Após o empate no Re-Pa, pelo placar de 2 a 2, o goleiro do Paysandu, Thiago Coelho, saiu do Baenão sob muitas vaias e ofensas. Até aí tudo “normal”, já que o arqueiro “atravessou” a Almirante Barroso e preferiu ser titular no Papão que reserva no Leão.
No entanto, um grupo de indivíduos praticou ainda um crime previsto por lei desde 2019, ao proferirem manifestações homofóbicas, e isso poderá ser prejudicial para o Clube do Remo.
Isto porque o Paysandu deve entrar, ainda nesta segunda-feira (4), com uma ação na justiça por conta dos ataques proferidos ao goleiro bicolor. A informação foi confirmada pelo presidente do clube, Maurício Ettinger, ao DOL.
O caso ocorreu logo após a partida, quando o jogador se direcionava para os vestiários do Estádio Banpará Baenão. Thiago foi xingado por torcedores com as seguintes palavras: “Reserva viado”, entoada várias vezes pelo público.
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É LEI E LEI SE CUMPRE, NÃO SE DISCUTE.
Desde fevereiro de 2019, o artigo 20 da Lei 7.716/2018 (crime de racismo) passou a agregar também o preconceito contra a identidade de gênero. “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” é, portanto, crime inafiançável e pode resultar em reclusão de um a três anos e multa.
Apesar dos avanços sociais, no Brasil, ainda não existe uma lei específica contra a Homofobia, por isso, a base que criminaliza atos homofóbicos é a mesma que criminaliza o racismo. Isso acontece porque o Supremo Tribunal Federal decidiu que enquanto o Congresso Nacional não edite uma lei específica para a Homofobia, as condutas homofóbicas e transfóbicas, serão enquadradas nos crimes previstos na lei 7.716/89 (Lei de Racismo).
BICOLORES E AZULINOS NÃO APRENDEM…
No ano passado, o Paysandu foi julgada e punida pela 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, por um caso de homofobia praticado por sua torcida.
Os auditores condenaram atitude da torcida bicolor durante o jogo contra o Clube do Remo, pelo jogo de ida da semifinal da Copa Verde, disputado no estádio da Curuzu. Na ocasião, a torcida se dirigiu ao atacante azulino Neto Pessoa com a “música” (dá pra chamar aquilo de “música”?) “Liga pro Zoológico”.
Por maioria de votos, o clube bicolor foi multado em R$ 10 mil. Vale lembrar que a torcida organizada já cometeu o mesmo ato, em outros episódios por ocasião do clássico Re-Pa.
JOGO DA SÉRIE A JÁ FOI PARALISADO POR OFENSAS HOMOFÓBICAS
Há um mês, no dia 4 de junho de 2022, no último minuto da partida entre Avaí e São Paulo, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis, o árbitro Anderson Daronco interrompeu o jogo após ouvir cantos homofóbicos nas arquibancadas.
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A torcida azurra gritou “gaúcho viado” depois de um lance em que a equipe teve o pedido de pênalti negado. Após os torcedores pararem de cantar, ele reiniciou o confronto.
Se você acha que isto é “mimimi” ou está incomodado ao saber disso, que bom! É exatamente este o objetivo. A lei (e lei se cumpre) visa justamente civilizar e provocar uma mudança de comportamento por parte de pessoas que ainda praticam a homofobia, expressa também em frases e cantos que parecem ser “inocentes”, mas estão longe disto. É uma mudança social, necessária e que pode impactar na sua vida e na trajetória do seu clube. Ou se muda ou haverá punições. Simples.
THIAGO FALA SOBRE O EPISÓDIO
Voltando ao novo caso de homofobia em uma torcida paraense (que não deve ser o último ainda, infelizmente), Thiago Coelho, quando ainda estava no campo, concedeu uma entrevista ao repórter Saulo Zaire, da Rádio Clube do Pará, falando sobre os gritos homofóbicos: “Você deve escutar isso. Esses cantos homofóbicos. Não tem problema. Não tenho preconceito. O clube faz campanha e escuta isso aí. Não é bom para ninguém”, finalizou.
E aí, torcedor, vai se civilizar e parar com os cantos e ofensas ou prefere ser punido ou ver seu time prejudicado? A escolha é sua.
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