Um dos preceitos básicos do jornalismo é informar a população dos fatos que ocorrem, mas também alertar sobre questões futuras e/ou contextos que devem ser melhor percebidos e refletidos.

Foi exatamente isso que ocorreu na última terça-feira (27) após a reportagem publicada pelo DOLcom a manchete “Alerta! Paysandu pode perder pontos e ser eliminado da Série C caso torcida repita cantos homofóbicos”.

O conteúdo repercutiu na capital paraense e, principalmente, resultou em uma mudança de atitude por parte da Torcida Bicolor, que é a responsável pelo cântico.

No início da tarde, poucas horas após a publicação, a “antiga” Terror Bicolor divulgou um texto bastante coerente e correto citando a reportagem e anunciando, com muito discernimento, a retirada da música de seu repertório a partir de domingo. Veja:

Vale lembrar que todas as torcidas, em especial as organizadas, que em geral “puxam” os demais torcedores e realmente movimentam a “bancada”, terão que se adequar e cumprir a lei que há alguns meses – finalmente – criminaliza a prática da homofobia, que nada mais do que uma forma de agredir e diminuir o outro que é apenas diferente do que se é.


A mesma adequação será necessária, é claro, a outras torcidas, como do Remo, principalmente a partir do ano que vem, nas competições que o clube disputará. Este ano, como resta apenas ao Leão a disputa da Copa Verde, quase nada atraente para as torcidas de nenhum clube que a disputa, talvez os cânticos de ataque à torcida do Paysandu e de outros rivais nem sejam tão ouvidos nas arquibancadas – mas já devem ser eliminados dos repertórios.

A nova postura dos bicolores é sintomática e – espera-se! – pode acabar incentivando outros torcedores a seguirem o mesmo bom exemplo. Ainda assim, há pessoas que não aceitam tal mudança e afirmam coisas como “Mimimi”, “o futebol está ficando chato!”; “daqui a pouco não se pode mais torcer”, algumas das frases ralas e sem sentido que questionam as mudanças e a lei contra homofobia. Não, caro leitor, nada disso é “mimimi” nem “chatice”. Respeitar o outro e torcer – que curioso! – pelo próprio time, o enaltecendo segue completamente “autorizado”. A própria Torcida Bicolor “dá aula” disso, lembrando que “seu lema é vibração” e incentivando o Papão a “massacrar” dentro das 4 linhas o adversário:

SEGUE EM FRENTE QUE O PAPÃO VEM QUENTE

Além da torcida comunicar a mudança de repertório, há também os preparativos para uma grande apresentação do Paysandu no próximo domingo (1º). Até o momento, em apenas dois dias, seis mil ingressos já foram vendidos e a expectativa é de lotação máxima do Mangueirão, com cerca de 35 mil pessoas para empurrar o Papão no confronto diante do Náutico.

A partida é decisiva porque o eterno Campeão dos Campeões precisa garantir vantagem para viajar pouco mais tranquilo para Recife. Vale lembrar que os últimos dois acessos do Paysandu foram “garantidos” na primeira partida do mata-mata, após enfrentar clubes melhores colocados de outra chave.

Em 2012, em Paragominas, o Papão (4º colocado no grupo A) venceu o Macaé (líder do outro grupo B) por 2 a 0 e segurou o clube do interior do Rio de Janeiro no jogo seguinte, apesar da derrota por 3 a 2.

Já em 2014, no ano do centenário, o Bicola (4º lugar na chave A) venceu o Tupi (líder disparado da chave B) por 2 a 1 no Mangueirão e depois por 1 a 0 em Juiz de Fora-MG.

Algo que lembra a situação deste ano? Pois é… Para tentar repetir ou mesmo melhorar esta “tradição”, o Papão (4º do Grupo B) deve contar com apoio massivo da torcida contra o Timbu (1º do A).

Pelas redes sociais é possível acompanhar e ver a movimentação dos torcedores para lotar o Mangueirão e mostrar que a Fiel bicolor respeita o adversário (até porque ambos são do “Lado B”), mas que vai torcer e empurrar o Papão rumo ao acesso, fundamental para o futebol paraense.

Quem duvida?

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