Guillermo Viscarra, 30, fez de tudo para ser o “vilão” da noite em Belém do Pará. Billy, como é conhecido na Bolívia, defendeu um pênalti mal batido por Neymar, parou uma jogada espetacular do meia, evitando um “gol de placa” e ameaçou estragar a festa que estava reservada para o jogador mais querido pelo público de Belém.
O estraga-prazeres foi furado, finalmente, aos 16 minutos do segundo tempo, quando Neymar fuzilou para as redes uma bola que sobrou na área.
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“Ele me disse que eu ficarei para sempre na história dele”, contou Viscarra ao UOL, após levar o gol número 78 de Neymar com a camisa da seleção brasileira.
“A gente tinha visto, sabia que é um dos melhores batedores de pênalti do mundo. Estive concentrado desde a análise. Feliz por ter esse momento com a minha equipe”, completou, sobre defender o pênalti do Neymar.
Ele ultrapassou, assim, o número de gols marcados por Pelé em jogos oficias com a camisa da seleção – a CBF considera que o Rei do Futebol anotou 95 gols pela seleção, contando partidas que não são consideradas pela Fifa. Neymar ainda marcou o 79º, aos 48 minutos da etapa final.
“Eu não sabia disso. Foi o Neymar que me contou depois do jogo. Eu vi que ele comemorou com socos no ar, mas não sabia que havia ultrapassado a marca do Pelé. Para mim é um momento especial, pois estou realizando um sonho ao defender a seleção do meu país e ainda por cima no Brasil, onde me formei como goleiro”, admitiu.
Esta é a informação que Neymar, possivelmente, tampouco sabia. Viscarra era tenista na infância e início da adolescência, mas, a contragosto do pai, desistiu da carreira no tênis para ser goleiro. Quando tinha 15 anos, disputou um torneio em Salvador, se destacou e foi procurado pelo Vitória. Foi no clube baiano que o goleiro da Bolívia se formou. Ele passou seis anos vivendo na Bahia, chegou ao time de cima, disputou partidas do Campeonato Baiano, mas sentiu que era necessário voltar ao seu país para ter mais espaço.
Depois de peregrinar por vários clubes bolivianos e até mesmo uma passagem pelo futebol de Israel, Viscarra foi contratado pelo The Strongest, um dos grandes de La Paz, e caiu no gosto do técnico argentino Gustavo Costas, que assumiu a seleção da Bolívia há um ano.
Costas tem revezado Viscarra com Lampe, do Bolívar, um veterano que ocupou o gol da Bolívia por seis anos. Questionado pela imprensa local se manteria Viscarra no gol para a partida contra a Argentina, na semana que vem, Costas indicou que sim:
“Ele fez um grande jogo contra o Brasil, fez defesas espetaculares no primeiro tempo”.