Ícone do site Rádio Clube do Pará

Coluna de Gerson Nogueira destaca o mercado aberto para Remo e Paysandu

Reforçar, sim, mas com moderação

Aumenta a movimentação dos clubes, a 10 dias da reabertura do Campeonato Estadual, e os reforços começam a ser anunciados com a celeridade que muitas vezes traduz afobação. Que não seja o caso da dupla Re-Pa, principalmente, e dos demais clubes que estão investindo em contratações. O custo de fortalecer os times na maioria das vezes é desproporcional ao nível de retorno apresentado em campo. Gasta-se muito para pouco resultado.

O PSC trouxe mais um atacante, Mateus Anderson, que estava na Ponte Preta e teve passagem elogiada pelo futebol goiano. É jogador de beirada, como Erik Bessa, o primeiro reforço anunciado pelo clube depois da volta aos treinamentos. Hélio dos Anjos quer, claramente, abrir o leque de opções para o ataque.

Dependente em excesso de Nicolas, centroavante e faz-tudo do time, o técnico aposta em alternativas que permitam ao PSC explorar o contra-ataque e a chegada pelos lados. Antes da dupla de novatos, o Papão tinha Elielton e Uilliam para as investidas pelas pontas, sem que nenhum tenha atendido às expectativas do treinador.

O Remo anunciou no sábado pela manhã o sexto reforço após a retomada dos treinos. É Gilberto Alemão, zagueiro de 30 anos com larga experiência em clubes medianos do interior paulista e com atuação também no futebol paranaense. Tem perfil de capitão e faz o estilo xerife, tão ao gosto dos técnicos.

Sua contratação servirá para recompor o grupo de zagueiros do time, desfalcado com a saída de Rafael Jansen, a contusão de Kevem e a suspensão de Fredson. Alemão chega com status de titular, devendo formar dupla com Mimica já na reestreia no Parazão contra o Águia, no dia 2 de agosto, no Baenão.

É provável que vários dos nomes contratos recentemente pelo clube possam estar aptos para o Parazão, até como forma de preparação e busca de entrosamento para a Série C, que começa no dia 9 de agosto. Lucas, Julio Rusch, Zé Carlos e Everton Silva já deverão estar aptos a serem escalados para os primeiros dois jogos do Estadual.

Os clubes do interior também se reforçam. O Castanhal segue o exemplo remista e traz cinco novos atletas, de goleiro a atacante. O desembolso é seguramente inferior ao do Remo quanto a salários, mas não deixa de ser uma ousadia em tempos de crise.

As demais equipes interioranas que ainda têm chance no Estadual e competições nacionais a disputar – casos de Paragominas, Águia, Bragantino e Independente – mostram-se mais contidas. E estão certas, porque no mundo dos negócios em que o futebol se transformou cautela é um ativo cada vez mais valorizado.

Jesus volta à Lisboa deixando um rastro de incertezas

A lista é extensa e aumenta a todo instante. Já citaram Leonardo Jardim, Marcelo Bielsa, Mauricio Pochettino, Domènec Torrent, Marcelo Gallardo, Marco Silva e até Jorge Sampaoli, hoje no Galo.

O lugar vago com o retorno de Jorge Jesus a Portugal ainda não tem ocupante e o clube já procura um nome com perfil parecido. Tarefa dificílima. O treinador lusitano cravou seu nome no Flamengo com o melhor desempenho já visto na era moderna. Sai por cima, ostentando o status de astro de primeira grandeza e de ídolo da torcida rubro-negra.

Especulações pipocam a todo instante e, a princípio, nenhum dos nomes deve ser contratado. Por circunstâncias e razões diversas. Bielsa está bem no Leeds United, da Inglaterra. Leonardo Jardim já mandou dizer que não tem interesse. Sampaoli não sai do Atlético.

Marco Silva está sem clube, mas no próprio Flamengo há oposição ao seu nome. Pochettino, também livre desde que foi dispensado pelo Tottenham, não parece disposto a deixar o rico filão europeu. Torrent, ex-auxiliar de Pep Guardiola no Bayern e no Barça, parece acima do limite financeiro do Flamengo. Gallardo só troca o River por um clube europeu.

Apesar do excepcional progresso do Flamengo, há dois anos com as finanças saneadas e aparentando solidez administrativa, aventuras na América do Sul ainda são olhadas com extrema desconfiança por profissionais europeus. A passagem bem-sucedida de Jesus por aqui talvez ajude a quebrar essa cisma, mas o preconceito ainda existe.

É preciso considerar também que Jesus se submeteu a ganhar bem abaixo do que os técnicos do Velho Continente faturam porque estava em baixa, sem clube e sem perspectivas. Só após conquistas importantes em 2019 teve peito de exigir (e levar) um reajuste salarial de quase 100%.

Pelas condições de mercado e aceitação de seu trabalho, o espanhol Miguel Ángel Ramirez, do Independiente Del Valle (Equador), parece reunir mais chances de um entendimento com a diretoria do Flamengo.

Curiosamente, segundo fontes rubro-negras, a idade de Ramirez (35 anos) o desfavorece no rol dos candidatos. A rejeição deriva da experiência feliz com um técnico veterano e passado na casca do alho como Jesus (65 anos).

A única certeza neste momento é de que o futuro treinador não terá CPF brasileiro. O Flamengo aprendeu definitivamente com o Mister que a mão-de-obra brasileira no segmento de técnicos é de terceira categoria.

A arte da violência absoluta não gera encanto

Aos que perguntam por comentários sobre MMA (artes marciais mistas, em inglês) ou UFC (Ultimate Fighting Championship) na coluna, reafirmo a primazia absoluta das análises de natureza esportiva. Lutas que permitem ampla gama de técnicas, aceitando golpes com punhos, pés, cotovelos e joelhos, além de recursos de imobilização (alavancas), endossam o culto à violência pela violência.

O vale-tudo não me apetece. Prefiro talento e habilidade. Há quem curta e aplauda, afinal há gosto para praticamente tudo. Por não apreciar, não acompanho. Por não acompanhar, evito comentar. Até o boxe, de regras mais firmes, deixou de me interessar como esporte a partir da aposentadoria de estilistas, como Muhammad Ali, Larry Holmes, Sugar Ray Leonard e Júlio Cesar Cháve

Sair da versão mobile