Com atraso de uma semana, provocado por um inusitado erro na consulta à tábua das marés, o Campeonato Paraense define hoje à tarde os oito times que irão encarar as fases de mata-mata. As tintas mais fortes estão reservadas para os jogos entre Tuna x Caeté, Castanhal x PSC e Remo x Águia, mas doses dramáticas também envolvem os confrontos Amazônia x Independente, Paragominas x Tapajós e Bragantino x Independente.
Por ironia, a emoção entra em cena pela primeira vez no campeonato mais fraco dos últimos anos. Até o momento, após ser disputada a fase de classificação, não há um jogo sequer digno de citação como sinônimo de bom futebol. O mais próximo disso foi o movimentado segundo tempo de Remo x Tuna, pela troca de ataques e disputa acirrada.
Nem mesmo o Re-Pa da 7ª rodada entregou o que dele se esperava. Numa linguagem pugilística, faltou esquiva e intensidade nos golpes. O PSC foi bem na primeira metade, sem ser brilhante, e o Remo reagiu na parte final e a emoção só veio mesmo nos 10 minutos finais. Uma bola pequenina demais para a expectativa criada pelas torcidas.
A escolha dos melhores da primeira parte do Parazão virou tarefa das mais desafiadoras, pois poucos jogadores merecem tal distinção. Ricardinho (PSC), Joel (Caeté), Jayme (Tuna) e Ruan (Castanhal) são os que chamaram mais atenção, embora sem regularidade nas atuações.
Não há dúvida que, pelos resultados obtidos, o PSC é o time que mais se destacou, conquistando 17 pontos em sete jogos. Garantiu a classificação com imensa facilidade, embora esteja abrigado num grupo considerado desigual. A segunda melhor equipe é o surpreendente Caeté, de Josué Teixeira, que lidera o Grupo C, à frente do Remo.
Nos confrontos de hoje, aguarda-se por uma batalha equilibrada entre Tuna e Caeté, ambos disputando posição. A classificação na Copa do Brasil deve fazer da Lusa um adversário bem mais confiante hoje.
Já Remo x Águia é uma nova oportunidade para os azulinos fazerem as pazes com a torcida. A ausência de Felipe Gedoz deve levar Paulo Bonamigo a experimentar uma nova composição de meio-campo, com Anderson Uchoa, Pingo, Marco Antonio e Erick Flores.
Em Castanhal, o desespero é todo do Japiim, que precisa derrotar o líder geral do campeonato para se classificar à próxima fase. No Papão, o meia Ricardinho pode reaparecer, mas o ataque deve continuar com Henan e Marcelo Toscano.
Ataque tem última chance de salvar o Japiim
Na sexta-feira, comentei aqui a marcante atuação de Welthon, que jogou por 30 minutos na partida Castanhal x Vitória. Acabei, involuntariamente, deixando de destacar o papel de Leandro Cearense, decisivo para o bom começo do Japiim. Finalizou algumas vezes de fora da área e marcou um gol típico de centroavante, batendo forte, sem defesa para Lucas Arcanjo.
A participação de ambos deixou evidente que o Castanhal está bem servido de atacantes – além deles, o Japiim tem Ruan e Pecel. Se a classificação não veio, o ataque não pode ser responsabilizado, até porque Welthon sofreu um penal claro, não assinalado pelo árbitro.
Ao mesmo tempo, é desconcertante ver que um ataque reconhecidamente forte fez poucos gols no Estadual (apenas seis), contribuindo para a situação aperreada do time no campeonato. Diante do PSC, hoje, os atacantes têm a responsabilidade de garantir a redenção castanhalense.
Leão faz reunião extraordinária para discutir SAF
O Conselho Deliberativo do Clube do Remo convocou uma reunião extraordinária para quarta-feira, 9, 19h, a fim de analisar e discutir a lei que criou a SAF no futebol brasileiro. A preocupação é justificada. Quase todos os grandes clubes brasileiros passaram a pautar o tema diante das movimentações que envolvem Cruzeiro e Botafogo, os primeiros a adotarem o novo sistema de gestão.
A pauta única foi sugerida pelo presidente do clube, Fábio Bentes, que convidou uma empresa de consultoria especializada em SAF (Sociedade Autônoma de Futebol). Haverá uma explanação detalhada e explicações sobre o funcionamento da lei, prós e contras.
De maneira geral, os clubes que abraçaram a SAF viviam situações pré-falimentares. Tanto Cruzeiro quanto Botafogo acumularam dívidas monstruosas e não tinham margem de manobra para buscar uma recuperação. Talvez por isso mesmo, a transição para o sistema de clube-empresa foi até mais pacífica do que se imaginava.
O Vasco já está em fase adiantada de adoção do novo sistema. No Pará, por ora, a questão está no terreno das análises. Para Fábio Bentes, é necessário que os clubes se atualizem, a fim de não serem atropelados pelos fatos.
Apesar de oportuna, a movimentação em torno da SAF não significa que a adoção do novo modelo seja algo no radar do futebol paraense. Uma longa estrada ainda será percorrida até que os clubes se tornem de fato atraentes para investidores nacionais ou estrangeiros.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa a partir das 20h, na RBATV, com participações de Valmir Rodrigues e deste escriba baionense. Em pauta, a última rodada da fase de classificação do Parazão. A edição é de Lourdes Cézar.