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Ex-jogador do Flamengo lembra redenção com o Paysandu

Tricampeão brasileiro pelo São Paulo (2006, 2007 e 2008), o ex-zagueiro André Dias não teve uma boa experiência em sua curta passagem pelo Flamengo. Revelado no Palestra, de São Bernardo do Campo-SP, o defensor se destacou pelo Paraná Clube antes de chegar à Gávea, em 2002. Depois, veio para o Paysandu.

“Com dinheiro ou sem, as pessoas sempre vão ver [o Flamengo] como um time gigantesco. Na minha época era muito ruim em todos os aspectos: dentro de campo, fora de campo, salários… E o nosso time não era ruim: Júlio César, Fernando, André Bahia, Váldson, Alessandro, Felipe Melo, Jorginho, Athirson, Liédson e Felipe. Os treinadores foram Lula Pereira, Evaristo de Macedo e Nelsinho Baptista. Não devo ter jogado uns 15 jogos”, desabafou, ao portal da ESPN.

Com apenas 22 anos à época, o defensor chegou em um momento turbulento da história do clube rubro-negro. “A experiência de ver um monte de caras que iam para a seleção foi um choque muito grande. Eu não tinha ambiente por lá, mas não porque os caras fossem ‘malas’. Ao contrário, eles me tratavam muito bem. Só que me faltou um pouco de personalidade para mostrar o que sabia fazer. Em time grande não tem muita paciência e acabei saindo”, explicou.

André, que tinha rescindido contrato com o Paraná por causa de salários atrasados, diz que ficou vários meses sem receber no Flamengo. “Cheguei a fazer as compras do mês com R$ 50 morando na Barra da Tijuca. As pessoas achavam que eu estava milionário por estar no Flamengo. Na época daria para viver tranquilamente com a minha esposa, mas o Flamengo não pagava. Eu tinha que me virar no 30! Cheguei a ficar sete meses sem receber salários somando o período entre o Paraná e o Flamengo”, recordou-se.

Ele passou por tantas dificuldades que ficou algum tempo sem visitar o Rio de Janeiro. “Foi uma experiência tão traumática que só voltava ao Rio quando ia jogar. O Rio é a coisa mais linda, e sei que o Flamengo é gigante, mas para mim foi ruim. Tem clubes que você passa e as coisas não andam”, admitiu.

No dia em que deixou o clube rubro-negro, o zagueiro ouviu uma frase que quase o fez desistir da carreira. “Quando fui rescindir meu contrato com o Flamengo, um cara da contabilidade do clube me disse: ‘Você é novo e está fazendo uma rescisão boa. Vai fazer faculdade. Futebol não dá para você’. Eu nunca tinha visto o cara na vida e ele me jogou esse balde de água fria. Eu pensei que ele tinha razão porque nada dava certo”, contou.

André voltou para casa com a intenção de largar a carreira e estudar, mas uma conversa com a esposa mudou sua trajetória. “Ela me disse: ‘Você tá louco? Eu abandonei a minha família não só para viver teu sonho, mas para te ajudar também. Sei o quanto é difícil. Você morava na favela até esses dias’. Ela me contou toda a minha história porque eu já estava esquecendo. E resolvi tentar mais um pouco. O Abel Braga, que foi meu técnico no Paraná, estava na Ponte Preta e queria me contratar. Eu iria ganhar bem menos, mas queria jogar. O maior problema é que os salários também estavam atrasados”, contou.

REDENÇÃO NO PAPÃO

Antes de ir para Campinas, André Dias recebeu uma oferta do Paysandu, que tinha jogado a Libertadores de 2003 e pagava em dia naquela época. “Eu nunca tinha ido para Belém e não sabia muita coisa, mas tenho ótimas lembranças. Foram os cinco meses que me colocaram no futebol de novo. Tudo o que não tive no Flamengo eu tive por lá. Ganhei confiança e joguei bem. No terceiro mês, já tinha um pré-contrato assinado com o Goiás”, recordou-se.

(Com informações do Espn)

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