A pandemia da Covid-19 já mexeu com a rotina do brasileiro. Trabalho, diversão, tudo têm dado espaço maior para os cuidados com a saúde. A ordem é se resguardar e permanecer em casa a maior parte do tempo. No futebol, o Campeonato Paraense foi suspenso, retomado e, na quinta-feira, finalmente colocado em suspensão por tempo indeterminado. Os clubes que têm o calendário cheio não sabem quando voltarão a campo. Quem tem apenas o Parazão pela frente, não sabe nem se jogará mais uma vez em 2020.

Paysandu e Clube do Remo possuem estruturas melhores, além da perspectiva da disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, que garante um calendário quase até o fim do ano – se tiver campeonato. Mas, os demais terão dificuldades bem maiores. Bragantino e Independente estão na Série D, mas a competição não é das mais lucrativas, sem falar que a caminhada pode durar apenas um mata-mata, na pior das hipóteses.

O Papão liberou os jogadores de atividades na Curuzu, mas cada um deles recebeu um programa de treinamentos para se manter ativo em casa. “Os treinamentos serão controlados por aplicativo, fotos e vídeos. Será disponibilizado diariamente no grupo dos atletas via WhatsApp. Também vamos realizar vídeos e fotos pra explicar os treinos e exercícios para que não haja dúvida”, explicou o preparador físico bicolor, André Ferreira. “Eu estou disponível no grupo dos atletas e em contato com eles 24 horas para que qualquer dúvida seja esclarecida. Esperamos que isso acabe logo para voltarmos a realizar as atividades dentro do clube”, completou.

No Baenão, as medidas de segurança também foram tomadas. “As categorias de base e futebol feminino foram liberadas até passar essa fase mais crítica. Os atletas estão sob cuidado”, informou o chefe do Departamento Médico do Remo, Jean Klay. O técnico Mazola Júnior, em entrevista coletiva no clube, deu um recado bem a seu estilo. “Aqui muita gente acha que quarentena é férias. Não é drama, não é sensacionalismo. Temos que encarar com muita seriedade isso. Temos que conscientizar todo mundo”.


Carajás já não acredita em retorno do Parazão

Os demais clubes, os do interior do estado e mais o Carajás, do distrito de Outeiro, deram de folga ao elenco ou simplesmente acertaram as contas e todos foram embora. É justamente o Pica-Pau quem se encontra nessa situação mais drástica. De acordo com o presidente e mantenedor do clube, Luiz Omar Pinheiro, o Carajás já vinha num processo de diminuição do elenco em face do rebaixamento.

“No Carajás, todos tinham contrato de quatro meses. Havia essa precaução, inclusive, para uma possível classificação para a fase seguinte. Com o rebaixamento, eu já vinha procurando negociar com os jogadores e muitos já haviam assinado rescisão. O elenco contava com apenas 13 jogadores. Nessas últimas rodadas, completaríamos o grupo com atletas do sub-20”, disse. “Fiz acordo com todos os jogadores e isso só foi possível porque o Carajás é um clube que se planeja, sem dívidas”, completou Luiz Omar.

Com o elenco todo com contratos findados, o Carajás não tem mais time para o restante do Parazão. Mas, isso pode não ser um problema dos maiores. Luiz Omar garante não acreditar que o Campeonato Paraense retorne, daí a despreocupação em manter um grupo que possa voltar. “Sinceramente, não acredito que o campeonato volte. Essa pandemia deve demorar pelo menos mais dois meses, no mínimo. Então, já vai terminar o semestre, tem as competições nacionais e pouco tempo para organizar”.

Período marcado pela indefinição

Clubes como Castanhal e Tapajós estão apreensivos com o futuro da competição.
Clubes como Castanhal e Tapajós estão apreensivos com o futuro da competição. Ascom/Castanhal

 

Os demais clubes paraenses têm mantido sua base, mesmo com os jogadores liberados dos treinamentos. Terceiro colocado na competição estadual e candidato a ir para as semifinais, o Castanhal mandou todos seus jogadores para casa com orientações bem específicas. Quem ficou em Castanhal e nos municípios vizinhos recebeu orientações, inclusive para procurar o clube ou uma clínica cadastrada em caso de sentir alguns sintomas.

De acordo com o presidente Hélio Paes Júnior, na sexta-feira de manhã houve uma última reunião com o elenco para que todos fossem liberados. “Os jogadores receberam orientações para treinos individuais para se manterem, na medida do possível”, comentou o presidente. Para Helinho, uma boa saída nesse momento seria a CBF acatar uma sugestão de clubes de Norte a Sul, de que liberasse contratos com jogadores por menos de três meses, o período mínimo permitido pela legislação nacional. “Seria uma medida interessante. É um momento de ajustes e os clubes precisam dessa ajuda”.

Em Santarém, o Tapajós também liberou seus jogadores. Mas com a diferença de que o Boto tem contrato de longo tempo com a maioria do elenco. Ainda assim, paira a preocupação quanto ao prosseguimento do campeonato. “O Tapajós tem 90% de seu elenco com contratos mais longos. Com as verbas de patrocínio do campeonato, a gente consegue se manter. Mas é lógico que se essa suspensão demorar demais aí teremos problemas”, explicou o presidente Sandiclei Monte.

O dirigente preferiu não projetar nada quanto ao tempo de suspensão ou a possibilidade de não haver mais o Estadual esse ano. Para ele, o momento é de respirar fundo e analisar o que vai acontecer. “É uma situação diferente, então é o momento de todos se entenderem. Vamos esperar esses 15 dias (referência ao decreto estadual que suspendeu eventos com mais de 500 pessoas nesse período). Tudo o que for falado agora pode parecer precipitado mais adiante

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