Campinas, SP, 05 – O primeiro jogo da seleção brasileira depois do fiasco na Copa América, no Chile, registrou mais uma vitória para o currículo de Dunga em amistosos. O 1 a 0 sobre a Costa Rica, neste sábado, na Red Bull Arena, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, foi o 11.º triunfo em 11 jogos não oficiais desde que o treinador reassumiu o cargo, há exato um ano. Nos números, uma maravilha. Mas o futebol ainda está muito longe de reacender no torcedor a esperança por dias melhores e o orgulho de ver a equipe jogar.
Mesmo contra um adversário que não atacava por princípio e não marcava bem por incompetência, o Brasil ficou a maior parte dos 90 minutos preso à ideia fixa de esperar a chance de chegar ao gol no contragolpe, por meio de lançamentos longos. A falta de talento e de peso no meio de campo, acentuada pelas limitações de dois volantes que se tornam inúteis contra um time que não ataca, faz com que a seleção não tenha volume de jogo. Quando fica com a bola, não consegue pressionar o adversário nem assustá-lo com a criação de uma sucessão de chances de gol.
Hulk, curtindo a liberdade de jogar da metade do campo para a frente, sem a obrigação de ser assistente de lateral-direito como nos tempos de Felipão, vagava sozinho pelo centro do ataque à espera de uma migalha. E cansou de dominar a bola cercado por três marcadores, sem ninguém de amarelo por perto para ajudá-lo.
Mas foi em um lance em que precisou se virar sozinho que balançou a rede. Aos 10 minutos, roubou a bola do zagueiro (com um sutil empurrão por trás que o desequilibrou) e bateu na saída do goleiro.
Poderia ter sido a senha para o Brasil se lançar em busca de mais gols, mas não foi. O mantra de Dunga é o “risco zero”. Se buscar o segundo gol gerar o perigo de levar o empate, o melhor é pisar no freio e “controlar” o jogo. E o marasmo deu o tom da partida até o fim do primeiro tempo.
O problema de não matar logo o jogo, mesmo o tendo aparentemente sob controle, é que um lance fortuito pode estragar tudo. E isso só não aconteceu porque o árbitro errou e anulou um gol legítimo de Bryan Ruiz aos 10 da segunda etapa, em um lance em que o meia foi lançado livre entre os dois zagueiros.
O Brasil continuava sem volume de jogo, mas levava perigo com as combinações entre Marcelo e Douglas Costa ou quando a Costa Rica lhe entregava a bola de presente quando tentava sair jogando.
O time só foi melhorar mesmo e apresentar um jogo mais interessante depois dos 21 minutos, quando Kaká entrou no lugar de Hulk para ser o homem mais avançado. Mais inteligente e técnico do que o jogador do Zenit St.Petersburg, ele se aproximou dos companheiros e fez com que as trocas de passes curtos e com objetividade aparecessem.
Aí, sim, o Brasil foi menos previsível e indolente com a bola. E quase chegou ao segundo gol em uma jogada que mostra bem o que Kaká pode oferecer à equipe jogando da intermediária ofensiva para a frente. Ele se projetou nas costas do zagueiro pela esquerda, foi à linha de fundo e rolou no capricho para a entrada da pequena área. Douglas Costa bateu de primeira, com o pé direito, e Pemberton salvou a Costa Rica com o pé direito.
Neymar jogou pouco mais de 10 minutos, mas sem protagonizar nenhuma jogada digna de registro. E houve tempo para a providência mostrar a Dunga que pode abrir mão de um volante em um jogo como o deste sábado – Luiz Gustavo, com cãibras, deu lugar ao meia Rafinha. Pena que foi por poucos minutos.