Clássico não é disputa para meninos. E, ontem à tarde, os jogadores do Clube do Remo demonstraram toda a imaturidade possível que, em Re-Pa’s, não são perdoadas e costumam castigar quem se apresenta de tal forma. A pisa de 3 a 0 foi a resposta perfeita da bagunça tática azulina. Para quem esperava se reabilitar após a eliminação da Copa do Brasil, o placar adverso não só piorou o clima pelo Baenão, como encerrou a invencibilidade no Estadual.
Com três gols tomados, o goleiro Vinícius não escondeu a frustração. “É difícil. Falar agora é complicado porque perdemos o clássico. Não jogamos bem, a verdade é essa”, comentou. “É voltar para os treinamentos e buscar consertar isso o mais rápido possível”, completou o arqueiro.
O Remo contou com quatro jogadores de ataque no Re-Pa de ontem. Cinco, se contarmos com Echeverría, mas que atuou como ala. A fragilidade ofensiva azulina, escancarou a falta de suporte até na defesa, com marcação falha. Gustavo, que havia feito dois tentos e novamente foi uma das peças de esperança, deixou a sua análise. “Foi dia deles. Nós tentamos, mas eles foram felizes e ganharam de nós hoje, mas ainda tem jogo e vamos continuar ralando pra apagar isso”, observou.
PRESA FÁCIL
Ontem, nada do que estava previamente combinado estrategicamente para o Re-Pa por parte do Clube do Remo, funcionou. O treinador Netão até fez menção à expulsão de David Batista como fundamental para o baixo nível tático/técnico. Só que, para outros, a saída do centroavante evidenciou um problema que, desde a pré-temporada, ainda nos amistosos, tem se estendido: a inexistência de produtividade no meio-campo. Com um a menos, o setor foi o primeiro a ceder em campo. Combate corpo a corpo violento e com pouco foco em marcar, a zona que deveria manter a posse de bola para não entrar na roda do rival, se apavorou, errando passes bobos de meio metro.
Diogo Sodré, que atuou mais avançado para exercer a função de distribuidor, comentou sobre a falta de sincronia na derrota de 3 a 0. “É difícil com um a menos, campo pesado. Foi mais na correria do que técnica, e isso fez a gente pagar a conta”, contou.
Quem mais tentou sair jogando, mas também sem muito êxito, devido o abalo dos companheiros, foi o lateral-direito Djalma. Experiente em clássicos, o profissional tentou amenizar a falta numérica azulina no gramado com o toque, só que sem sucesso. Para o jogador, a nula compactação quebrou as pernas do Leão. “Clássico é isso, um erro define tudo e erramos muito. Eles foram melhores hoje, mas nós erramos muito também. Time não se encaixou e isso fez a gente pagar um preço alto”, comentou.
Netão com a corda no pescoço após duas derrotas
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Treinador, que faz rodízio todo jogo, botou a culpa do resultado na expulsão precoce de David Batista (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)
A insistência no rodízio feita pelo treinador João Nasser do Clube do Remo, novamente foi pauta, dessa vez, após a derrota por 3 a 0 para o Paysandu. Contudo, o treinador, que enfatizou a efetividade rival pelo resultado construído, destacou a expulsão de David Batista como primordial pelo revés.
Para Netão, a situação poderia ter sido oposta caso o cartão vermelho não tivesse ocorrido. “Foi uma situação infeliz. Não foi um jogo muito abaixo nosso, mas as circunstâncias criaram isso. O time cansou por ter que correr por dois e isso mexe com o (sistema) tático montado. Jogo é gol, não tem jeito”, pontuou.
Com dois resultados ruins seguidos nos dois principais confrontos da temporada até o momento, o comandante sabe que não terá vida fácil, especialmente com a torcida. Questionado sobre demissão, no entanto, Netão se mostrou bem à vontade para comentar sobre o assunto. “Sou funcionário do clube. A pressão é minha, tenho um histórico vencedor. O campeonato não acabou para mim, como não acabou para o Remo”, concluiu.
MIMICA
Com menos de 15 minutos de partida, o zagueiro azulino Mimica precisou deixar o campo do Mangueirão por lesão.
No fim da noite de ontem, a assessoria do Remo informou que o atleta sofreu uma fratura e lesão ligamentar no tornozelo direito.
Mimica ficou de ser operado hoje e deve ficar três meses em recuperação.
ATUAÇÕES DO REMO
Vinícius – Não fosse por ele, o Remo teria tomado ainda mais gols – 7
Djalma – Único jogador azulino lúcido em campo. Correu por dois pela direita após a expulsão de David Batista – 7
Mimica – Azarado, o líder da zaga saiu lesionado com menos de 15 minutos de jogo – sem nota
Rafael Jansen – Pouca e agilidade e vontade na zaga foram nome e sobrenome do zagueiro – 4
Ronaell – O ala abriu uma verdadeira avenida para os rivais chegarem com facilidade pela esquerda. – 3
Welton – Cabelo em dia, futebol em falta. Correu para não chegar em todas as disputas – 3
Vacaria – Estava mais focado em subir o calção e bater boca do que ajudar o time – 0
Diogo Sodré – Só sujou roupa: passes errados, falta de noção de espaço e dificuldade em dominar a bola. Um dos piores em campo – 2
Henrique – Só goela. Para quem se define como Joia Rara, futebol estava mais para bijuteria. – 3.
Gustavo – Correu, tentou, mas de nada adiantou. – 5
David Batista – Expulso de forma ridícula prejudicando toda a equipe – 0
Kevem – No fogo, o jogador não comprometeu o já abalado setor defensivo azulino – 6
Mário Sérgio – Assim como Gustavo, mostrou disposição, mas pouco ajudou. – 5
Echeverría – Entrou como ala (?) e ainda assim fez mais do que Sodré no meio, o que não quer dizer muita coisa – 5
Técnico Netão – Viu sua estratégia cair por terra com um a menos, mas mexeu mal demais no segundo tempo – 3.
(Matheus Miranda/Diário do Pará)