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Gerson Nogueira destaca jogos de Leão e Papão na Série C

Comendo pelas beiradas

 

A prioridade para os corredores laterais é um dos grandes achados de Paulo Bonamigo na organização tática que o Remo adota desde sua chegada. Mais do que valorizar os jogadores encarregados das tarefas de beirada do campo, o técnico conseguiu fazer com que jogassem no nível de eficiência que a equipe precisava e que a competição exige.

Os dois lados ganharam força. Passaram a ser observados com atenção pelos adversários e interesse por clubes de outras divisões. Não por acaso, o lateral-direito Ricardo Luz foi sondado pela Ponte Preta e o ala esquerdo Marlon despertou a atenção do CRB. Os dois clubes disputam a Série B.

Méritos a quem tem. Antes de Bonamigo chegar, nenhum setor do time azulino era alvo de maior curiosidade. O Remo jogava para se defender, tomar poucos e gols e atacar quando fosse possível.

Houve gente que chegou a perceber uma singular filosofia de jogo por parte de Mazola. Setores da torcida repeliam as críticas feitas ao técnico pelo sofrimento que o Remo impunha ao seu torcedor a cada rodada.

O teimoso e ultrapassado esquema de duas linhas de marcação, praticado pelo time durante toda a gestão Mazola, foi negado raivosamente pelo próprio técnico, que preferia teorizar sobre uma movimentação de médios que a realidade não mostrava.

Com a limitação de repertório, o Remo parou de pontuar e travou na competição. Com a chegada de Bonamigo, o ataque passou a ser visto como prioridade, sem que a defesa ficasse a descoberto.

Bonamigo provou que era possível jogar com a metade dos volantes que Mazola escalava. Optou, corretamente, pelos dois melhores e mais dinâmicos: Charles e Lucas Siqueira. Para que o balanço defensivo não fosse tão impactado, ele reforçou as laterais, de maneira que Ricardo Luz e Marlon não jogassem isolados e sozinhos.

Para alcançar o ponto de segurança necessário, criou duplas de beirada. Na direita, Ricardo Luz se reveza nas subidas ao ataque com Hélio Borges, atacante de perfil impetuoso e que sabe recompor. Na esquerda, Marlon cresceu com a presença do habilidoso Wallace.

Quando Marlon e Wallace passam da linha de meio-campo, Lucas Siqueira cobre o setor. Se a situação permite, Lucas avança e junta-se ao esforço ofensivo, o que resulta em mais força pelo lado esquerdo do ataque remista.

A estratégia tem funcionado bem. Foi responsável direta pelos gols conquistados contra Manaus, PSC e Jacuipense. Não se estabeleceu contra o Ferroviário, que manteve Siloé em cima de Ricardo Luz e Gabriel Cassimiro prendendo a atenção de Marlon no campo de defesa.

Na última partida, contra o Imperatriz, as condições mais favoráveis e os dois lados brilharam intensamente. Marlon participou bastante das manobras ofensivas, com assistências em três gols e intensa presença no campo inimigo. Ricardo Luz e Hélio foram responsáveis por dois gols, o segundo (Eduardo Ramos) e o quarto (de Hélio).

É possível que os times já estejam alertados para o potencial das laterais remistas, mas o sistema deu tanto certo que precisa ser mantido e aperfeiçoado, para que propicie a abertura de caminhos rumo ao gol.

 

 

Campanha do Bragantino na Série D reabilita Cacaio

 

Em 2015, o Remo bateu na trave na Copa Verde. Venceu o Cuiabá com sobras em Belém (4 a 1), mas desabou na volta, na Arena Pantanal, caindo por 5 a 1. Cacaio era o técnico e o resultado daquela decisão fez a torcida esquecer todos os méritos dele naquela temporada: sob o seu comando, o Remo foi campeão estadual e garantiu o sonhado acesso à Série C.

Cacaio saiu do Remo e, desde então, decorridos cinco anos, não teve mais oportunidades em grandes clubes. No ano passado, iniciou um trabalho no Bragantino, como auxiliar de Robson Melo. Uma espécie de recomeço modesto para quem já tinha chegado a níveis tão altos.

Com a saída de Robson, Cacaio foi promovido ao comando técnico e iniciou a preparação para o Brasileiro da Série D com um grupo reformulado. Aos poucos, o Bragantino foi engrenando.

Exceto pela goleada sofrida na quarta rodada (4 a 1 para o Ji-Paraná), a campanha é excelente. Foram seis vitórias e dois empates. Com 20 pontos, o Tubarão lidera o Grupo 1 com aproveitamento de 74,1% e quatro pontos de vantagem para o Galvez (AC).

A classificação à segunda fase está praticamente assegurada e, a partir daí, a expectativa é de que a equipe atravesse os desafios das etapas de mata-mata até alcançar a semifinal, conquistando o acesso à Série C 2021.

O time tem respondido bem às necessidades da competição, mesmo sem ter contratado grandes reforços. A defesa é entrosada, o meio tem Paulo de Tarso e Edicléber, e no ataque Fidélis e Canga têm se destacado bastante.

Canga é um dos artilheiros da competição. Dentro e fora de casa, o Bragantino se comporta com igual segurança. Característica dos times treinados por Cacaio, a força do conjunto é um dos segredos do sucesso.

Que a grande campanha do representante bragantino sirva para restituir o prestígio a Cacaio e o reabilite como um de nossos melhores treinadores.

 

 

De saída do Papão, Vinícius Leite gera dúvidas

 

A estreia de João Brigatti no Papão, sábado, diante do Manaus, tem um aspecto que ainda não ficou resolvido, embora seja de máxima importância para a formação da equipe: o aproveitamento de Vinícius Leite, camisa 10 e um dos principais jogadores do time, está de saída. Vai defender o Avaí na Série B, atraído por uma proposta irrecusável. Só espera o término do contrato, a 10 de novembro, para se desligar do clube.

Desde que o assunto veio à baila, Vinícius tem alternado bons e maus momentos no time. Fez gol contra o Santa Cruz após uma atuação medíocre nos dois tempos. Diante do Treze, voltou a ser um jogador importante nas articulações do ataque, dando o passe que levou ao gol de Wellington Reis no primeiro minuto da partida.

A dúvida, que deve passar pela cabeça de Brigatti, é: escalar ou não um jogador que já está com a cabeça longe e que pode ter o rendimento comprometido até pelo receio de uma contusão. Talvez seja o caso de tentar achar logo uma alternativa – Mateus Anderson, Elielton ou Vítor Feijão (que nem estreou) – para a lacuna que Vinícius vai deixar.

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