Enquanto aguarda em liberdade o julgamento contra sua condenação a 22 anos e três meses por assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samúdio, o goleiro Bruno voltou aos campos nesta tarde de sábado. 2.499 dias depois de sua última partida como profissional, Bruno defendeu o Boa Esporte e foi titular no empate por 1 a 1 diante do Uberaba, em jogo disputado em Varginha e válido pelo hexagonal do Módulo II do Campeonato Mineiro, equivalente à segunda divisão do estadual.
Faltando pouco mais de uma hora para o jogo, o ônibus do Boa chegou escoltado pela Polícia e não contou com nenhuma forma de protesto ou apoio. Bruno estava na penúltima poltrona e foi direto para os vestiários, em um esquema realizado especialmente para a entrada e saída de atletas. Além disso, não houve nenhuma declaração aos profissionais da imprensa, que tiveram a circulação limitada.

Nas arquibancadas, as camisas do Boa e do Flamengo, ex-clube de Bruno, prevaleceram entre os torcedores. A promoção de ingressos feita pela diretoria surtiu efeito e o público de 1.772 foi bastante superior à média de 640 pessoas por jogo na temporada. Além disso, outra novidade dentro do estádio foi a presença das placas de publicidade do grupo Góis & Silva, patrocinador que havia rompido com o Boa há um mês, mas que segue estampando sua marca também na camisa.


O contato de Bruno com o público foi positivo desde o início. Quando subiu para o aquecimento no gramado, ficou cercado por muitas crianças (algumas vestiam a camisa do goleiro) e retornou ao vestiário como único jogador a ter seu nome gritado pela torcida. Na saída de campo, acenou em agradecimento à boa receptividade. Ao fim do primeiro tempo, o cenário se repetiu. Gritos de “é o melhor goleiro do Brasil” foram ensaiados em alguns pontos e uma faixa com a mensagem “somos todos Bruno” também foi estendida.

Após ser expectador durante praticamente toda a etapa inicial, quando o Boa saiu vencedor por 1 a 0, Bruno virou protagonista no lance que gerou o empate do Uberaba. Amarelado por fazer o pênalti em Bruno Henrique, o goleiro não conseguiu evitar a batida do atacante e o gol que decretou a igualdade em seu retorno. Insatisfeito, terminou o jogo em silencio e foi direto para o vestiário.

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