Venezuela vive uma grave crise econômica, política, social e humanitária. A situação no país vizinho fica cada vez mais séria. Mas em meio à crise, o futebol continua no país. O Campeonato Venezuelano não para e dois times participam da Libertadores em 2019. O Deportivo Lara, no grupo do Cruzeiro, e o Zulia, no grupo do Atlético-MG.
Para os amantes do futebol, a crise na Venezuela pode ser percebida na última quinta-feira, quando o jogo entre Deportivo Lara e Emelec foi adiado devido à falta de energia no estádio. A região de Caracas, assim como outras áreas próximas, sofreram um blecaute e ficaram sem energia. Na rodada do Campeonato Venezuelano do último domingo, na partida entre Caracas e Zulia, os jogadores ficaram parados por um minuto, após o apito do árbitro, como forma de protesto, dizendo que não havia boas condições para se jogar futebol.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação neste ano pode chegar a 1.000.000%, ou seja, um produto irá aumentar de valor 10 mil vezes. A hiperinflação também atingiu o futebol. Um ingresso para o primeiro jogo do Zulia, podia ser comprado por 3 mil bolívares (R$3,40). Mesmo assim, o publico não foi grande e havia muitos espaços vazios na arquibancada. Isso ocorre devido à crise econômica, segundo dados da Universidad Catolica Andres Bello, em 2017, 87% da população da Venezuela vivia em situação de pobreza. O país já vem de 12 trimestres de recessão econômica. De 2013 a 2017, o PIB caiu 37% e segundo o FMI, a tendência é que ele continue caindo.
A pobreza e a hiperinflação tiveram um grande impacto na vida dos cidadãos venezuelanos. Os produtos básicos de higiene pessoal e alimentação passaram a ser escassos nos supermercados. Segundo a BBC, a fome fez os venezuelanos perderem 11 quilos, em média, no ano de 2018.
O número de habitantes que já deixaram a Venezuela desde 2013, quando a crise começou, é de aproximadamente três milhões. Mas quais poderiam ser os impactos da crise no futebol da América do Sul?
FECHAMENTO DAS FRONTEIRAS COM BRASIL E COLÔMBIA
No dia 21 de fevereiro, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o fechamento da fronteira com o Brasil. Segundo ele, a ajuda humanitária, que chegaria no sábado, era um plano imperialista para dar um golpe de Estado.
Juan Guaidó, opositor e autodeclarado presidente da Venezuela, organizou essa ajuda humanitária com os governos de Brasil, Colômbia e Estados Unidos. Mas Maduro acusou a ajuda de ser um plano norte-americano para tirá-lo do poder. A grande potência é a maior importadora do petróleo da Venezuela, que corresponde a quase 100% das exportações do país, mas ao mesmo tempo, aplicou uma série de sanções ao país latino, que dificultam a vida de seus cidadãos. Segundo um estudo do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG), as sanções aplicadas pelos Estados Unidos custaram à Venezuela 350 bilhões de dólares e a perda de três milhões de postos de trabalho.
O grande problema das sanções e do fechamento da fronteira para o futebol da Venezuela está na realização de competições internacionais. Deportivo Lara e Zulia estão na Libertadores e enfrentam clubes brasileiros. A Gazeta Esportiva tentou contatar os clubes sobre os jogos no Brasil e como irão cruzar a fronteira, mas não obteve resposta. Segundo a Conmebol, a partida entre Cruzeiro e Deportivo Lara está mantida para esta quarta-feira, no Mineirão, às 19h15 (de Brasília).
Nas competições locais, o futebol também sofre com a crise. Na rodada do último domingo, em confronto entre Caracas e Zulia, em Caracas, os jogadores das equipes reclamaram de falta de água e luz nos vestiários. Alegando não ter condições de se jogar futebol na Venezuela, os atletas ficaram imóveis por um minuto após o apito inicial do árbitro. A partida continuou normalmente, mas as equipes não quiseram jogar e ficaram só tocando a bola, sem criar chances de gol.
Nas redes sociais, torcedores do Deportivo Lara pediram um posicionamento do clube sobre a situação vivida no país. A partida de estreia do clube na Libertadores, com portões fechados por causa de uma punição da Conmebol, foi adiada devido a um apagão que atingiu a Venezuela e ainda não foi completamente solucionado. O clube, no entanto, segue sem se posicionar.
Fonte: Gazeta Esportiva