Para muitos jovens apaixonados pelo futebol, o sonho de se tornar um jogador profissional é um objetivo que permeia suas vidas desde de muito cedo. No entanto, para aqueles que trilham o árduo caminho da base até o profissionalismo, as dificuldades e os sacrifícios são elementos ligados nessa jornada.

Allan Gerson, um talentoso goleiro de 16 anos, oriundo de Vista Alegre do Pará, município de Terra Alta, e Marcelo Santos, 16 anos, habilidoso lateral direito, natural de Salvaterra, no Marajó, são exemplos vívidos dessa realidade. Ambos fazem parte das categorias de base de renomados clubes paraenses: Allan no sub-17 do Remo e Marcelo do sub-17 do Paysandu.

Para conquistar os sonhos, Allan e Marcelo precisaram deixar suas terras natais, enfrentando desafios que vão além das quatro linhas. A distância da família, a adaptação a uma nova cidade e a responsabilidade de conciliar os estudos com os treinamentos são apenas algumas das dificuldades que esses jovens atletas enfrentam diariamente.

Marcelo, por exemplo, vive sozinho. Ele acorda por volta das 6h da manhã, dedica um momento à sua oração matinal, prepara o café, organiza suas coisas e, em seguida, pega sua bicicleta em uma casa próxima para ir ao treino no campo do Boticão, localizado em Águas Lindas, Ananindeua, a cerca de 8 km de distância, o que leva em média 30 minutos de pedalada. O esforço tem um objetivo certo.



No entanto, é na superação desses obstáculos que reside a verdadeira determinação e paixão pelo futebol. Allan e Marcelo dedicam horas incansáveis nos treinos, buscando aprimorar suas habilidades e se destacar entre tantos outros aspirantes a profissionais. Quem entende de futebol, sabe que a competição é acirrada, e apenas os mais dedicados e talentosos conseguem se destacar e subir para o profissional.

Longe de casa, o desafio não é apenas no campo. A saudade da família e dos amigos pesa, tornando cada dia uma prova de resistência e fé. 




Além disso, a pressão por resultados e a constante avaliação técnica são fatores que permeiam a trajetória desses jovens atletas. A cobrança por desempenho dentro de campo é incessante, e cada partida é uma oportunidade de mostrar seu potencial e conquistar o sonho almejado.



UM ÍDOLO, A HISTÓRIA E UM EXEMPLO QUE PODERIA SER MAIS FÁCIL



Charles Guerreiro, ex-jogador e atual coordenador técnico do time de Imperatriz do Maranhão, passou por um árduo processo durante suas jornadas nas categorias de base. Antes de alcançar o auge de sua carreira profissional e ser reconhecido por grandes clubes como Ponte Preta, Guarani, Paysandu, Clube do Remo, Flamengo e até mesmo pela Seleção Brasileira, Charles enfrentou inúmeros desafios.

Ele relembra os tempos difíceis sem deixar de lembrar que nessas dificuldades até fome passava e era obrigado a faltar aulas.

“Na minha época, era necessário conciliar os estudos com os treinamentos. A gente estudava de manhã e muitas vezes faltava à última aula para pegar o ônibus, ou então íamos a pé, pois eu morava no Marex. Tinha que faltar aula para aproveitar os treinamentos. Me lembro que, naquela época, a gente vinha treinar aqui na Curuzu, chegávamos por volta do meio-dia e ficávamos esperando nossa oportunidade. Muitas vezes, chegávamos com fome e recorriamos ao senhor que vendia chope, sacolé, e coxinha. Às vezes, saíamos do Marex a pé para chegar até aqui, uma caminhada longa. Naquele tempo, não tínhamos dinheiro sempre para vir. Às vezes, falávamos com o motorista e descíamos por trás para economizar dinheiro”, contou.

Essas lembranças mostram não apenas a paixão e dedicação de Charles pelo futebol, mas também os sacrifícios e obstáculos que ele enfrentou para alcançar seus sonhos no esporte.

Esses três atletas, embora em estágios diferentes de suas carreiras, compartilham a mesma paixão e determinação. Eles representam o começo e o fim de uma jornada, o sonho e a realização, e juntos, ilustram a beleza e a dureza do futebol

Enquanto seguem em busca de um lugar ao sol nos gramados profissionais, Allan e Marcelo carregam consigo não apenas o peso das adversidades enfrentadas, mas também a certeza de que cada sacrifício vale a pena quando se trata de realizar um sonho tão grandioso quanto o de ser um jogador de futebol profissional.





Repórter: Mayra Monteiro

“Orgulhosamente paraense. Atua como repórter no DOL e assessora de comunicação do Instituto Tradição do Pará. Formada em Comunicação Social – Jornalismo pela Estácio FAP, é apaixonada por ouvir e contar histórias, assim como aprender e compartilhar experiências”.

Coordenação: Ana Paula Azevedo

“Paraense, formada em Comunicação Social – Jornalismo e mãe do baby Maurício, de 1 ano. É apaixonada por pizza e churrasco”.

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