeiro internacional seja reformado;
- que bancos multilaterais se tornem “maiores, mais ousados e mais capazes de assumir riscos”;
- • que haja uma rota clara para mobilizar US$ 1,5 trilhão ao ano até 2035 para países em desenvolvimento.

