Horas depois de o presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, confirmar o desligamento de Zezé Perrella do clube, o agora ex-gestor de futebol concedeu uma entrevista rebatendo o mandatário e expondo outros problemas na já conturbada diretoria celeste.

Em sua versão, dada nesta quinta-feira (11), Perrella disse estar surpreso com a decisão tomada por Wagner e alegou que não voltará a exercer o cargo de presidente do Conselho Deliberativo do clube, função que ele acumulava junto à gerência de futebol desde outubro.

“Eu fiquei surpreso com a decisão porque ele [Pires de Sá] é uma biruta de aeroporto. Cada hora ele fala uma coisa. Mas ele tem direito, foi eleito para isso. Inclusive, na reunião de ontem [quarta], eu sugeri ao presidente Wagner que renunciasse. Falei: ‘Wagner, eu não quero continuar no clube, vamos convocar eleições gerais, inclusive para a presidência do Conselho, e você renuncia. Sua presença hoje não é boa para o Cruzeiro’. Ele disse que não renunciaria e, junto de outras pessoas, me convenceu a ficar. Então é uma coisa inexplicável que aconteceu”, disse.


O dirigente ocupava o cargo de presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro até terça (10), quando deixou a função sob a justificativa de que iria se dedicar exclusivamente ao departamento de futebol. Contudo, dois dias depois do anúncio, Perrella acabou desligado em definitivo da instituição.

Ele havia herdado a pasta de Itar Machado, antigo vice-presidente de futebol celeste, demitido em meio à crise política e financeira do clube, que culminou no inédito rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro. O futebol agora será chefiado por Márcio Rodrigues, conforme havia adiantado Pires de Sá.

“O Zezé deixou o clube por um pedido dele mesmo. Ele não aguentou a pressão nas redes sociais. Ele é um gestor vitorioso, foi multicampeão no clube, mas não ficará por pedido dele mesmo. Aceitamos a decisão dele e estamos nomeando outro gestor para o clube, que é o Márcio Rodrigues da Silva”, disse o presidente ao UOL Esporte na manhã desta quinta. Já o Conselho passará a ser presidido por José Dalai Rocha, ex-vice.

“Eu não volto para a presidência do Conselho porque parece que estou retaliando pelo Wagner ter me desligado. Eu não gostaria de comandar esse processo. Dalai é uma figura absolutamente equilibrada, ele vai colocar em votação o afastamento do senhor Wagner e de seus dois vice-presidentes. O Conselho que vai decidir. Se o Conselho achar que o trabalho está maravilhoso, que o Cruzeiro não tem nenhum problema, que continuem. Se entenderem que tem que sair, que saiam logo, para a paz voltar para o Cruzeiro. Eu não volto ao futebol, mas precisamos fazer isso urgente. Cara nova, que não tem desgaste. O Cruzeiro tem que ter paz”, disse Perrella.

O cartola também foi questionado sobre o futuro de Thiago Neves, afastado da equipe na reta final do Brasileiro. O meia chegou a receber o contato da diretoria para jogar o último jogo na competição, contra o Palmeiras, no Mineirão, que selou a queda, mas sua participação acabou vetada por Perrella. Agora, com a saída do dirigente, Wagner Pires já acenou com a possibilidade de o jogador voltar a atuar pelo clube em 2020.

“O Thiago Neves é um empregado do clube. Eu não respondo a ele. Ele, sim, fez o que se propôs. Ele sequer apareceu no vestiário no jogo contra o Palmeiras. Se o novo diretor de futebol quiser aproveitar, o problema é dele. Eu nunca alisei. Esse cara estava numa festa na véspera de um jogo decisivo [contra o Vasco], machucado. Ele desrespeitou o Cruzeiro”, afirmou Perrel

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