A má frase que geralmente marca as entrevistas do treinador João Nasser Neto após qualquer vitória do Clube do Remo é sobre sempre procurar evoluir jogo a jogo, uma vez que a memória do torcedor é curta e tudo muda rápido se não foram conquistados resultados positivos. Hoje, ao viver o momento mais turbulento desde que assumiu a comissão técnica azulina, pós-eliminação da Copa do Brasil e pisa no Re-Pa do último domingo, o raciocínio do comandante voltou à tona e, após inúmeras críticas, ontem pela manhã, alguém teve que se explicar. E foi o presidente da agremiação Fábio Bentes, quem, em entrevista coletiva, no Baenão, chamou a responsabilidade e deu o seu recado ao torcedor.

O principal tema é referente a contratações, especificamente na defesa e no meio-campo. A primeira é em virtude da ausência do capitão Mimica, líder da zaga azulina e, ao que tudo indica, não fará mais parte do Estadual, após fratura e lesão no ligamento do tornozelo direito, o que o fez passar por cirurgia ainda ontem. Com o tempo mínimo de três meses para recuperação, a defesa remista conta agora apenas com Rafael Jansen e Kevem, além de Fábio que é fruto da base. Fredson também está presente no DM.

No meio-campo, o reforço que chegará terá a incumbência de ser o articulador, função vaga no elenco. Mesmo apontando inicialmente que não fariam contratações, após a saída de Wallacer, devido à escassez no mercado, a última semana exibiu a fragilidade no grupo azulino. “Vamos contratar um zagueiro especificamente pela contusão do Mimica. Quanto ao meia, avaliamos, em um primeiro momento, que não havia a necessidade, mas depois das últimas duas partidas acreditamos ser. Sentimos falta disso no Espírito Santo. Conversamos sobre isso na sexta-feira. A minha diretoria de futebol já estava atrás dessa contratação e hoje estamos intensificando. Já temos algumas possibilidades e essa semana devemos anunciar tanto o zagueiro como o meia”, antecipou o cartola.


 Mesmo com a tranquilidade do rival em ter aproveitado a situação delicada azulina, muitos acreditam que o resultado poderia ter sido diferente se não fossem a infelicidade com Mimica e a atitude lamentável de David Batista. Fábio Bentes, aliás, disse que certas atitudes serão tomadas.

“Tivemos uma conversa séria, primeiro com a comissão e depois com os jogadores. Algumas providências já foram tomadas e mudanças vão acontecer na prática. No dia a dia. O momento é de juntar os cacos e recomeçar. A primeira tem que ser de comportamento”, frisou. “Estou muito chateado com isso. A torcida tem razão de estar insatisfeita, está correta. Ontem fui muito cobrado no Mangueirão e não tem problema nisso, estamos aqui para fazer diferente”.

E MAIS…

 – Embora o começo de temporada azulino tenha sido proveitoso em termos de resultado, o atual elenco ainda não tinha caído, de fato, nas graças do torcedor. E a desconfiança só aumentou após uma série de erros gritantes apresentadas nas duas partidas que terminaram em derrotas – Serra por 1 a 0, e Paysandu por 3 a 0. Contra o rival, por exemplo, a maioria dos jogadores estava visivelmente pilhada pela eliminação da Copa do Brasil, ao tentar a todo custo dar uma resposta satisfatória frente à torcida no Mangueirão. Só que tudo ocorreu de forma contrária.

 – Apáticos em campo, os atletas demonstraram a mesma desanimação pós-clássico, pela pisa sofrida. Abalados, os profissionais, contudo, afirmaram que o grupo tem poder de reação para reverter o momento. “Todo mundo se sacrificou para que o resultado fosse diferente. Temos a responsabilidade para que isso não aconteça mais. Nós perdemos hoje, mas amanhã temos a chance de ganhar. Dia a dia nós treinamos e vamos usar isso como experiência para voltarmos mais forte nas competições”, disse o zagueiro Rafael Jansen.

(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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