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CBF lança sistema de sustentabilidade com Fair Play Financeiro

A CBF anunciou nesta quarta-feira, durante o Summit CBF Academy, em São Paulo, seu sistema de Fair Play Financeiro, batizado de Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que será implementado gradualmente a partir de 2026. O modelo, inspirado em padrões internacionais, mas com algumas adaptações, visa um futebol mais sustentável, estabelecendo limites para dívidas, gastos com elenco e equilíbrio operacional.

A ideia é clara: evitar que a maioria dos clubes continue gastando mais do que arrecada. O SSF será fiscalizado por uma agência independente, a Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF), três vezes ao ano: 31 de março, 31 de julho e 31 de novembro.

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A ANRESF será composta por Caio Cordeiro de Resende, Cesar Grafietti, Marcelo Doval Mendes, Pedro Henrique Martins de Araújo Filho, Vantuil Gonçalves Júnior, Igor Mauler Santiago e José Fausto Moreira Filho, profissionais que se destacam nas áreas financeiras e jurídicas.

“Nosso fair play financeiro foi construído a várias mãos, com muito diálogo, olhando para o que foi feito lá fora e com participação ativa dos clubes e federações para a elaboração de um modelo que atendesse às necessidades do nosso futebol. Como eu disse no lançamento do GT: queremos construir um sistema financeiro sustentável para o futebol brasileiro, controlando gastos, reduzindo dívidas e criando um ambiente saudável para o esporte que tanto amamos. Nosso sistema de sustentabilidade financeira não será apenas uma medida administrativa, mas uma ferramenta de justiça, de equilíbrio e de proteção ao futebol. Ele vai garantir que os clubes possam competir em condições mais justas, que os atletas recebam seus salários em dia, que os torcedores tenham confiança em seus times e que o futebol cresça com responsabilidade”, disse o presidente da CBF, Samir Xaud.

Os quatro pilares

Os quatro pilares nos quais o Sistema de Sutentabilidade Financeira do futebol brasileiro se baseia são: controle de dívidas em atraso, equilíbrio operacional, controle de custos com elenco e capacidade de endividamento de curto prazo. Os pontos também fazem parte do sistema de fair play financeiro das principais ligas do mundo, como Campeonato Inglês, Francês e Espanhol, além da própria UEFA, que entidade que regula o futebol europeu.

Apesar da inspiração no modelo que é praticado no Velho Continente, a CBF promoveu algumas adaptações no SSF, como a ausência de limites para aportes de capital, já que o atual momento do futebol brasileiro vem sendo marcado cada vez mais pela presença de investidores estrangeiros e implantação de SAFs. Desta forma, não importa se o clube terá uma boa saúde financeira porque gera receitas suficientes para pagar seus custos ou porque conta com aporte de capital de seu proprietário ou de seus investidores.

“A flexibilidade em relação aos aportes de capital, desde que transparentes e dentro das regras, assegura que o sistema de sustentabilidade não se torne um limitador para o desenvolvimento do futebol. A criação da ANRESF (Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol) é um elemento essencial que demonstra o compromisso claro da CBF em implementar o modelo com seriedade. Sua função é garantir a aplicação técnica e independente das regras, o que confere a credibilidade necessária para que este modelo funcione a curto, médio e longo prazo”, afirmou o diretor da CBF Academy, Caio Resende.

Dívidas

Os clubes que possuem dívidas anteriores a 2026 devem regularizá-las até 30 de novembro de 2026. Débitos assumidos a partir de 1º de janeiro de 2026 estarão sujeitos às novas regras, que preveem que jogadores e equipes podem denunciar a falta de pagamento ao órgão regulador.

Equilíbrio operacional

Em relação a esse pilar, a regra estabelece que todos os clubes têm de fechar o ano com superávit, ou seja, a diferença entre receita e despesas deve ser superior a 0. A avaliação das equipes será feita, como já citado três vezes por ano, e se um determinado clube apresentar déficit, haverá um monitoramento, e os cálculos da avaliação serão resultado da soma dos três últimos exercícios.

O déficit máximo para os clubes da Série A é de R$ 30 milhões ou 2,5% das receitas. Para os time das Série B, R$ 10 milhões ou 2,5% das receitas. Não haverá limite para quitação das dívidas via aporte de capital. Também não entram na conta de débito os custos com categorias de base, futebol feminino, infraestrutura, projetos sociais e esportes olímpicos.

A vigência plena desse modelo acontecerá a partir de 2028. Em 2026 e 2027, anos de transição, as violações estarão sujeitas a advertência.

Custos de elenco

O SSF prevê que o custo do elenco de cada clube deve ser inferior ou igual a 70% da soma de receitas, transferências e aportes. A partir de 2028 o custo pode chegar ao limite de 80% para equipes das Série A e B. Do ano seguinte em diante, o limite será de 70% para Série A e 80% para a B.

Endividamento de curto prazo

De acordo com o SSF, a dívida líquida de curto prazo dos clubes deve ser igual ou inferior a 45% das receitas relevantes. De 2028 a 2030 a implantação será gradual, com limite de 60% para 2028, 50% para 2029 e 45% de 2030. Antes disso, a quebra da regra acarretará em advertência.

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