Não raro, nas duas procissões mais tradicionais do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Trasladação e a procissão do Círio no segundo domingo de outubro, é possível ver entre os vários promesseiros objetos que remetem aos times de futebol locais, em especial Clube do Remo e Paysandu. Em anos de dificuldades, esses objetos costumam aumentar, sempre pendendo de um lado para o outro. O acesso azulino para a Série B, do jeito que foi, saindo de uma situação muito complicada até a glória de deixar a terceira divisão, deve incrementar a quantidade de azul-marinho pelas ruas entre a Basílica e a Igreja da Sé.

Aos 23 anos, o universitário Alexandre Vilhena tem experiência de acompanhar o Círio na corda, espaço de enorme sacrifício de confirmação da fé, mas nunca havia feito isso nas duas procissões. Em 2024 ele está acertado neste sábado à noite e no domingo de manhã. O objetivo é pagar uma promessa que recebeu bem mais de Maria. “Já tinha feito uma promessa e paguei por ela. Dessa vez foi necessário porque eu sabia que era uma situação muito difícil”, disse. “Acho que vai virar um costume, uma provação de fé todos os anos. Essa vivência em relação ao Remo, me salvou de muitas coisas. A gente acaba conhecendo pessoas que te ajudam. Parece que a gente está perdido, em situações difíceis, a gente acha que tudo é o fim, mas sempre aparecem as amizades, e o próprio Remo, e salva a gente de pensamentos ruins”, completou Alexandre.

Ele conta que fez a promessa na volta de São Luís (MA), após a vitória de 2 a 1 sobre o Sampaio Corrêa-MA, num jogo dramático. O pedido foi por uma melhora, nem foi necessariamente pelo acesso. Mas, de fato, o Remo melhorou. “O Remo estava muito ruim, perto da zona do rebaixamento, horrível. Aí eu fiz essa promessa que se o Remo saísse da situação eu ia pagar promessa na corda nos dois dias”, disse Alexandre.

DE JOELHOS

No jogo que garantiu o acesso para a Série B 2025, a vitória de 1 a 0 sobre o São Bernardo-SP, dia 29 de setembro, a torcida remista montou um mosaico com a imagem de Leão Azul segurando a berlinda de Nossa Senhora de Nazaré. A catarse de metade do Pará até hoje tem festa. No Mangueirão, após o apito final, em um ato de agradecimento pela conquista do objetivo, o vice-presidente do Leão Azul, Glauber Gonçalves, atravessou de joelhos o gramado do Mangueirão. A ação foi o pagamento de uma promessa.


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“Sou muito devoto de Nossa Senhora de Nazaré, fui na corda pra agradecer sempre por 23 anos, a fé que tenho por ela me emociona só de falar”, lembra o dirigente. “Minha esposa, vendo o que eu passei o ano inteiro, fez uma promessa para Nossa Senhora de Nazaré no jogo do Remo contra o Volta Redonda-RJ. Prometendo que se o Remo conseguisse o acesso no domingo contra o São Bernardo, eu atravessaria de joelho o gramado, como agradecimento à graça alcançada”.

Gonçalves afirma que a devoção à Mãe dos paraenses é algo que permeia seu dia a dia, exacerbada como em todos nós em tempos de Círio. “Tenho uma imagem dela em casa, no meu carro, na minha empresa, na casa da minha mãe, e em todo lugar que eu passo eu sinto nossa senhora, e sempre me benzo pra ela me proteger de todos os males. Pra mim, ela é tudo, é a imagem de minha mãe”.

“Mais do que nunca a Nazinha virou minha intercessora”

O zagueiro Rafael Castro foi um dos últimos a chegar ao Baenão. Ele deixou o Treze-PB, que nadava de braçadas na Série D, para vir para o Remo, que lutava contra o rebaixamento na Série C. O fim da história é conhecido, com o Leão Azul conquistando o acesso e o Galo da Borborema ficando pelo caminho. No dia seguinte ao jogo com o São Bernardo-SP, após garantir a subida, o jogador paulistano foi à Basílica de Nazaré subir de joelho as escadarias da igreja. Foi a primeira de algumas promessas que ele pretende pagar. Neste final de semana ele estará nas ruas do centro de Belém ao lado de mais de um milhão de pessoas. Ele conta a seguir, em uma breve entrevista, sobre sua relação com a padroeira dos paraenses e sobre os planos de ver de perto a procissão.

P Como surgiu tua devoção a Nossa Senhora de Nazaré?R “Surgiu desde o final de 2020 em uma vinda minha a Belém junto a minha esposa. Foi a primeira vez que conheci a Basílica, tinha acompanhado o acesso do Remo e a festa que a torcida fez mesmo na pandemia me comoveu bastante. Por ser criado nas categorias de base do Corinthians me identifiquei com a torcida do Remo e o pedido que fiz indo à Basílica foi de ter a oportunidade de jogar aqui, mas que quando viesse a acontecer não fosse apenas uma passagem, não ser mais um e sim poder escrever minha história no Clube do Remo”.P A tua promessa foi sobre o acesso ou tens mais outras?R “Chegando em Belém fui a Basílica agradecer pela oportunidade e como havia pedido para fazer história aqui no Remo, prometi que se o acesso viesse eu subiria as escadas de joelho, ficaria para acompanhar o Círio e tem mais uma promessa que se acontecer em breve vocês irão ficar sabendo”.P Vais conseguir acompanhar ou assistir o Círio deste domingo? Se sim, será a primeira vez? O que imaginas desse momento?R “Sim, vou ficar com minha família para acompanhar o Círio. Vai ser a primeira vez que vamos ter a oportunidade de estar presente na maior procissão católica do mundo e tenho certeza que vai ser um momento marcante, muito emocionante no qual vou levar para o resto da minha vida. Vai passar um filme na minha cabeça juntamente com o pedido que fiz em 2020 e quatro anos depois tudo aconteceu. Então, mostra que temos que ter fé e acreditar naquilo que pedimos e almejamos, às vezes pode demorar, às vezes não é no tempo que queremos, mas é no tempo de Deus e, mais do que nunca agora, a Nazinha virou minha intercessora”.

E MAIS…

REFORMULAÇÃO

Um dia depois de confirmar as saídas do goleiro Victor Lube e do volante Adsson, nesta sexta-feira (11) o Leão Azul anunciou mais dois jogadores que acertaram as saídas. “O Clube do Remo informa que o lateral-esquerdo Hélder Santos e o volante João Afonso acertaram todos os detalhes e assinaram a rescisão contratual nesta sexta-feira. O Remo agradece aos atletas pelos serviços prestados e deseja sucesso nas carreiras”. Antes, o volante Bruno Silva também já havia deixado o Baenão, tendo sido anunciado como novo contratado pelo Rio Branco-ES.

João Afonso foi contratado em março e chegou como titular no Remo, mas aos poucos foi perdendo espaço. Com a camisa azulina, foram 13 partidas no Campeonato Brasileiro, quase todas atuando como zagueiro, sem nenhum gol e com uma assistência. Hélder Santos chegou antes ao clube, em abril, e teve menos chances ainda. Foram apenas seis jogos na Série C, logo após sua chegada. Depois que saiu do time não teve mais oportunidades.

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